Imunizante
entra na vacinação de rotina para crianças de seis meses a menores de 6 anos,
gestantes e pessoas com 60 anos ou mais
Em
2025, a vacina da gripe passa a fazer parte do Calendário Nacional de Vacinação
de rotina para crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e pessoas com
60 anos ou mais. Isso significa que o imunizante estará disponível ao longo de
todo o ano nas unidades básicas de saúde, não somente durante as campanhas
sazonais para estes públicos.
Os
demais grupos prioritários, como profissionais da saúde, professores,
integrantes das forças de segurança, população privada de liberdade e pessoas
com doenças crônicas ou deficiências, continuarão recebendo a vacina anualmente
durante as campanhas sazonais e em estratégias especiais.
A
vacinação contra influenza 2025 começará em 7/4 nas regiões Nordeste,
Centro-Oeste, Sul e Sudeste, conforme a Estratégia de Vacinação contra a
Influenza do Ministério da Saúde, com dia “D” de mobilização sugerido para 10/5
para os municípios que optarem por fazer. O estado de São Paulo antecipou
o início da campanha para 28/3, com o envio de 1 milhão de doses aos 645
municípios paulistas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
(SES-SP). Na campanha de São Paulo, a imunização terá início pelos grupos
prioritários, que incluem pessoas com 60 anos ou mais, crianças de 6 meses a
menores de 6 anos, gestantes, puérperas e pessoas com doenças crônicas.
O
Ministério da Saúde recomenda que estados e municípios iniciem a estratégia
assim que receberam as doses do imunizante. Por isso, algumas cidades já
começaram suas campanhas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. A
vacinação contra influenza nos estados do Norte será feita entre outubro e
novembro, antes do início do inverno amazônico, que ocorre em dezembro e
janeiro.
O
Instituto Butantan fornecerá as 80 milhões de doses da vacina para a campanha
de 2025 do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.
O Portal
do Butantan conversou com a gerente de Farmacovigilância do Butantan e
diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Mayra Moura, que
esclareceu algumas questões que envolvem a inclusão da vacina contra a gripe na
rotina do Calendário Nacional de Vacinação.
1
- Por que a vacina Influenza entrou no Calendário Nacional de Vacinação como
rotina somente agora?
A
estratégia leva em conta a queda na cobertura vacinal do imunizante ao longo
dos últimos anos – em 2024 foi de 54%, bem abaixo da meta de 90% – e
a elevação dos casos de gripe fora do período de sazonalidade. Embora o vírus
influenza ainda se espalhe mais entre os meses de outono e inverno, mais frios
e afeitos a aglomerações em locais fechados, há um aumento dos casos em outros
períodos, tornando importante ter a vacina à disposição ao longo do ano. Com a
baixa adesão às campanhas sazonais, passa a ser estratégico oferecer a
vacinação de rotina permanentemente – isso contribui para que mais pessoas
tomem a vacina, especialmente as crianças, gestantes e pessoas acima de 60
anos, os grupos considerados mais vulneráveis.
2
- Por que somente certos grupos vão ter acesso à vacina o ano todo?
A
vacinação anual é fundamental para manter a proteção de todos, em especial dos
indivíduos mais vulneráveis. Idosos, gestantes, crianças de 6 meses a 5 anos e
pessoas com doenças crônicas têm um risco muito maior de hospitalização,
internação e óbito por influenza. E isso se aplica tanto a quem tomou a vacina
normalmente na campanha de 2024, quanto a quem não tomou ou atrasou a dose:
todos devem buscar os postos de saúde para receber uma nova dose do imunizante
em 2025.
No
inverno de 2024, o vírus influenza foi um dos principais responsáveis pelos
óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que se concentrou entre os
idosos e os menores de 2 anos. Ao todo, em 2024, foram notificados 5.325 mortes
com positividade para vírus respiratórios, sendo 30% de influenza, de acordo
com o Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
3
- Com a vacina da gripe disponível ao longo do ano, posso tomá-la em qualquer
momento?
Apesar
da vacina da gripe estar disponível nas unidades de saúde o ano inteiro para
certos grupos prioritários, é importante manter a vacinação no período
que antecede o inverno, quando os casos de gripe aumentam. Essa época
corresponde aos meses entre junho e agosto nas regiões Nordeste, Centro-Oeste,
Sul e Sudeste, e a partir de outubro nos estados da região Norte do Brasil.
Quando
se deixa de tomar a vacina depois da janela de risco, o benefício é reduzido.
Porém, o importante é tomar assim que possível e voltar ao posto todos os anos
para receber a dose atualizada.
4
- Tenho que tomar as duas doses ou com uma dose já há proteção?
Deve
ser considerado o esquema de duas doses para as crianças de 6 meses a menores
de 9 anos de idade que serão vacinadas pela primeira vez, devendo-se agendar a
segunda dose para 30 dias após a primeira dose. As gestantes precisam ser
vacinadas com a uma dose em qualquer idade gestacional – para receber a dose,
basta informar estar grávida. As pessoas com 60 anos ou mais deverão receber a
vacina em dose única mediante apresentação de documento que comprove a
idade.
Em
média, cada indivíduo leva duas semanas após a aplicação da dose para atingir
uma produção suficiente de anticorpos neutralizantes. Por isso, é fundamental
completar o esquema vacinal – seja com as duas doses para crianças abaixo de 9
anos, ou com uma.
5
- Por que tenho que tomar a vacina da gripe todos os anos?
A
imunização deve ser repetida todos os anos porque o vírus Influenza tem uma
alta capacidade de mutação, exigindo que a vacina seja atualizada anualmente
com as cepas mais comuns que circulam em cada hemisfério. Até hoje, quatro
tipos de influenza já foram detectados: o A e B, responsáveis pelas epidemias
sazonais e, por isso, presentes na vacina trivalente do Butantan; o C, que não
causa doença de importância epidemiológica; e o D, identificado apenas em
bovinos.
A
vacina da campanha de 2025 será composta pelas cepas de influenza A/Victoria
(H1N1), A/Croácia (H3N2) e B/Áustria (linhagem Victoria), de acordo com determinação da Organização Mundial da Saúde
(OMS). A formulação é reavaliada semestralmente (em fevereiro no Hemisfério
Norte e em setembro no Hemisfério Sul) para tentar garantir que os vírus
incluídos na vacina correspondam aos mais circulantes, ou seja, que têm maior
probabilidade de causar epidemias futuras.
A
gripe pode provocar uma série de complicações, principalmente entre indivíduos
dos grupos prioritários, sendo a pneumonia responsável pela maioria das
internações por influenza, de acordo com o Ministério da Saúde. E pode causar outros problemas
como sinusite, otite, desidratação e piora das doenças crônicas. Manter a
vacinação em dia é a única forma de evitar que uma eventual infecção evolua
para um quadro mais grave.
6
- Por que a vacinação de influenza é diferente na região Norte do país?
A
vigilância da doença nos últimos anos tem mostrado que a região Norte apresenta um número considerável de casos de
influenza logo nos primeiros meses do ano, enquanto no restante do país
a curva tende a aumentar a partir de abril. O período coincide com o ciclo de
chuvas da região.
Essas
diferenças na sazonalidade do vírus fomentaram discussões entre a Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Programa Nacional de Imunizações (PNI), os
Conselhos Nacionais de Saúde, as Secretarias Municipais de Saúde e o próprio
Instituto Butantan, que culminaram na adoção de um calendário vacinal
diferenciado para os sete estados da região.
Em
2023, o Butantan produziu pela primeira vez a vacina Influenza com as cepas
indicadas para o hemisfério Norte, inaugurando não só a estratégia diferenciada
para os estados do Norte, mas também as exportações do produto para países de
fora do hemisfério Sul. Em 2024, porém, a cobertura vacinal da região
brasileira atingiu apenas 40%, taxa ainda menor do que a média nacional.
Em 2025, por indicação da OMS, a formulação da vacina dos hemisférios Norte e
Sul é a mesma.
Fonte _ Butantan

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