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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Redes sociais, perigos e distorção da realidade

 


Os jovens de hoje são filhos de uma sociedade do consumo – não só de bens materiais, mas também de informação. Este mundo tecnológico em que vivemos promove constantemente mudanças no jeito humano de se relacionar, e as redes sociais são fruto desse movimento. As pessoas nascidas neste milênio, em especial, são muito íntimas dos espaços virtuais de interação, os quais, para a maioria das pessoas, representam uma ponte com o “mundo real”.

As redes sociais, no entanto, potencializam os equívocos na compreensão do que é a vida. “Por terem facilidade em manusear os dispositivos e lidar com suas funcionalidades, os adolescentes, e até mesmo as crianças, passam a acreditar que o mundo das telas é o mundo legal e seguro, enquanto que o que está fora das telas é chato”, diz a especialista em Psicologia do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) do Grupo Positivo, Maísa Pannuti.

Nesse sentido, para esses jovens, as redes sociais tornaram-se de fato uma nova realidade, caracterizada por uma sociedade de perfis. Conforme explica a psicóloga escolar, a hiperexposição é um dos retratos dessa distorção de percepções à qual os jovens estão submetidos: tudo o que é valorizado socialmente é exposto e aquilo que não é valorizado socialmente é escondido. Há, inclusive, uma falta de diferenciação entre o que é público e o que é privado.

“Desse modo, surgem perfis que não correspondem à realidade. Afinal, a natureza das relações sociais é bastante diversa da natureza das relações que se estabelecem no mundo digital”. Nesse processo, todas as respostas virtuais – os likes, os compartilhamentos, os seguidores, etc. – acabam se tornando não apenas reais, mas cruciais. “Surge a ilusão de que o olhar do outro é o que garante a minha sobrevivência”, complementa.

A grama do vizinho é mais verde?

Nas redes sociais, tudo o que postamos cria uma narrativa que nos representa nesses ambientes, mas que não concordam com a realidade. Ali, as relações são superficiais, porque não há intimidade ou uma mediação social autêntica – afinal, nas redes sociais não agimos de maneira espontânea e escondemos traços de quem realmente somos. “O que fazemos on-line não fazemos na frente das pessoas e vice-versa”, afirma Maísa.

Então, as comparações inevitavelmente surgem: os jovens começam a acreditar que a vida e a imagem deles próprios são sempre piores do que as do outro. Isso se torna ainda mais problemático com o fato de que a sociedade de hoje é marcada pelo imperativo da felicidade, o qual não abre espaço para o sofrimento. Ou seja, expor fragilidades, aflições e negatividades não é bem-vindo no mundo digital, embora esses sejam aspectos intrínsecos à natureza humana.

Um mundo exigente e veloz

Além disso, o imediatismo tornou-se um valor nos ambientes virtuais: responder com rapidez é uma necessidade. “Sobra pouco espaço para a angústia de esperar pela resposta, que é natural e precisamos sentir”. Segundo a psicóloga, essa dinâmica é imposta justamente pela forma superficial como as pessoas se relacionam nas redes sociais, e isso as distanciam ainda mais da realidade.

“Os jovens estão idealizando uma imagem de corpo e de postura, por achar que a vida e a imagem do outro são mais interessantes. Há uma busca incessante por uma imagem idealizada de si próprio”, detalha. Isso sem contar todos os perigos que levam os jovens para situações com as quais eles não têm condição de lidar, como ciberbullying, fraudes e violências de todo tipo. Ou seja, as telas podem ser um portal para muitos problemas.

Quais devem ser os limites?

Proibir os filhos de usar as redes sociais não é um bom caminho. Mas é necessário manter um controle e orientações permanentes. Os limites devem ser relativizados conforme eles vão crescendo, mas de modo geral os pais precisam estabelecer horários e regras. “Não é ficar de pé ao lado do computador vendo o que ele está fazendo. Mas tem que conversar e delimitar momentos para as redes sociais, com regras claras de como usá-las”.

Segundo Maísa, no caso dos adolescentes, os responsáveis têm, sim, a prerrogativa de entrar nas redes sociais deles e checar o que estão fazendo e com quem estão conversando. Muitos acreditam que monitorar as ações dos adolescentes significa desrespeitar sua individualidade, mas isso não é verdade, porque os espaços virtuais podem ser muito perigosos, e é papel dos pais proteger os filhos.

“Costumo parafrasear a seguinte imagem: ‘você não deixaria sua criança sozinha na Praça Rui Barbosa, certo? Então por que você a deixa sozinha na internet?’”. Porém, para Maísa, é importante relativizar e entender que os cuidados são diferentes entre crianças e adolescentes. Por isso, dialogar é o melhor caminho para que os próprios jovens compreendam a relevância de explorar o mundo das redes sociais com sensatez.

Fonte_G1

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