Para
fortalecer a produção nacional de insumos em saúde e reduzir a vulnerabilidade
do Brasil diante de um problema global de abastecimento, o Ministério da Saúde
formalizou a Parceria para o
Desenvolvimento Produtivo (PDP) de insulina glargina. O anúncio desta
quarta-feira (2), envolvendo Biomanguinhos (Fiocruz), a empresa de
biotecnologia Biomm e a farmacêutica Gan&Lee, prevê a produção e a entrega
de 20 milhões de frascos da insulina glargina para atender pacientes do SUS
com diabetes
mellitus tipos 1 e 2 ainda em 2025. A prevalência de diabetes no país
é de 10,2% da população, representando cerca de 20 milhões de pessoas.
“Cada
passo que tomamos no Ministério da Saúde é guiado pelo esforço de ampliar o
acesso da população brasileira à saúde, a medicamentos e a tecnologias
inovadoras. Esforços necessários para que a gente consiga reduzir o tempo de
espera por atendimento no SUS. Por isso escolhemos trilhar o caminho de cada
vez mais desenvolver tecnologia, transferir conhecimento, gerar
desenvolvimento, emprego e renda no nosso país”, afirmou o ministro Alexandre
Padilha, reforçando a importância da negociação com estados e municípios,
“porque é na ponta que o tratamento acontece”.
No
primeiro momento, a parceria vai garantir que os pacientes sejam atendidos com
o produto embalado no Brasil, na fábrica da Biomm, em Nova Lima (MG). Em 2024,
a planta de produção de insulina dessa fábrica foi inaugurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
marcando a retomada da produção do hormônio no país por uma empresa nacional
depois de duas décadas. A fábrica tem capacidade de suprir a demanda nacional
por insulina e favorecer o acesso dos pacientes ao tratamento.
A partir da PDP assinada nesta quarta-feira (2), o Ministério da Saúde dá um passo além: garante a transferência da tecnologia – atualmente da farmacêutica chinesa Gan&Lee – para o Brasil, por meio de Biomanguinhos (Fiocruz), para que o produto passe a ser 100% nacional, reduzindo a dependência externa e fortalecendo o sistema de saúde brasileiro. Nesse cenário, o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) dessa insulina será produzido integralmente na planta da Fiocruz em Eusébio (CE), a primeira planta produtiva de insulina da América Latina, que será construída com recursos do Novo PAC. O investimento ultrapassa R$ 930 milhões do Governo Federal para assegurar uma cadeia produtiva completa para o abastecimento do SUS.
A
nova fábrica da Fiocruz no Ceará é um passo fundamental dentro do Complexo
Econômico-Industrial da Saúde, uma vez que o estado não é considerado
polo farmacêutico. Isso significa incentivo ao desenvolvimento na região
Nordeste e auxílio garantido para mitigar um dos maiores problemas históricos
de abastecimento no SUS. Ao final do projeto, em até 10 anos, a produção poderá
atingir 70 milhões de unidades anuais, atendendo à necessidade da população
brasileira por insulina glargina.
“Esse
avanço garante acesso à saúde, porque cada vez mais sabemos o quanto produzir
no próprio país dá segurança e soberania para a população. O acordo que
firmamos hoje é um dos primeiros marcos desse futuro compartilhado entre Brasil
e China, que tem sido trabalhado pelo governo do presidente Lula. Esse passo já
traz a sustentabilidade necessária ao projeto, e também reforça o que temos
planejado a médio e longo prazo até 2033, com o nosso IFA cem por cento
nacional”, defendeu Padilha.
Segundo
Rosane Cuber, diretora-adjunta de Biomanguinhos, a missão da Fiocruz é garantir
acesso a medicamentos de qualidade para o SUS. “Temos longa trajetória de
Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo e de transferência de tecnologias.
Essa vai ser mais uma parceria de grande sucesso, vamos internalizar essa
novidade dentro do prazo determinado e beneficiar milhões de pessoas”,
declarou.
O SUS garante
tratamento integral a pessoas com diabetes e já fornece gratuitamente quatro
tipos de insulinas: insulinas humanas NPH e regular e insulinas análogas de
ação rápida e prolongada, além de medicamentos orais e injetável para diabetes
mellitus. Para ampliar o uso da insulina para pacientes com diabetes tipo 2, em
novembro de 2024, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(Conitec) recomendou a incorporação de insulinas análogas de ação rápida e
prolongada também para pacientes com diabetes mellitus tipo 2.
Fonte _ Saúde.gov