Recém-nascida
internada na UTI após banho em maternidade deve ser transferida para hospital
especializado em queimados
Saúde
entrou em contato com a direção de hospitais em Manaus, Brasília, onde há um
centro de queimados pediátrico, e no Rio de Janeiro. Servidora foi afastada do
cargo.
Internada
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Maternidade Bárbara Heliodora,
em Rio Branco,
a recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita deve ser transferida
para um hospital especializado em queimados para seguir com o tratamento.
Aurora apresentou
bolhas e teve a pele das pernas e dos pés descolada após um banho no
Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do
Sul, no último domingo (22).
👉 Contexto: O pai da menina,
Marcos Silva Oliveira, registrou um boletim de ocorrência contra o hospital
pelos ferimentos que, segundo ele, foram causados em Aurora após o uso de água
quente no banho. Na segunda-feira (23), ela foi transferida para Rio Branco
devido à gravidade do quadro. O Ministério Público do Acre (MP-AC) investiga o
caso.
Saúde
do Acre entrou em contato com a direção de três unidades especializadas:
de Manaus, Brasília, onde há um centro de queimados
pediátrico, e no Rio de Janeiro. O secretário Pedro Pascoal aguarda
a liberação de um leito em um dos hospitais para enviar a bebê.
"Não
podemos esperar o pior para tomar alguma decisão, enquanto o exame não chega,
que deve demorar entre 15 a 20 dias, vamos colocá-la dentro de um centro de
queimados. Caso a biópsia dê positivo para epidermólise bolhosa [doença
genética e hereditária rara que provoca a formação de bolhas na pele, eles têm
estrutura para tratar também", destacou.
Ainda
segundo o secretário, inicialmente, o Centro de Tratamento de Queimados
de Manaus, atendeu a solicitação da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre),
mas não liberou o leito de imediato. Ainda durante a tarde desta terça,
Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), em Brasília, também se disponibilizou a
receber a bebê.
"Estamos
aguardando a liberação da vaga. A gente só consegue fazer a transferência na
hora que nos repassarem as informações do leito, enfermaria. Enquanto isso, não
podemos fazer a liberação do voo. Ainda aguardamos o painel genético para
exclusão ou confirmação da epidermólise bolhosa", reafirmou.
Pascoal
falou ainda sobre o estado de saúde da recém-nascida. "A bebê se encontra
na UTI com antibiótico de cobertura ampla por conta da descamação da pele, teve
uma pequena alteração renal, mas está em estável. Se tiver a liberação do
leito, ela consegue ser transferida hoje sem nenhum risco de saúde",
pontuou.
Servidora
afastada
Já
na noite desta terça, a Sesacre divulgou que a servidora filmada dando
banho na recém-nascida foi afastada do cargo e aberto um procedimento
administrativo disciplinar para apuração dos fatos.
"O
procedimento inclui afastar de forma preventiva a profissional. O procedimento
é rápido, vamos ouvir a profissional e fazer todos os trâmites
necessários", resumiu.
O
Instituto de Genética do Norte (IGENN), em Rio Branco, coletou o material para
biópsia, que deve ser feita em outro estado para revelar o que causou a
queimadura na bebê.
'Estou
sem chão'
Em
conversa com o g1, Marcos contou que, na noite de segunda-feira
(23), a filha apresentou piora, mas amanheceu melhor com batimentos
cardíacos e saturação estáveis.
Mesmo
com a melhora, Aurora continua entubada por decisão médica, para evitar
dor e mantê-la mais calma. "Ela está melhor hoje, ontem [23] ela foi
entubada por conta da respiração. Estava com pouca temperatura do corpo,
ofegante e a medicação é muito forte. Teve uma hora que elas deram um remédio e
ela sentiu muito. Ficou sem fôlego e roxinha, mas aí conseguiram dar um remédio
e voltou ao normal", afirmou ele.
Segundo
Marcos, nenhum especialista em queimaduras avaliou a filha, o que
considera essencial, pois a família acredita que o caso pode ter sido
provocado por queimadura.
"Eu
queria um especialista em queimaduras para examinar a minha filha, porque estão
achando que pode ser essa doença [epidermólise bolhosa], querem fazer exames só
para isso, e estão esquecendo que pode ser queimadura. Estou sem chão
aqui. A minha filha está aqui por conta de negligência", disse ele.
Marcos,
que é pai de outra menina de 7 anos, relatou que Aurora nasceu de parto normal
e, até o momento do banho, nada de incomum tinha sido observado.
"A
mãe dela começou a sentir contração era 1h30 da madrugada [de sábado, 21], a
bolsa estourou, a gente arrumou as coisinhas e chegamos na maternidade, era
umas 5h. Fiz a ficha na administração, o médico olhou e ela estava com 6 cm de
dilatação e quando foi 8h ela teve a neném normal", explicou.
Segundo
ele, um dia depois [domingo, 22], os médicos examinaram tanto a criança quanto
a mãe e as duas receberam alta.
"A
pediatra tirou a roupinha dela, virou de lado, viu as perninhas dela, olhou ela
toda normal. Aí deu alta pra nós. Disse: 'você já vão ser liberados'.
A mãe dela quis esperar o primeiro banhozinho da criança na maternidade e foi
aí que aconteceu essa fatalidade. É difícil", lamentou.
Ainda
no domingo (22), o secretário Pedro Pascoal se manifestou nas redes
sociais e informou que a situação é investigada.
Fonte _ G1 Acre
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