O
Observatório do SUS, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
(Ensp/Fiocruz), promove no dia 1º de outubro de 2025, no Rio de Janeiro, o
seminário “O SUS em 2025: instrumento ou produto da democracia e da
política?”, em parceria com o Mestrado Profissional em Gestão de Sistemas e
Serviços de Saúde (Ensp/Fiocruz).
O
encontro reunirá pesquisadores, gestores, parlamentares, lideranças sociais e
especialistas para discutir os cenários e perspectivas do Sistema Único de
Saúde (SUS) em meio aos desafios que a democracia e as dinâmicas políticas e
econômicas impõem à sua estrutura e funcionamento.
Um
espaço de diálogo
O
evento busca aprofundar o pensamento crítico sobre a trajetória e o contexto
atual do SUS, num cenário de desafios para a democracia e a soberania nacional.
Reunindo diferentes atores em um espaço de debate aberto e plural, a proposta
consiste em fomentar uma reflexão crítica sobre os caminhos para a consolidação
do caráter público e democrático do sistema, considerando os desafios colocados
para o SUS na sua coexistência e interfaces com o setor privado, tendo em mente
o papel do Estado. A programação contará com duas mesas-redondas.
A
primeira, “Como construir o comum na diversidade e diante de desigualdades?”,
será realizada pela manhã, das 9h às 12h. Serão tematizados o reconhecimento da
diversidade como valor democrático, o enfrentamento das desigualdades no
neoliberalismo, a construção do “comum” como projeto e caminho político. Estão
confirmados Giuseppe Cocco, professor titular da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ); Emerson Merhy, professor de Saúde Coletiva aposentado, sênior
da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e emérito da UFRJ; e Maria Inês
da Silva Barbosa, professora da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). A
coordenação e moderação ficará sob responsabilidade de Marilene de Castilho Sá,
pesquisadora titular aposentada da ENSP/Fiocruz.
À
tarde, das 14h às 16h30, será realizada a mesa “Entre o público e o privado:
para onde vai o SUS em 2025?”, dedicada a abordar os princípios
constitucionais do SUS, financiamento, sustentabilidade, saúde suplementar,
relações público-privadas e cenários futuros para o sistema de saúde.
Participarão Helvécio Miranda Magalhães Júnior, professor da Faculdade de
Ciências Médicas de Minas Gerais/FELUMA e consultor da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS); Lígia Bahia, professora titular da UFRJ; e
Rogério Carvalho, senador da República (PT/SE). A mesa será moderada por
Fabiola Sulpino Vieira, coordenadora de saúde na Diretoria de Estudos e
Políticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“O
SUS como política (do) comum” — desafios e perspectivas
Segundo
Eduardo Melo, coordenador do Observatório do SUS e vice-diretor da Escola de
Governo em Saúde da Ensp/Fiocruz, a realização de um seminário com essa
temática é fundamental para fortalecer o compromisso democrático e social do
Observatório e da Escola, bem como o SUS como política pública essencial e
conquista da democracia brasileira.
“O
SUS, como sabemos, apesar de inúmeros avanços, apresenta grandes desafios, de
várias ordens. Este seminário focará em alguns desafios políticos relevantes
para o SUS. Para abrir a discussão com a mesa da manhã, vale lembrar que parte
dos atores e autores têm indicado limites da noção de classe para dar conta
(sozinha) do enfrentamento das desigualdades (no plural), razão pela qual
noções como a de interseccionalidade (ligando raça, classe e gênero), racismo
estrutural, patriarcado, processos de vulnerabilização, capacitismo,
necropolítica, heteronormatividade e diversidade ganham grande destaque no
vocabulário e formas de atuação política atuais (não sem riscos de captura),
num importante e necessário movimento de expansão democrática que,
paradoxalmente, coexiste com múltiplas crises e ameaças à democracia e à
vida.
Alguns
atores e autores falam de lutas por redistribuição e lutas por reconhecimento.
Por outro lado, identificam-se desafios na convergência das várias lutas
legítimas, mesmo quando pautas ditas identitárias são ressignificadas como
societárias ou civilizatórias. Neste sentido, pretendemos explorar a noção de
comum (como princípio político e não apenas como bens), buscando refletir em
que medida é uma perspectiva que pode ajudar a aproximar ou não os vários tipos
e âmbitos de lutas. A partir disso, podemos também nos perguntar sobre o SUS
enquanto uma política (do) comum e o quanto esta noção nos ajuda na defesa e
efetivação dos seus princípios.
”Ainda
de acordo com o vice-diretor, “na mesa da tarde, em conexão com outros desafios
estruturais do SUS abordados pelo Observatório em parceria com a Abrasco em
2024 (notadamente a regionalização e o financiamento), focaremos nas relações
público-privadas na saúde, considerando seus aspectos políticos e econômicos.
Sabemos
que esta discussão ganha novo fôlego com o Agora Tem Especialistas.
Lembremos que os sistemas de saúde na América Latina (incluindo o brasileiro)
são marcados, cada um a seu modo, por fortes vetores de fragmentação e
segmentação, e isto se deve, dentre outras coisas, às desigualdades históricas
(entre o centro e a periferia e no interior dos países) e ao lugar e força do
público e do privado. Em suma, dentro do espírito do Observatório, será um
espaço-momento de debate e reflexão sobre questões contemporâneas com
relevância social e política para o SUS, sem perder de vista, evidentemente, a
conjuntura e os desafios societários e políticos mais gerais.”
Melo
ressalta que o seminário busca não apenas discutir cenários, mas também
fortalecer redes de diálogo e reflexão crítica que deem sustentação ao SUS como
política pública essencial.
Serviço
Data: 1º de outubro de 2025
Local:
Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), Rua Leopoldo
Bulhões, 1.480 – Manguinhos – RJ – Campus da Fiocruz
Horário:
9h às 16h30
Organização:
Observatório do SUS – Ensp/Fiocruz
Transmissão
ao vivo: Canal da Ensp no
YouTube
Mais
informações: observatorio.sus@fiocruz.br
Sobre
o Observatório do SUS
O
Observatório do SUS atua em uma tríade central — conjuntura, políticas de saúde
e experiências do SUS — com atenção aos aspectos estruturais do Sistema Único
de Saúde. Desde sua criação, vem se consolidando como um dispositivo de
produção, articulação e reflexão crítica sobre o SUS, além de constituir um
espaço de formulação, debate e mobilização de atores da sociedade civil, da
academia e das instituições públicas de saúde.
Seu
escopo de atuação tem como foco proporcionar espaços de diálogo, mobilização e
intercâmbio entre diversos atores-chave. Para isso, adota estratégias como a
articulação de redes de cooperação, realização de seminários e oficinas,
elaboração e divulgação de materiais informativos – ações voltadas a contribuir
com o processo de defesa do SUS e da vida, além de subsidiar gestores,
decisores e demais agentes comprometidos com a efetivação do direito à saúde.
Fonte _ FioCruz
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