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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Com mais de 41 mil mortes no país, Bolsonaro incita invasão de hospitais


Em sua enésima polêmica envolvendo a questão da pandemia do novo coronavírus, o presidente da República, Jair Bolsonaro, incentivou que as pessoas “arranjem um jeito” de invadir hospitais para checar a ocupação de leitos. A fala ocorreu durante live na noite de ontem, 11. “Tem um hospital de campanha perto de você, tem um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso, mas mais gente tem que fazer, para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda”, disse o presidente.
Invasão de hospitais é crime. Há dezenas de relatos todos os dias de pessoas que morrem por falta de UTI. O governo federal enviou aos Estados apenas 11% dos kits de UTI prometidos e entregou uma ninharia de respiradores. Construiu só um hospital de campanha. Todo esforço do Ministério da Saúde está concentrado em negar a gravidade da doença, o que transformou Bolsonaro num pária internacional, arrastando junto a reputação do país.
A jornalista Miriam Leitão, em sua coluna no jornal O Globo, afirmou que Bolsonaro está estimulando que pessoas aumentem a propagação da pandemia. “O Brasil está anestesiado pelas atrocidades ditas por Bolsonaro. É insano estimular pessoas a invadir hospitais no meio da pandemia. Não se pode entrar nesses ambientes sem autorização, sem as medidas de proteção, em qualquer situação. Antes mesmo da pandemia, já se obrigava que o visitante lavasse as mãos e tomasse todos os cuidados para entrar nos quartos. A sugestão do presidente é que as pessoas entrem nas UTIs. Não é crível que um presidente cometa um crime desses e fique por isso mesmo. O país perdeu a noção do absurdo”.
Miriam Leitão ainda afirma que o incitamento do presidente “é um desrespeito também aos médicos, enfermeiros, técnicos e outros funcionários do hospital. São profissionais que estão tomando todo o cuidado e participando dessa luta para salvar os pacientes. Eles correm riscos no dia a dia do trabalho. Alguns desses soldados morreram na frente de batalha contra a pandemia”.
O país é o triste recordista mundial de profissionais de saúde e enfermagem mortos pelo novo coronavírus: 52% dos casos ocorreram aqui. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem – Cofen quase 17.500 enfermeiros, técnicos e auxiliares se infectaram, e 161 morreram.
O país da “gripezinha”, como Bolsonaro chamou a doença, ocupa o 3º lugar no ranking de mortos 41.058. Nesta sexta-feira, 12, o Brasil deve ultrapassar o Reino Unido e se tornar o segundo maior em número de mortes, só atrás dos Estados Unidos.
O presidente da República errou desde o início, quando desdenhou e negou a pandemia, comportamento que mantém até hoje. Bolsonaro usou todas as armas que tinha para pressionar governadores e prefeitos. No momento em que o Brasil mais precisou da liderança de Bolsonaro, ela não apareceu. Pelo contrário, ele se dedicou a facilitar os óbitos de milhares de brasileiros não apenas por um negacionismo passivo, mas lutando ativamente contra as medidas sanitárias, furando quarentenas e atacando duramente quem tenta salvar vidas.
É inacreditável e causa indignação profunda que a pessoa à frente da nação trate da morte de milhares de brasileiros com tamanha leviandade. E colocando ainda mais pessoas em risco, já que, ao entrar em unidades hospitalares com portadores de Covid-19, a possibilidade de contágio é real. Isso sem falar na violação da privacidade de pacientes e de toda a questão ética envolvida.
O Brasil é o único lugar do mundo em que a autoridade máxima do país, que tem a responsabilidade de zelar pela população, a orienta a se expor e a expor os outros num ambiente hospitalar.
Fonte_CNTS

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