O
poder público precisa ficar tento ao programa de imunização infantil para
evitar retrocessos. Segundo o Anuário VacinaBR 2025, divulgado na terça-feira (17),
14 dos 26 estados mais o Distrito Federal não
alcançaram, em 2023, 50% da cobertura vacinal em crianças de 1 ano
da segunda dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e
rubéola.
A
pandemia de Covid-19 pode ter impulsionado o negacionismo quanto à imunização,
devido à desconfiança de alguns estratos em relação a vacinas para a doença,
mas a piora nos indicadores de fato começou em 2015.
O
anuário, produzido pelo Instituto Questão de Ciência em parceria com a Unicef e
o apoio da Sociedade Brasileira de Imunizações, mostra que, em 2014, todos os
estados alcançavam a meta de 95% de cobertura da primeira dose. Já em 2023,
foram só 4: Mato Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins e Santa Catarina.
Na
segunda dose, em 2014, 15 estados obtiveram taxa de 80%; em 2023, nenhum —o
melhor resultado foi em São Paulo (70%).
A
pesquisa ainda não aborda 2024, quando o Ministério
da Saúde afirma que houve melhora.
No
ano passado, o país saiu da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas
do mundo, segundo
relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que
comparou 2022 e 2023, e recebeu certificado de erradicação do sarampo, que
havia perdido em 2018.
Neste
2025, contudo, foram notificados 3 casos de sarampo autóctones (quando a
transmissão se dá no país), sendo 2 no estado do Rio de
Janeiro e 1 no de São Paulo. O último caso do tipo havia sido
registrado em 2022.
A
pasta afirma, ainda, que a tríplice viral ultrapassou os 95% de cobertura
nacional. Mas os pesquisadores do anuário apontam preocupação com discrepâncias
locais —não só entre estados, mas entre seus municípios, mesmo em regiões mais
ricas como Sul e Sudeste. Norte e Nordeste têm situação mais crítica.
Levantamento
do Confederação Nacional de Municípios divulgado em junho mostra que, entre
abril e maio deste ano, 33,7% dos 1.490 municípios analisados enfrentaram falta
de vacinas. Foi relatada escassez de imunizante contra sarampo em 16% deles.
É
preciso refinar diagnósticos, com atenção extra para cidades fora das metas.
Tal cuidado é crucial em imunizações. Em maio, os Estados
Unidos superaram mil casos de sarampo, após surto que eclodiu numa
comunidade religiosa no Texas com baixas taxas de vacinação.
O estado concentra 70% dos casos, mas ao menos 11 já registraram contaminações.
Fonte _ Folha
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