“Naquele
momento ali, eu não tinha raiva, eu não tinha ódio. Eu não tava fazendo
protesto nenhum, assim, foi só uma emoção de pai mesmo. De indignação, a
palavra é essa mesmo: indignação pra aquele ato, a falta de respeito. Você
lembrar, vem tudo aquilo na cabeça o que você passou e vem uma pessoa ali,
chutando aquilo, derrubando. Não tava fazendo mal algum a ele, meu Deus do céu.
Eu tava tão feliz, porque eu falei: poxa, uma homenagem, uma homenagem para as
vítimas. Senti um pouco no coração aquele saudosismo”.
O
filho de Márcio Antonio, Hugo morava em uma comunidade quilombola na Zona Sul
do Rio. Não tinha nenhuma doença crônica. Era professor de dança e DJ. Sofreu
15 dias com a doença e chegou a dizer para o pai que achava que não ia
aguentar.
“Você
chegar e chutar uma representação que tá representando uma pessoa, uma
vítima... Iisso não é liberdade de expressão. Isso é apenas raiva, ódio, é nem
sei o nome pra dar pra isso”, diz Márcio, que também afirmou que ainda tenta
entender como alguém foi contra um ato “pela vida”.
“Cada
cruz representada ali era uma pessoa, não era um número. Meu filho não é um
número. existem mais de quarenta mil mortos, mas são pais, filhos, amigos,
parentes, e aquelas pessoas que estão ali não são negras, brancas, não são
nada, são pessoas de todas as tendências políticas, meu Deus do céu. Que
loucura é essa? Que falta de humanidade é essa ?”, questiona.
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