'Estou
sem chão', diz pai de recém-nascida internada na UTI após banho em maternidade
no Acre
Aurora
Maria, de 4 dias de vida, apresentou bolhas e, após o banho na maternidade em
Cruzeiro do Sul, a pele das pernas e pés se soltaram. Material para biópsia já
foi retirado e pai disse que ela está estável nesta terça (24).
A
bebê Aurora Maria Oliveira Mesquita, de quatro dias, está estável e
entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Maternidade Bárbara
Heliodora, em Rio
Branco, nesta terça-feira (24). Ela apresentou
bolhas e teve a pele das pernas e dos pés descolada após um banho no
Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do
Sul, no domingo (22).
👉 Contexto: O pai da menina,
Marcos Silva Oliveira, registrou um boletim de ocorrência contra o hospital
pelos ferimentos que, segundo ele, foram causados em Aurora após o uso de água
quente no banho. Na segunda-feira (23), ela foi transferida para Rio Branco
devido à gravidade do quadro. O Ministério Público do Acre (MP-AC) investiga o
caso.
Em
conversa com o g1, Marcos contou que, na noite de segunda-feira
(23) a filha apresentou piora, mas amanheceu melhor nesta terça, com
batimentos cardíacos e saturação estáveis.
Mesmo
com a melhora, Aurora continua entubada por decisão médica, para evitar
dor e mantê-la mais calma. Ela foi transferida para Rio Branco em uma UTI
aérea na segunda-feira (23).
"Ela
está melhor hoje, ontem [23] ela foi entubada por conta da respiração. Ela
estava com pouca temperatura do corpo, ofegante e a medicação é muito forte.
Teve uma hora que elas deram um remédio e ela sentiu muito. Ficou sem fôlego e
ficou roxinha, mas aí conseguiram dar um remédio e ela voltou ao normal",
afirmou ele.
Segundo
Marcos, o material para biópsia já foi coletado para
investigar o que causou as bolhas e o descolamento da pele. Ele afirmou, no
entanto, que nenhum especialista em queimaduras avaliou a filha, o que
considera essencial, pois a família acredita que o caso pode ter sido
provocado por queimadura.
"Eu
queria um especialista em queimaduras para examinar a minha filha, porque estão
achando que pode ser essa doença [epidermólise bolhosa], querem fazer exames só
para isso, e estão esquecendo que pode ser queimadura. Estou sem chão
aqui. A minha filha está aqui por conta de negligência", disse ele.
Ele
foi informado de que a amostra será enviada para São Paulo e que o
resultado pode levar de 40 aa 60 dias para ficar pronto.
O g1 entrou
em contato com a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), que informou
que "a bebê segue estável sendo acompanhada pela equipe multiprofissional
da Maternidade Bárbara Heliodora, na UTI neonatal".
Até
a última atualização desta reportagem, o g1 não obteve
resposta sobre a possível necessidade de um especialista em queimaduras.
Nascimento
Marcos,
que é pai de outra menina de 7 anos, relatou que Aurora nasceu de parto normal
e, até o momento do banho, nada de incomum tinha sido observado.
"O
nascimento da neném foi normal. A mãe dela começou a sentir contração era 1h30
da madrugada [de sábado, 21], a bolsa estourou, a gente arrumou as coisinhas e
chegamos na maternidade, era umas 5h. Fiz a ficha na administração, o médico
olhou e ela estava com 6 cm de dilatação e quando foi 8h ela teve a neném
normal", explicou.
Segundo
ele, um dia depois [domingo, 22], os médicos examinaram tanto a criança quanto
a mãe e as duas receberam alta.
"A
pediatra tirou a roupinha dela, virou ela de lado, viu as perninhas dela, olhou
ela toda normal. Aí deu alta pra nós. Disse: 'você já vão você tão
liberados'. A mãe dela [da bebê] quis esperar o primeiro banhozinho da
criança na maternidade e foi aí que aconteceu essa fatalidade. É difícil",
lamentou.
Marcos
registrou um boletim de ocorrência contra o hospital por conta dos
ferimentos. O secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, se manifestou
nas redes sociais onde informou que a situação será investigada. (Veja
mais detalhes abaixo)
MP
apura caso
O
Ministério Público do Acre (MP-AC) informou, nessa segunda (23), que foi
instaurada uma notícia de fato para apurar o caso que é acompanhado pela
Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul.
"Considerando
a gravidade da situação e a necessidade de esclarecimento dos fatos, o promotor
de Justiça André Pinho expediu notificações ao Hospital da Mulher e da Criança
do Juruá e à Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), solicitando informações
detalhadas sobre o caso", falou o órgão.
O MP
requisitou ainda:
- prontuário
médico completo
da recém-nascida, incluindo registros de enfermagem e identificação de
todos os profissionais envolvidos no atendimento;
- protocolos
operacionais adotados para o banho e higienização de
recém-nascidos, com especificação dos controles de temperatura da água e
equipamentos utilizados;
- um relatório
circunstanciado com a sequência dos fatos, medidas assistenciais
adotadas e providências administrativas tomadas pela direção da unidade.
“A
eventual existência de doença congênita ou dermatológica não justifica a
ausência de tratamento adequado; pelo contrário, impõe ainda maior zelo da
equipe médica e do Poder Público, diante da maior vulnerabilidade da criança e
da complexidade potencial do quadro”, complementou a promotora Aretuza de
Almeida Cruz, que pediu à Sesacre o detalhamento dos exames diagnósticos em
andamento.
Fonte _ G1 Acre
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