Polícia
Civil ouve testemunhas e médica sobre caso de recém-nascida internada após
banho no Acre
Delegado Vinicius
Almeida foi ao Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do
Sul, para ouvir a médica que deu alta para Aurora Mesquita antes do banho.
Menina ficou com ferimentos nas pernas após tomar banho na maternidade no
último domingo (22).
A Polícia
Civil do Acre começou a ouvir a equipe médica e testemunhas envolvidas
no atendimento da recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita, de 6 dias, que
pode ter sofrido queimaduras durante o banho na maternidade de Cruzeiro do
Sul, interior do estado, no último domingo (22). A técnica de
enfermagem que aparece nas imagens dando banho na menina deve ser ouvida nesta
sexta-feira (27).
👉 Contexto: O pai da menina,
Marcos Silva Oliveira, registrou um boletim de ocorrência contra o hospital
pelos ferimentos que, segundo ele, foram
causados em Aurora após o uso de água quente no banho. Na
segunda-feira (23), ela foi transferida para Rio Branco e
encaminhada ao Hospital João XXIII, em Belo
Horizonte, na quarta (25), devido à gravidade do quadro. O Ministério
Público do Acre (MP-AC) também investiga o caso.
O
delegado Vinicius Almeida esteve no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria
Inete, onde a menina nasceu, nesta quinta-feira (26) para ouvir a equipe
médica, testemunhas e demais envolvidos no caso.
Em
entrevista à Rede Amazônica Acre, o delegado contou que conversou com a médica
que havia dado alta para a criança antes do banho. "A criança estava com
alta. Segundo a médica, ela estava em perfeito estado de saúde. Ela só pediu
que a criança esperasse para ter o banho tomado e ir limpa para casa, mas
estava em perfeito estado de saúde", comentou ele.
De
acordo com o delegado, a médica também não descartou a possibilidade da bebê
ter a epidermólise bolhosa.
"Segundo
essa pediatra, existiram dois casos aqui na maternidade que ficou constatada
essa doença. Uma criança que hoje está com 13 anos e a Aurora poderia ser
portadora dessa doença. No entanto, a Polícia Civil está apurando todas as
possibilidades, seja dessa doença, seja da temperatura da água", disse
ele.
Vinícius
informou que já foram ouvidas testemunhas que estavam no local, no dia do banho
dado pela técnica de enfermagem, e as pessoas ouvidas confirmaram que a
temperatura da água estava elevada.
"Testemunhas
colocaram a mão na água e sentiram a temperatura realmente muito quente. Viram
fumaça sair da água. Agora estamos aguardando o laudo, o diagnóstico de Rio
Branco que verifica se essa criança é portadora de uma determinada doença ou
são realmente queimadura diante do calor", acrescentou.
O
delegado contou que várias pessoas, inclusive a mãe da Aurora e a mãe de outra
criança a tomar banho, perceberam a água muito quente. As duas inclusive
tentaram alertar a funcionária sobre a questão.
"Uma
mulher de Marechal Thaumaturgo falou que o filho estava com a temperatura do
corpo muito elevada. A mãe da Aurora ainda não foi ouvida porque não estava em
condições psicológicas. Somente o pai, mas a mãe da recém-nascida teria saído
da cama, colocado a mão na água que a filha estava sendo banhada e falou que a
temperatura estava muito quente", destacou.
Vinícius
ressaltou que Aurora nasceu prematura. "Ela nasceu com 35 semanas, então,
a própria condição de ter nascido antes do tempo faz com que aquela criança
seja ainda mais frágil e, de repente, ainda não está 100% formada".
Temperatura
da água
Ao
ser questionado sobre como é medida a temperatura da água que os bebês tomam
banho, o delegado informou que questionou a diretoria do hospital e foi
esclarecido que o único meio de medir essa temperatura seria usando um
termômetro, porém, essa prática não é utilizada no local.
"A
pergunta que fiz é: 'o que é utilizado para poder aferir essa
temperatura?'. Obviamente, seria o termômetro, porém, parece que essa
alternativa não estava sendo utilizada. Soubemos que existe um protocolo onde
essa temperatura pode ser aferida pela própria técnica que está responsável
pelo banho, utilizando aí o verso da mão ou que seja o cotovelo antes de
colocar a criança na água", complementou.
As
apurações da polícia identificaram o chuveiro de onde veio a água para o banho
dos recém-nascidos. O delegado relatou que foi constatado por um perito que a
temperatura máxima atingida pelo aparelho chegou a 57ºC.
"Não
significa que essa é a temperatura que estava na água no momento do banho que a
criança recebeu. Mas é certo que a temperatura máxima chega a 57 graus. É um
chuveiro elétrico. Eu fiz essa pergunta porque imaginava que para estar numa
temperatura tão elevada, poderia ser aquele aparelho boiler que é utilizado e
aquecido pela luz solar e fica muito quente, mas não", indicou.
Espera
dos laudos
Ainda
conforme o delegado, o inquérito policial só será finalizado após a finalização
de todos os laudos e constatação de todas as informações para a solução
completa do caso.
"Esperamos
laudos do Instituto Médico Legal, do Hospital de Rio Branco e a meu ver, é um
determinante para saber se essa criança é portadora dessa doença ou não e nós
estamos também aguardando o laudo do Instituto de Criminalística com relação ao
local dos fatos".
A
pequena Aurora enfrenta
uma grande batalha após um banho dado por uma enfermeira no
Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no último
domingo (22).
É
que, após o procedimento, a
menina apresentou bolhas e parte da pele das pernas e pés descolou e
ela precisou ser transferida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea
para tratamento em Rio Branco.
A
Sesacre divulgou, na terça (24), que a servidora filmada dando banho na
recém-nascida foi afastada do cargo e que foi aberto um procedimento
administrativo disciplinar para apuração dos fatos.
Na
tarde desta quarta-feira (25), ela
foi transferida de UTI aérea para o Hospital João XXIII, em Belo
Horizonte, Minas Gerais, considerado pela Sociedade Brasileira de Queimados um
dos melhores centros de tratamento de queimaduras do país.
A
recém-nascida já passou
pelos primeiros exames na manhã desta quinta-feira (26), após ter
sido transferida
para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, na quarta (25).
O
Instituto de Genética do Norte (IGENN), em Rio Branco, coletou o material para
biópsia, que deve ser feita em outro estado, para averiguar a suspeita de
epidermólise bolhosa, hipótese levantada pela equipe médica ainda em Cruzeiro
do Sul.
MP
vistoria maternidade
Também
nesta quinta-feira (26), o promotor André Pinho, a 1ª Promotoria Cível de
Cruzeiro do Sul, e o Centro de Apoio Operacional da Saúde fizeram uma inspeção
na maternidade para averiguar e fiscalizar os procedimentos adotados na
condução de casos graves, como o da pequena Aurora.
A
gerente regional do hospital, Iglê Montes, acompanhou a visita.
"Fiscalizamos todos os lugares do hospital, envolvendo ultrassom, centro
cirúrgico, enfermaria e escalas para que o Hospital da Criança e Mulher do
Juruá possa ofertar um melhor serviço à população de Cruzeiro do Sul e demais
municípios", ressaltou.
O
Conselho Regional de Enfermagem do Acre (Coren) instaurou um processo de
averiguação dos fatos para apurar a conduta da profissional que deu banho em
Aurora. Uma equipe de fiscais do conselho irá para o interior para fazer
diligências no hospital, avaliar o ambiente de trabalho e ouvir a profissional.
"Se
caso tenha ocorrido, de fato, um erro da profissional, será encaminhada para
processo de julgamento ético, conforme as premissas do regional. Se não for,
daremos a ela a legitima defesa da profissional. Não estamos condenando sem tem
conhecimento. Em razão da gravidade do caso, já determinou essa investigação e
o envio de equipes para as devidas providências", explicou o presidente do
Coren, Adailton Cruz.
Fonte _ G1 Acre
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