Imuniza SUS

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Crianças e adolescentes são vítimas ocultas da pandemia, segundo UNICEF


 Famílias com crianças ou adolescentes foram as mais impactadas pela crise provocada pela Covid-19 no Brasil. É o que revela a pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, lançada nesta terça-feira (25) pelo UNICEF. Realizada pelo Ibope em todo o País, a pesquisa mostra que os brasileiros que vivem com pessoas menores de 18 anos em casa foram a maioria entre aqueles que tiveram redução de rendimentos, ficaram sujeitos à insegurança alimentar e, inclusive, à fome, entre outros desafios.

“Embora crianças e adolescentes não sejam os mais afetados diretamente pela Covid-19, a pesquisa deixa claro que eles são as grandes vítimas ocultas da pandemia. Suas famílias tiveram as maiores reduções de renda, a qualidade da alimentação que recebem piorou, e muitos de seus direitos estão em risco. É fundamental entender esses impactos e priorizar os direitos de crianças e adolescentes na resposta à pandemia”, afirma Paola Babos, representante adjunta do UNICEF no Brasil.

A pesquisa revela, também, que grande parte das crianças e dos adolescentes – tanto de escolas particulares quanto públicas – continuou tendo acesso à aprendizagem na pandemia. No entanto, 9% não conseguiram continuar a aprendizagem em casa, ampliando a exclusão no País. Entre os 91% das crianças que seguiram com acesso à educação, uma percentagem significativa não consegue estudar de maneira regular. “Os resultados deixam claro que o acesso a direitos ocorre de forma desigual no Brasil. Com a pandemia, as disparidades podem se agravar, impactando fortemente quem já estava em situação de vulnerabilidade”, explica Paola.

Diante desse cenário, o UNICEF reforça o apelo para que o País dê prioridade às crianças e aos adolescentes na resposta à Covid-19. Isso significa destacar e priorizar os direitos e necessidades de meninas e meninos nos orçamentos, programas e projetos, visando mitigar os impactos da crise – em curto, médio e longo prazos – na vida de crianças, adolescentes e suas famílias.

Confira, a seguir, os principais pontos da pesquisa:

Impactos na renda familiar – A crise provocada pela Covid-19 impactou diretamente a renda dos brasileiros. Segundo a pesquisa, 55% afirmam que o rendimento de seus domicílios diminuiu desde o início da pandemia. Os impactos foram maiores nas famílias com crianças e adolescentes. Dessas, 63% viram sua renda diminuir.

A redução também está mais presente nas camadas mais pobres: 67% daqueles com renda familiar de até um salário mínimo tiveram redução de rendimentos, contra 36% daqueles com renda familiar de mais de 10 salários.

O auxílio emergencial foi pedido por 46% dos brasileiros entrevistados. Entre quem vive com crianças e adolescentes, o percentual chegou a 52%. Dos que pediram o auxílio, 25% não foram considerados elegíveis ou ainda não receberam o auxílio. O desemprego também foi maior entre famílias com crianças e adolescentes.

“A pesquisa deixa claro que os impactos econômicos e sociais da pandemia afetam mais crianças, adolescentes e suas famílias. Para além dos benefícios temporários, é importante que os programas regulares de proteção social incluam, de maneira sustentável, todas as famílias vulneráveis. Por isso, precisam ser focalizados nas que mais precisam, aquelas com crianças, que já apresentavam altos índices de vulnerabilidades, acentuadas pela pandemia. Em momentos de planejamento fiscal e orçamentário, é fundamental olhar a proteção social não como um gasto e sim como um investimento no presente e no futuro do País”, afirma Liliana Chopitea, chefe de políticas sociais, monitoramento e avaliação do UNICEF no Brasil.

Segurança alimentar e nutricional – A pandemia tem afetado a segurança alimentar e nutricional no País. Quase metade da população brasileira (49%) reportou mudanças nos hábitos alimentares desde o início da pandemia da Covid-19. Entre as famílias que residem com crianças e adolescentes, o impacto foi ainda maior: 58%.

Entre as mudanças alimentares, o aumento do consumo de alimentos não saudáveis foi fortemente citado. Segundo a pesquisa, 31% das famílias com crianças e adolescentes passaram a consumir mais alimentos industrializados, tais como macarrão instantâneo, bolos, biscoitos recheados, achocolatados, alimentos enlatados, entre outros. Entre as famílias que não residem com crianças e adolescentes, esse aumento no consumo foi de 18%. Outro destaque foi o aumento do consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas e do consumo de alimentos preparados em restaurantes fast-food (hambúrgueres, esfirras ou pizzas).

Ao mesmo tempo, o cenário de insegurança alimentar e nutricional no País ficou acentuado. Segundo a pesquisa, um em cada cinco brasileiros (21%) passou por algum momento em que os alimentos acabaram e não havia dinheiro para comprar mais. Novamente, a situação é mais preocupante entre aqueles que residem com crianças e adolescentes, em que o percentual chegou a 27%. Além disso, 6% disseram que tiveram fome e deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar comida (9% entre quem vive com crianças e adolescentes).

“Estamos diante de um cenário preocupante de má nutrição. Por um lado, percebemos o aumento do consumo de alimentos não saudáveis, que contribui significativamente para o aumento do excesso de peso e das doenças crônicas não transmissíveis. Por outro lado, vemos o aumento da insegurança alimentar e nutricional que pode levar à desnutrição e deficiência de micronutrientes. A má nutrição tem impactos preocupantes no desenvolvimento das crianças, em especial nos primeiros anos de vida. Essa situação impacta prioritariamente as populações mais vulneráveis com efeitos a longo prazo. É fundamental atuar imediatamente para reverter esse cenário e garantir o acesso de meninas e meninos a uma alimentação adequada e saudável”, afirma Cristina Albuquerque, chefe de Saúde do UNICEF no Brasil.

Direito à educação – Na educação, a pandemia mudou a rotina de crianças, adolescentes e famílias. Com o fechamento das escolas, o UNICEF estima que 44 milhões de meninas e meninos ficaram longe das salas de aula no País.

O cenário, no entanto, não quer dizer que todos ficaram sem aulas. Segundo a pesquisa, 91% dos brasileiros que moram com crianças ou adolescentes de 4 a 17 anos que estavam matriculados na escola antes da pandemia afirmaram que eles continuaram realizando, em casa, as atividades escolares durante a pandemia (sendo 89% dos matriculados em escolas públicas e 94% nas particulares). Há, no entanto, 9% de crianças e adolescentes que estavam na escola antes da pandemia e não conseguiram continuar as atividades em casa – ficando excluídos da escola.

Entre quem conseguiu, a maioria dos estudantes (87%) passou a realizar as atividades pela internet – 97% entre estudantes em escolas particulares e 81% nas escolas públicas. No entanto, o nível de frequência mostra divergências significativas. Nos cinco dias da semana anteriores à pesquisa, 63% dos estudantes receberam tarefas e atividades escolares, enquanto 12% não receberam tarefa nenhuma e 6% somente em apenas um dia – ficando assim à margem do processo de aprendizagem.

Tanto nas escolas públicas quanto nas escolas privadas, a comunicação com as famílias se manteve ativa. Segundo a pesquisa, 68% afirmam ter recebido contatos da escola para informar progressos das crianças nas atividades (71% nas particulares e 65% nas públicas). Além disso, 48% afirmam que a escola entrou em contato para saber como estava a situação da casa e das crianças e dos adolescentes. Nesse ponto, o contato foi maior para quem tem filhos em escolas públicas, 51%, versus particulares, 44%.

“A pesquisa reflete o esforço das escolas e redes de ensino em manter o direito de aprender. Mesmo com a pandemia, a maioria das escolas manteve o contato com as famílias, o que é fundamental para entender a situação dos estudantes e aprimorar as atividades oferecidas de forma remota. Por outro lado, a pandemia aumentou as desigualdades. Isso se reflete nos percentuais de meninas e meninos que não conseguiram manter a aprendizagem em casa. Diante da crise provocada pela Covid-19, há que se ter um esforço ainda maior para que a exclusão escolar não aumente no País”, afirma Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.

Sobre a pesquisa – A pesquisa Impactos primários e secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes foi realizada pelo Ibope para o UNICEF. A amostra contou com 1.516 entrevistas, representativas da população do País. As entrevistas foram realizadas por telefone, de 3 a 18 de julho de 2020. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte_COFEN

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Pesquisa da Fiocruz investiga saúde de trabalhadores na pandemia



O Brasil conta hoje com um robusto sistema de saúde, o SUS, com mais de 200 mil estabelecimentos de saúde, sejam ambulatoriais ou hospitalares; tem mais de 430 mil leitos e emprega diretamente mais de 3.500.000 profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, odontólogos, nutricionistas e psicólogos, bem como técnicos e auxiliares de enfermagem, de laboratório, RX, etc, que atuam em todos os 5.570 municípios das cinco regiões do país. É com essa estrutura que o Brasil tem enfrentado a pandemia da covid-19, uma equipe multiprofissional de primeira linha.

Dados atualizados do Ministério da Saúde (16/8) mostram que a doença está instalada em todo o país: 3.340.197 casos confirmados e 107.852 óbitos, com 3,4% de letalidade. Por outro lado, informações recentes da mídia nacional e internacional mostram o crescente número de profissionais da saúde que estão se contaminando na linha de frente do combate à pandemia, muitos chegando a óbito.
Apesar desse expressivo contingente atuando no combate à covid-19, lamentavelmente a situação não parece ser animadora, uma vez que há denúncias e relatos de profissionais em situação de precarização do vínculo de trabalho, ausências de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), salários atrasados, superlotação dos hospitais para internação de casos graves decorrentes da covid-19, insegurança e sobrecarga de trabalho, gerando stress, adoecimento e desgastes físicos e psíquicos. Poderíamos afirmar que as premissas preconizadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) quanto ao trabalho decente têm se afastado de nossa realidade e nos aproximado muito mais do trabalho precário, em que profissionais geralmente são mal pagos, inseguros, desprotegidos e com rendimentos insuficientes.

É imperioso conhecer a real situação das condições de trabalho desses profissionais da linha de frente, buscando compreender melhor essas repercussões em sua vida profissional e pessoal, e as consequências de toda essa vivência. A pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19 no Brasil” é um estudo transversal, cuja população-alvo é constituída por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, odontólogos, nutricionistas, farmacêuticos/bioquímicos, psicólogos entre outros, além de técnicos/auxiliares de enfermagem, de diagnóstico, de apoio à assistência – todos voltados para o combate a pandemia. É um estudo com abordagem quantitativa e qualitativa, de abrangência nacional, sendo capaz de gerar resultados que permitirá conhecer a realidade brasileira, regionalmente. O protocolo desta pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-ENSP), e o questionário, totalmente disponível online, é de fácil e rápido preenchimento (www.bitly.com/PesquisaFiocruz).

A pesquisa é uma iniciativa da Fiocruz, por meio da Escola Nacional de Saúde Pública Srrgio Arouca (Ensp) e do Centro de Estudos Estratégicos (CEE), que busca contemplar parcerias com instituições acadêmicas e entidades profissionais, assegurando assim a participação ativa em todas as etapas da pesquisa. O estudo tem financiamento do Edital Inova Covid-19, promovido pelas Vice-Presidências de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS), Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) e Gestão e Desenvolvimento Institucional (VPGDI) da Fiocruz.

Hoje, além das Unidades da Fiocruz envolvidas na coordenação da pesquisa, contamos com uma rede institucional de parceiros/apoiadores, dentre eles: Cofen, CFM, Conass, Conasems, Ufam, UFPA, Nescon/UFMG, FCMMG-FELUMA, ICICT-Fiocruz, IAM- Fiocruz-PE, Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil/Academia Nacional de Farmácia, Assobrafir, Abramurgem,  SBPT, SBI, Abefaco, ASFOC-SN, Sinmed-RJ, Sinmed-MG, Simesp, ISP-Brasil, Sobrasp, Cebes, etc. E esperamos mais apoios nesse estratégico estudo sobre os trabalhadores da saúde.

Temos a convicção que “o Brasil tem dois patrimônios no âmbito da saúde: o SUS e os mais de 3 milhões e meio de Profissionais de Saúde que nele atuam”, e é exatamente o que essa pesquisa busca: dar voz a essa legião de profissionais que salvam vidas com coragem, bravura e profissionalismo.

Maria Helena Machado, Antônio Ivo de Carvalho e Francisco Eduardo de Campos são coordenadores da pesquisa “Condições de Trabalho dos profissionais de saúde no contexto da Covid-19 no Brasil”

Fonte_COFEN

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Pesquisa avalia o uso de EPI pelos profissionais de saúde



A pesquisa “Uso de equipamentos de proteção individual pelos profissionais de saúde no combate à COVID-19” está sendo desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de São João del-Rei, do Instituto de Pesquisa René Rachou e da Aarhus University.

O objetivo do estudo é avaliar a adesão e uso de EPI por profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e por profissionais vinculados a programas de residência na área da saúde no combate à pandemia da COVID-19.

Segundo os pesquisadores, estes esforços são provenientes de buscas por evidências que possam contribuir para melhor adesão e uso correto dos equipamentos, impactando positivamente na assistência ofertada e maior segurança dos profissionais.

Para a coleta de dados, serão aplicados questionários online, de acordo com o perfil do participante, que podem ser acessados diretamente através dos seguintes links:

Se você for profissional da Atenção Primária à Saúde, participe através deste link.

Se você for Profissional vinculado a programa de residência na área da saúde, participe através deste link.

Sua participação e/ou contribuição com a divulgação é de grande importância! Para maiores informações, acesse o site.

Fonte_COFEN

Atendimento COREN/AC Setembro



O COREN/AC estará realizando atendimento a todos os profissionais durante os dias 02, 03 e 04 de Setembro/2020, no auditório da maternidade de Cruzeiro do Sul das 08hs às 12hs e das 14hs às 17hs.

Compareçam ao atendimento!

IBGE divulga resultado de pesquisa sobre covid-19



Cerca de 13,3 milhões de pessoas (6,3% da população) realizaram algum teste para diagnóstico da Covid-19 até julho. Desse total, 2,7 milhões (20,4%) testaram positivo para a doença causada pelo novo coronavírus. Esses dados são da PNAD COVID19 mensal, divulgada hoje (20) pelo IBGE, que nesta edição traz seis novos temas relativos à pandemia, além das questões sobre o mercado de trabalho e sintomas de síndrome gripal.

Entre os testes para diagnóstico da doença, as pessoas poderiam ter realizado o exame com material coletado na boca ou nariz com o cotonete (swab); o teste rápido com sangue coletado por um furo no dedo; ou o exame com sangue retirado da veia do braço.

“Os testes foram realizados por homens e mulheres na mesma proporção (6,2% e 6,4%, respectivamente), mas, principalmente, por pessoas de 30 a 59 anos de idade (9,1%). Quanto maior o nível de escolaridade e a renda, maior foi o percentual de pessoas que fez algum teste”, acrescentou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

O Distrito Federal (16,7%) foi a unidade da federação com o maior percentual de testes realizados desde o início da pandemia, seguido por Amapá (11,0%) e Piauí (10,5%). Por outro lado, Pernambuco registrou o menor percentual (4,1%) de exames realizados, assim como Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, os três estados com 4,5%.

22,4% da população tinham alguma comorbidade em julho
A pesquisa também constatou que 47,2 milhões de pessoas tinham alguma comorbidade que pode agravar o quadro clínico de um paciente com a Covid-19. Hipertensão foi a mais frequente (12,8%). As outras foram asma ou bronquite ou enfisema (5,7%); diabetes (5,3%); depressão (3,0%); doenças do coração (2,7%) e câncer (1,1%). “O percentual de pessoas com alguma dessas doenças crônicas que testou positivo foi de 1,6%”, acrescentou Maria Lúcia.

49,2 milhões de pessoas seguiram o isolamento social rigorosamente
Em julho, 4,1 milhões de pessoas não tomaram nenhuma medida restritiva de isolamento para evitar o contágio pelo coronavírus. Já 64,4 milhões reduziram o contato físico, mas continuaram saindo de casa, enquanto 92,0 milhões ficaram em casa e só saíram em caso de necessidades básicas. Cerca de 49,2 milhões, ou 23,3% da população, ficaram rigorosamente isolados.

“Essas medidas mais restritivas de isolamento foram seguidas, sobretudo, pelas mulheres, crianças até os 13 anos e idosos. Cerca de 84,5% dos idosos ficou rigorosamente em casa ou só saiu em caso de necessidade”, disse a coordenadora da pesquisa.

19,1% dos estudantes não realizaram nenhuma atividade escolar
A PNAD COVID19 também verificou que 8,7 milhões de estudantes que frequentavam escola ou universidade, na faixa etária dos 6 aos 29 anos, não tiveram nenhuma atividade escolar em julho, isso corresponde a 19,1% do total. Já 72,0% dos estudantes, ou 32,6 milhões, tiveram atividades escolares. O restante (8,9%) estava de férias no período.

Entre os 45,3 milhões de estudantes, 60,5% frequentavam o ensino fundamental, 21,1% o ensino médio e 18,4% do ensino superior.

“A pesquisa mostra grandes diferenças entre as regiões do país. No Norte, quase 40% dos estudantes do ensino fundamental e quase metade das do ensino médio ficaram sem atividades escolares em julho. Por outro lado, no Sul, 91,7% dos que estavam no fundamental e quase 90% das do ensino médio realizaram atividades escolares. Quanto menor a renda da família, maior o percentual de estudantes que não tiveram atividades escolares durante a pandemia”, observa Maria Lúcia Vieira.

Quase todos os domicílios possuem máscara e itens de higiene
A pesquisa também mostra que, em julho, quase todos os 68,5 milhões de domicílios tinham itens básicos de higiene e proteção contra a Covid-19, como sabão ou detergente para higienizar as mãos (99,6%), máscara (99,3%) e água sanitária ou desinfetante (98,1%) para limpeza da casa.

O álcool 70%, indicado para uso contra o vírus, estava presente em 95,8% dos domicílios. Já as luvas descartáveis em somente 43,2% dos lares. Esses dois itens eram menos comuns nas casas de menor renda e nas regiões Norte e Nordeste.

3,3 milhões obtiveram empréstimos para enfrentar a pandemia
Em cerca de 4 milhões dos domicílios (5,9%) algum morador solicitou empréstimo para enfrentar a pandemia, mas em 762 mil, o empréstimo não foi concedido. Em 3,3 milhões de domicílios a solicitação foi atendida, ou seja, foram atendidos cerca de 82% dos domicílios em que algum morador solicitou empréstimo.

“Entre os que solicitaram e não conseguiram empréstimo, 59,2% pertencem as duas classes de rendimento mais baixas, que recebem menos de um salário mínimo”, observa Maria Lúcia.

A maior fonte de empréstimos foram os bancos e outras instituições financeiras (75,7%). Em 23,6% domicílios algum morador conseguiu empréstimo com amigos ou parentes.

Taxa de desocupação sobe e soma 12,3 milhões desempregados
Já em relação ao mercado de trabalho, a PNAD COVID19 revela que, em julho, a taxa de desocupação subiu de 12,4% para 13,1%, atingindo 12,3 milhões de pessoas. Mais 438mil pessoas ficaram sem emprego, na comparação com junho. Com isso, a população ocupada reduziu para 81,5 milhões de trabalhadores.

Entre os ocupados, cerca de 3,2 milhões estavam sem a remuneração do trabalho, o que representa 32,4% do total de pessoas afastadas do trabalho. No mês anterior, quase metade dos afastados (48,4%) ficou sem remuneração.

Ainda entre 9,7 milhões que estavam afastados do trabalho, 6,8 milhões estavam nessa situação devido ao distanciamento social, queda 42,6% em relação ao total de pessoas afastadas em junho. “Isso corresponde a menos da metade das pessoas que estavam afastadas em maio, quando a pesquisa começou. Elas retornaram ao trabalho ou podem ter sido demitidas”, explicou Maria Lúcia.

No grupo dos não afastados do trabalho, 8,4 milhões estavam trabalhando de forma remota, ou 11,7% da população ocupada que não estava afastada.

Auxílio emergencial beneficia mais 813 mil lares em julho
Em julho, 30,2 milhões de domicílios brasileiros, ou 44,1% do total, receberam algum auxílio emergencial relacionado à pandemia. Isso corresponde a mais 813 mil lares beneficiados, na comparação com o mês anterior (43,0%).

O percentual de domicílios recebendo o auxílio aumentou em todas as grandes regiões, sendo os maiores no Norte (60,6%) e Nordeste (59,6%). No Sul, 30,9% dos lares receberam o benefício. O valor médio do auxílio subiu de R$ 885 para R$ 896.

Número de pessoas com sintomas conjugados cai em julho
A pesquisa revela ainda que caiu para 2,1 milhões o número de pessoas que se queixaram de sintomas conjugados relacionados à síndrome gripal e que podiam estar associados à Covid-19: perda de cheiro ou sabor (1,8 milhão de pessoas); febre, tosse e dificuldade de respirar (666 mil); e febre, tosse e dor no peito (540 mil). Em junho, eram 2,4 milhões com sintomas conjugados.

Em julho, 1,3 milhão de pessoas, entre aquelas que apresentaram algum dos sintomas conjugados, procuraram atendimento em estabelecimento de saúde, 200 mil a mais que o mês anterior. A maioria dessas pessoas (75,7%) procurou atendimento em estabelecimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, 71 mil ficaram internadas em hospitais.

Fonte_COFEN

Entendendo a Anuidade



O que é a anuidade?

A anuidade que o profissional de Enfermagem paga ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição é uma taxa que se destina a custear as atividades dos Conselhos, órgãos responsáveis por regular e fiscalizar o exercício da profissão.

Numerosas são as profissões que possuem seus órgãos reguladores, entre elas está a Enfermagem, que tem nos Conselhos Federal - COFEN e Regionais - COREN's os seus órgãos devidamente sistematizados pela Lei Federal nº 5.905, de 12 de julho de 1973.

Natureza da anuidade
De acordo com o artigo 149 da Constituição Federal, a anuidade dos conselhos regionais de fiscalização profissional tem natureza tributária. Ou seja: a anuidade do COREN/AC é um imposto e, como o nome sugere, é obrigatória.

Por que se deve pagar a anuidade?
O COREN/AC é formado por todos os profissionais de Enfermagem do Acre. É interessante que haja a compreensão da importância do órgão e da participação de cada profissional na defesa de sua profissão. Ao pagar a anuidade, o profissional está contribuindo para que o Conselho realize suas atividades em defesa da Enfermagem.

Por outro lado, o não pagamento da anuidade configura uma dívida com a União, já que o COREN/AC é uma Autarquia Federal. Além de estar irregular e em débito com a União, o inscrito inadimplente não contribui para que haja melhorias na atuação do COREN/AC e, consequentemente, para o fortalecimento da Enfermagem Acreana.

Para essa e outras informações acesse, COREN/AC

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Setembro Verde: Entidades se unem para conscientização sobre asfixia perinatal


Em setembro, o Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros lançará a campanha “Setembro Verde Esperança”, que tem por objetivo conscientizar a população em geral sobre riscos da asfixia perinatal e dos tratamentos para esta condição, que atinge mais de 1,15 milhão de bebês no mundo por ano.

No Brasil, em um período de 12 meses, estima-se que de 15 a 20 mil bebês nascem com falta de oxigenação no cérebro. A asfixia perinatal ocupa a terceira causa de morte neonatal – 23% da mortalidade de recém-nascidos no mundo inteiro -, além de ser a principal causa de lesão cerebral permanente em bebês nascidos a termo.

Estes números alarmantes chamaram a atenção de entidades e associações brasileiras como a AACD, Instituto Jô Clemente (antiga APAE de São Paulo), Academia Brasileira de Pediatria, além de mais de 20 hospitais brasileiros, que já declararam apoio à campanha “Setembro Verde Esperança”.

O objetivo é promover uma série de ações que tragam o tema para discussão de toda a sociedade. Saiba mais sobre a campanha no site oficial.

Sobre a Campanha – A asfixia perinatal representa uma dura realidade em que, após realizado o diagnóstico, estima-se que menos de 5% dos recém-nascidos asfixiados em nosso país têm acesso ao tratamento e suporte mais adequado. Com isso, grande parte pode ter o seu futuro comprometido por diversas sequelas neurológicas como paralisia cerebral, deficiência cognitiva, cegueira ou surdez.

Essa campanha escolheu o Verde Esperança para conscientizar a população de que com tratamento adequado podemos minimizar o profundo impacto socioeconômico desta doença em nosso país.

Os principais objetivos dessa campanha incluem: unir instituições apoiadoras com o intuito de sensibilizar a sociedade de que Asfixia Perinatal é um grave problema de saúde pública; alertar os setores público e privado para a necessidade de reduzir o impacto dessa doença em nosso país; e ao reduzir as chances de sequelas em bebês, mudar histórias de vida de milhares de crianças e de suas famílias.

O tratamento adequado a esta população também permite a redução de impactos econômicos incluindo custos diretos com cuidados em saúde como necessidade de exames complementares, internações hospitalares e acompanhamento médico multidisciplinar ao longo da vida. Além disso, ainda há importante redução de custos indiretos, como perda de produtividade e gastos públicos com relação à saúde e necessidade de assistência social.

Sobre o Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros – É uma entidade sem fins lucrativos e liderada por um grupo de profissionais de saúde preocupados com o alto número de bebês que evoluem com graves lesões neurológicas após insultos no período neonatal.

O Instituto tem por objetivo disseminar informações acerca da importância de se adotar estratégias eficazes para prevenção de sequelas neurológicas em crianças.

Fonte_COFEN

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Saque emergencial do FGTS: Como consultar quanto dinheiro você tem



Se o trabalhador tiver mais de uma conta no FGTS, o saque seguirá a seguinte ordem: primeiro, serão feitos os saques de contas relativas a contratos de trabalho extintos, com início pela conta que tiver o menor saldo, e depois, serão feitos os saques das demais contas, com início pela conta que tiver o menor saldo.

Quer saber quanto dinheiro você tem em uma ou mais contas do FGTS? Veja o passo a passo de como consultar os saldos a seguir.

Como consultar o saldo do FGTS
Para saber quanto dinheiro do FGTS você tem disponível para saque, é só acessar o site da Caixa ou o aplicativo FGTS.

No site da Caixa, você precisa confirmar o número do seu NIS (Número de Identificação Social) ou o CPF e clicar em "cadastrar senha".

O NIS (também chamado de NIT) e o PIS/Pasep são o mesmo número, a diferença é que eles são gerados em bases de dados diferentes. Veja aqui como consultar seu número do NIS, NIT e PIS/Pasep.

Depois de cadastrada a senha, você deve ler o regulamento, clicar em "aceito" e preencher todos os campos com os dados pessoais. Por último, crie uma senha com até oito dígitos, com letras e números, e confirme.

Você será direcionado para a tela de login novamente. Preencha os campos com NIS ou CPF, insira a senha cadastrada e acesse.

No aplicativo FGTS, você precisa baixar o app, selecionar a opção "cadastre-se" e preencher todos os dados solicitados: CPF, nome completo, data de nascimento e e-mail. Depois, deve cadastrar uma senha de acesso, numérica, com seis dígitos.

Para quem já usava o aplicativo, pode repetir o mesmo número de senha que usava antes. Depois de incluir seus dados, é só clicar no botão "não sou um robô".

Você vai receber um e-mail de confirmação no endereço de e-mail informado por você. Acesse-o e clique no link que foi enviado. Após o cadastramento, abra o app e informe o CPF e a senha cadastrada.

Após o login, aparecerão algumas perguntas adicionais sobre a sua vida funcional. Após responder essas perguntas você deve ler e aceitar as condições de uso do aplicativo, clicando em concordar.

Se não tiver acesso ao site da Caixa ou ao aplicativo FGTS, você também pode ligar para o número 0800 724 2019 ou, em último caso, ir até uma agência do banco.

Se você é cliente da instituição financeira, pode acessar o extrato do FGTS no internet banking no computador ou no aplicativo Caixa pelo celular ou tablet.





Menina de 10 anos violentada faz aborto legal


A criança de 10 anos que engravidou após ser violentada por um tio em São Mateus, no Espírito Santo, começou o procedimento de aborto neste domingo, após o Tribunal de Justiça do Espírito Santo conceder a ela o direito previsto na lei brasileira de interromper uma gravidez fruto de um estupro. Por tratar-se de uma menina que era violentada desde os 6 anos, o caso deveria correr em absoluto sigilo, como tantos outros no Brasil, pela preservação da vítima e por tratar de um assunto delicado, que é o aborto, mesmo legal. Mas o processo da menina virou joguete político, depois de vazar para a imprensa sem explicação. O caso deveria ter ficado no âmbito da saúde, uma vez que outros casos do gênero nem passam pela Justiça. O procedimento de aborto foi concluído nesta segunda-feira.

Centenas de meninas estupradas são obrigadas a recorrer um aborto legal no Brasil sem precisar de autorização da Justiça e sem que a opinião pública tome conhecimento. O papel do serviço de saúde é seguir o protocolo do Ministério da Saúde para estes casos e realizar a interrupção da gravidez. Mas a repercussão obrigou o Estado do Espírito Santo a buscar uma solução longe dali. A menina viajou para o Recife, onde foi atendida no Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros (Cisam), que atende casos como o dela. São ao menos 40 abortos legais por ano, segundo o doutor Olympio Moraes Filho, diretor do Cisam, e que já cuidou de muitos casos similares, seguindo a lei.

Ao lado da avó, e de seus bonecos de pano, a criança capixaba estava serena enquanto aguardava o início da primeira etapa do procedimento, relatam testemunhas. Estuprada desde os 6 anos por um tio, a vítima e sua família perderam a privacidade inerente a casos tão violentos como este. Do lado de fora da clínica, um grupo de pessoas de mãos dadas gritavam “Assassino” para o médico Moraes Filho. A vó, no entanto, estava segura da decisão tomada, seguindo o pedido da própria neta.

O caso ganhou repercussão depois que a ministra Damares Alves, da Secretaria da Mulher, deu publicidade ao caso em redes sociais, e enviou emissários para a cidade do Espírito Santo. Neste sábado, Alves se manifestou em sua página do Facebook, lamentando a decisão da Justiça de autorizar o aborto. Também bolsonarista Sara Giromini, que ganhou fama por fazer protestos em frente ao Supremo Tribunal Federal e chegou a ser presa, expôs o detalhes do caso nas redes sociais. Damares já havia enviado emissários da Secretaria para São Mateus para acompanhar o caso.

O gesto da ministra criou um clima de terror e de caça às bruxas na Justiça de São Mateus, uma cidade de 130.000 habitantes, a 183 quilômetros da capital capixaba, Vitória. O assunto virou palanque político, segundo fontes próximas ao caso, e uma “crueldade cínica” para a vítima, que é negra, e vive com a avó, ambulante. A sensação de que ela poderia dar conta de uma violência dessa estatura mostrou traços de racismo e indiferença pela sua classe social entre os que a atenderam no serviço público, dizem. A menina vive um quadro comum a milhões de crianças pobres no Brasil. Sua mãe foi embora, o pai está preso, e o tio que a estuprou, e é procurado agora pela polícia, é um ex-presidiário.

A avó, porém, é identificada como alguém bastante responsável com a educação da menina. Só não estava por perto dela quando tinha de trabalhar. Tanto ela como a própria neta deixaram bem claro à Justiça que queriam ser amparadas pela legislação brasileira e interromper a gravidez que é fruto de violência. A reação da menina era de desespero quando se insinuava manter a gravidez, segundo testemunhas. Ela já está de 22 semanas, prazo limite para interromper a gestação, segundo norma técnica do Ministério da Saúde. Para Fagner Andrade Rodrigues, promotor da Infância e Juventude de São Mateus, a interferência externa, neste caso, é inadmissível. “A difícil escolha íntima a cargo da família da vítima de violência não pode sofrer interferência política, religiosa ou de qualquer natureza”, diz ele. “Trata-se de uma violação abominável aos direitos humanos”, completa. O aborto em caso de estupro de vulnerável está previsto no Código Penal Brasileiro há 80 anos.

O médico Olympio Filho encarou a pressão sem temer represálias. Não é a primeira vez que o obstetra se vê diante de um caso que gerou estardalhaço público. Há 12 anos, ele chegou a ser excomungado pela Igreja de Pernambuco por interromper a gravidez de uma menina de 9 anos, que também fora estuprada pelo padrasto. Agora, sofre pressão de evangélicos do Estado. É ele quem vai examinar o caso da criança grávida que chega do Espírito Santo para obedecer ao procedimento e ao desejo dela. “Manter a gravidez é um ato de tortura contra ela, é violentá-la novamente, é o Estado praticar uma violência tão grande ou maior do que ela já sofreu”, afirma. Há, ainda, um risco obstétrico, de hemorragia, além de pesar a ausência de estrutura psicológica para assumir uma maternidade fruto de uma violência, alerta. “Primeiro é preciso preservar a criança [vítima do estupro], e depois dar o apoio psicológico para ela superar isso. O dano é muito maior se você a obriga a manter uma gravidez”, completa.

Um dos pontos aos quais os conservadores se apegam é o fato de a gravidez ter chegado 22 semanas. Essa seria a razão para o hospital que atendeu a jovem ter sido contrária a apoiar a interrupção da gravidez. “Quanto sofrimento!”, escreveu a ministra Damares Alves, em sua página no Facebook. “Os médicos do Estado do Espírito Santo entendem que o aborto nesta idade pode colocar em risco a vida da mãe ou deixá-la com sequelas permanentes, como útero perfurado”, diz ela, algo que contradiz a própria norma técnica do Ministério da Saúde.

A norma prevê que em caso de estupro o aborto pode ser feito com até 22 semanas de gestação, ou o feto pesar 500 gramas. A ministra, porém, apelou para seu lado religioso ao abordar a questão. “Meu coração aqui apertado. Desde domingo passado oro por esta criança para que tudo sua vida seja preservada e para que ela fique bem”, disse, dizendo que confia no poder Judiciário para cuidar do caso.
Especialistas garantem que não há restrições para abortos quando a vida da mãe corre risco, como é o caso da criança capixaba. Se por um lado há barulho e um clima ameaçador para quem está dando suporte à menina capixaba, por outro, a publicidade pode ter um efeito bumerangue. Ao cumprir a lei e realizar o procedimento, o caso se torna pedagógico para os hospitais públicos de cidades menores que se deparam com casos dessa natureza. A cada hora, quatro meninas brasileiras de até 13 anos são estupradas, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, e a maioria dos crimes é cometido por um familiar. Em 2018, último dado disponível, foram mais de 66.000 estupros no Brasil, 53,8% de meninas com menos de 13 anos. O embate de conservadores, incluindo a bancada evangélica, se intensificou nos últimos anos, seguindo o padrão da direita radical em outros países.

Fonte_COFEN

sábado, 15 de agosto de 2020

Mulheres em combate: 6 líderes na linha de frente da crise de Covid-19


Na semana em que o número de casos de Covid-19 no Brasil chegou a 3 milhões e o de mortes atingiu a marca histórica de 100 mil, mais do que nunca os desafios impostos pelo novo coronavírus requerem atenção. Além das iniciativas de assistência social e econômica, a pandemia demanda ações rápidas, efetivas e antecipadas na área da saúde –marcada pela prevalência dos rostos de mulheres.

Segundo o relatório “Covid-19: Um Olhar para Gênero” do Fundo de População das Nações Unidas (da sigla em inglês UNFPA), 70% da força de trabalho ligada à área da saúde no mundo é feminina. No Brasil, os números são parecidos. O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), indica que 65% dos seis milhões de profissionais do setor são do sexo feminino –em áreas como fonoaudiologia, nutrição e serviço social elas ultrapassar 90% de presença, e 80% em enfermagem e psicologia.

Quando são levadas em consideração apenas as profissões de médico, agente comunitário, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 2020 apontam que a força de trabalho feminina ocupa 78,9% dos postos.

A presença massiva de mulheres pode, ao mesmo tempo, representar uma vitória, em questão de presença equitativa profissional, mas também uma derrota. Para Elizabeth Hernandes e Luciana Vieira, autoras do artigo “A Guerra Tem Rosto de Mulher: Trabalhadoras da Saúde no Enfrentamento à Covid-19”, a área da saúde, que envolve cuidados com terceiros, sofre um fenômeno social chamado de feminilização: quando a presença de mulheres implica no valor atribuído às ocupações e os cargos passam a ser socialmente considerados de menor qualificação, remuneração e prestígio.

Entre os médicos, profissão de maior remuneração e reconhecimento, os homens ainda são maioria (52,5%) e possuem salários maiores do que mulheres em postos equivalentes. O estudo de Demografia Médica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) diz que as mulheres têm menor probabilidade de chegar ao topo salarial e estão nos patamares mais baixos de remuneração no Brasil: 80% delas recebe até US$ 7.175, enquanto 51% deles recebe acima deste valor. Ainda com informações do estudo, homens têm 17,1% de chance de chegar ao topo da remuneração da categoria, já as mulheres apenas 4,1%, probabilidade mais de quatro vezes menor em comparação aos colegas do sexo masculino.

A presença das mulheres na linha de frente do combate à Covid-19 implica também em maior risco de contaminação e, consequentemente, óbitos. Espanha e Itália, países fortemente afetados pela transmissão do novo coronavírus, identificaram que 72% e 66% dos profissionais da saúde infectados são mulheres.

Mesmo diante de inúmeros indicativos desanimadores, elas continuam na busca por ocupar espaços e realizar trabalhos relevantes para a sociedade.

Conheça, seis mulheres brasileiras na liderança do combate à crise de Covid-19 e seus feitos:

Elizabete Mitsue Pereira é doutoranda pela Escola de Enfermagem da USP e Coordenadora da Atenção Básica do Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (IABAS)
Papel durante a pandemia de Covid-19: Elizabete foi responsável pela implantação do maior hospital de campanha do Brasil, o Hospital de Campanha Anhembi.

A frente do Hospital de Campanha do Anhembi, Elizabete acredita que os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 são muitos e mudam conforme as necessidades, mas um obstáculo recorrente é a estrutura, em sua implementação e gestão. “Temos 72 mil metros quadrados de hospital, a logística é o maior desafio. Por se tratar de uma doença nova, enfrentamos também um déficit quanto a profissionais treinados e, por isso, precisamos pensar em atividades mais intensivas de capacitação. Um ponto positivo é que conseguimos implantar o prontuário eletrônico –isso possibilitou o monitoramento de indicadores em tempo real, tanto presencialmente quanto a distância.” O Hospital de Campanha do Anhembi tem capacidade para atender 1.410 pacientes simultaneamente.

Enfermeira de formação e responsável pelo Hospital da Brasilândia, que atende exclusivamente pacientes graves de Covid-19 em 115 leitos, Elizabete diz que outro desafio está ligado ao psicológico das equipes de atendimento. “Existe uma angústia muito grande de se contaminar e levar a doença para casa. Identificamos quadros de ansiedade e, pensando nisso, implementamos um trabalho voltado para a saúde mental dos profissionais.”

Sobre as iniciativas para combater a doença, Elizabete ressalta a necessidade de avaliar cada cenário. Ela acredita que em nível local é preciso tentar manter as pessoas o máximo possível em casa, além de incentivar o uso de máscaras e a higienização das mãos. No âmbito hospitalar, preparação contínua e informação é a chave. “A capacitação deve ser sempre atualizada, e os profissionais devem ser preparados para lidar com o ambiente de trabalho e fora dele –amigos, familiares e como manter-se protegido fora de casa.”

Novo normal
“Abri mão de muita coisa. Sou uma pessoa que trabalha com horários, faço atividade física e mantenho uma boa alimentação. Com o ritmo intenso de trabalho, houve dias em que não me alimentei”, diz Elizabete. “Acabei me distanciando da minha família e da minha filha (Giulia, 17 anos). Perdi a noção do que é fim de semana e feriado. O que me motiva é salvar vidas e a esperança de que tudo vai ficar bem.” Desde abril, a equipe de Elizabete conseguiu salvar mais de 2.800 pessoas infectadas com Covid-19.

Dra. Ludhmila HajjarProfessora da Universidade de São Paulo, médica cardiologista, porta-voz da Sociedade Brasileira de Cardiologia e chefe de UTI no Hospital da Clínicas de São Paulo, Papel durante a pandemia de Covid-19: Treinamento de médicos para combate à doença e cuidado de pacientes infectados; participação ativa nas reuniões de atualização sobre o avanço do novo coronavírus no país.

Como cardiologista, uma das principais frentes de atuação e estudo de Ludhmila Hajjar, tem sido no impacto da doença no coração e formas de tratamento mais eficazes. Para a doutora, o principal desafio do momento é o treinamento dos profissionais da saúde e estrutura de atendimento. “É preciso capacitar pessoas de todos os locais. Em junho, a doença estava avançando para regiões interioranas e setores periféricos. Então, a preocupação é a capacitação e a estrutura de atendimento”, diz Ludhmila que ressalta: “Esse não é o único desafio da Covid-19. Precisamos ter em mente que outros tratamentos como o de doenças cardíacas, cerebrovasculares e câncer não podem parar, mesmo diante da crise”. Durante a pandemia do novo coronavírus, especialistas médicos de diferentes áreas foram remanejados para assegurar atendimento aos infectados pela doença, o que reduz a força de trabalho disponível para suprir a demanda de outras patologias.

Ludhmila acredita que a chave para combater a pandemia é uma junção de trabalho em conjunto e comunicação. “Precisamos ter linguagem única e trabalhar de forma unificada em todas os extratos. O governo precisa prover sustentação economia aos vulneráveis e o isolamento deve acontecer de forma responsável e monitorada.” A doutora acredita que a doença possa causar novos picos de infecção e que, neste sentido, o papel da ciência é fundamental na orientação, assim como o apoio internacional.

Novo normal A crise tem transformado a rotina de Ludhmila, antes atuante no tratamento de pacientes com problemas no coração e câncer, hoje, a doutora atua nos cuidados de infectados graves de Covid-19 e treinamento de profissionais 80% do tempo. “Não existe fim de semana e feriado. Me sinto honrada, somos os soldados e precisamos fazer o possível para deixar o exemplo.” Esperançosa, ela não pensa o momento como uma crise: “Vamos utilizar esse momento para implementar mudanças que não ocorreram antes, com foco em tecnologia saúde e educação, para ter uma sociedade mais justa e menos desigual”.

Margareth Dalcolmo é pneumologista e pesquisadora clínica da Fiocruz Papel durante a pandemia de Covid-19: Assistência a pacientes; pesquisa de doenças do trato respiratório e membro das discussões e protocolos de orientação sobre a Covid-19.

Enquanto pesquisadora Fiocruz, Margareth Dalcolmo tem nas mãos o desafio de analisar estudos e todo o material científico produzido sobre o novo coronavírus, a fim de propor as melhores saídas em tratamento e orientação à população. “Estou na questão assistencial nos protocolos, na análise de toda a literatura, no fornecimento de informações para imprensa médica e leiga”. Em um momento em que a definição sobre o comportamento completo da doença e tratamentos ainda não são totalmente conclusivos, o que impressiona é o grande esforço da classe científica em produzir conhecimento sobre o assunto. “São mais de 40 mil artigos produzidos, nunca houve uma avalanche de informações tão grande quanto temos agora. São estudos que vão de melhores práticas a tratamentos, fármacos, infecção, reinfecção e condutas.”

Para ela, os desafios do momento são multidisciplinares e passeiam entre informar a população corretamente com informações confiáveis, promover políticas de saúde pública, reduzir a mortalidade, aumentar a testagem da população e incentivar a participação do setor privado para mitigar a exclusão social. “Isso não é uma responsabilidade só do governo, mas também da sociedade brasileira.” Para estimular a participação do setor privado, a Forbes traz na edição impressa de número 78 a lista das “100 Maiores Empresas Doadoras” do país que, juntas, destinaram mais de R$ 5,4 bilhões contra a Covid-19.

No combate à pandemia, Margareth apela para um lado pouco pensado da crise: o saneamento básico. Além da necessidade de levar informação, a médica ressalta que metade da população brasileira não tem rede de esgoto tratado e mais de 40 milhões vivem sem água tratada. Tal ponto requer atenção, uma vez que as boas práticas de higiene são primordiais para frear a disseminação da doença causada pelo novo coronavírus. “A crise pode resultar em uma mudança de olhar humanitário e justiça social. Somos a nona maior economia do mundo.”

Sobre o momento certo de procurar assistência médica, Margareth comenta sobre a mudança de postura: “Revimos alguns conceitos. No início, dissemos que as pessoas não deveriam procurar a unidade de saúde a não ser em casos graves. Hoje está muito claro que diante de sintomas é preciso ir ao médico. Muitas pessoas morreram em casa sem ajuda.”

Novo normal
“Sabíamos que a doença chegaria aqui. Ela chegou e mudou a vida dos profissionais da Fiocruz de forma surpreendente. Precisamos remanejar os turnos para diminuir o grau de contaminação e passamos a usar mais equipamentos de proteção –com a mesma indicação para os pacientes.”

Mariângela Simão é vice-diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Papel durante a pandemia de Covid-19: Garantia de acesso a fármacos e vacinas em pesquisa para países menos favorecidos economicamente, por meio de políticas e acordos de uso equitativo.

Atuante no corpo de liderança da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela defende que a maior prioridade do momento é a busca por medicamentos efetivos para o combate à Covid-19 e uma vacina eficaz. “A proposta de ter um medicamento adequado não necessariamente envolve a diminuição dos dias de internação, mas, sim, da mortalidade. Fora a dexametasona, não tem nenhum tratamento específico comprovadamente eficaz. Quanto à vacina, a procura é por uma que possa ser utilizada em larga escala. Temos em torno de 1.580 candidatas e, dentro deste número, 15 em fase adiantada de desenvolvimento.” O segundo passo para a vice-diretora é garantir que os recursos estejam disponíveis para todos que precisam, com garantia de que haja solidariedade internacional. “Uma preocupação são os acordos bilaterais. É preciso pensar globalmente, ainda mais diante de uma crise que envolve um vírus respiratório. Enquanto houver surto em um único país, nenhuma outra nação estará segura.”

Ela diz que cada nação requer atenção e medidas distintas. “Os países estão passando por diferentes momentos: tem situações de lugares afetados por conflitos, com refugiados e outros com uma logística ruim em sistema de saúde ou com maior proteção social. Em cada um deles o impacto é diferente e neste ponto que entram os governantes”. Para ela, os líderes precisam trabalhar com boa comunicação e garantir a confiança da população local para que as orientações sejam seguidas pelos cidadãos. “O respeito é um questão importante. Se você não confia na autoridade, nada é feito.”

Novo normal
“É um trabalho interminável e contínuo, sem feriados e fins de semana. Precisamos acelerar a busca por soluções tecnológicas e desempenhar um trabalho intenso enquanto organização com parceiros para aumentar a velocidade das pesquisas e desenvolvimento de diagnósticos. A rapidez, nesse momento, é fundamental para poupar vidas.”

Apesar da intensa carga de trabalho, Mariângela diz que, em paralelo, a antiga rotina de trabalho ainda existe. “As pessoas continuam precisando de medicamento para outras doenças. O que a pandemia trouxe foi acréscimo de demanda”.

Eloisa Bonfá é reumatologista e diretora Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Papel durante a pandemia de Covid-19: Atua na gestão do Hospital das Clínicas e em sua transformação em centro para tratamento de Covid-19 e é coordenadora do comitê de crise do HC.

Com mais de trintas clínicas diferentes, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) foi transformado para atender apenas pacientes com Covid-19. “O instituto foi inteiramente esvaziado e dedicado apenas ao novo coronavírus. Registramos mais de 3.000 internações e 200 pessoas que obtiveram alta”, diz Eloisa Bonfá.

Ela afirma que durante o processo de atendimento a doentes com Covid-19 foi verificada a necessidade de dedicar espaços de enfermaria para diferentes perfis de pacientes, como crianças, gestantes e pessoas com quadros psiquiátricos. E o maior desafio da transição foi “organizar a equipe multidisciplinar e de diferentes especialidades porque não tínhamos intensivistas suficientes. Montamos times de atendimento rápido para intubação, fazer acesso venoso e de pronação (técnica de colocar o paciente de bruços para aumentar o fluxo sanguíneo)”. A médica diz que manter a equipe motivada também é um esforço constante: “Eles também têm receios. Conseguir com que as pessoas aceitem fazer parte da linha e frente é um trabalho árduo”.

Para a doutora, a maior meta do momento é conseguir desmobilizar parte das alas de Covid para que o hospital possa voltar a atender pacientes graves de outras especialidades. “O objetivo agora é trabalhar com um ‘novo normal’, onde possamos manter uma área destinada à Covid-19, mas atender também os paciente graves de outras frentes porque ficaram desassistidos nesse processo”. Outro compromisso do HC para o momento é tentar minimizar as perdas enquanto hospital-escola. “Obviamente houve ganho em experiência profissional, mas precisamos trabalhar para recuperar o que foi perdido por conta do prazo de formação dos alunos”, afirma.

Como ponto positivo em meio à crise, Eloisa destaca o volume de doações recebidas pelo hospital. “Neste período todo, recebemos doações da sociedade em níveis que nunca vimos antes. Esse é um caminho interessante que veio para ficar.”

Novo normal “Eu trabalhava no prédio administrativo e fazia minhas atividades na área da reumatologia. Nunca mais fiz isso. Passei a ficar apenas no instituto, não tem sábado nem domingo. Trabalhamos pelo menos 11 horas por dia e, quando chegamos em casa, precisamos nos isolar”, comenta a doutora. “Somos um hospital sólido com 76 anos, e essa foi a maior guerra que já enfrentamos”.

A médica também ressalta que um grande aprendizado do momento foi o benefício que traz uma boa comunicação. “Comunicar envolve acolher e entender muitas vezes que a pessoas está irritada com você, mas com a situação. Em tempos de crise, a comunicação assertiva é fundamental porque são muitos problemas para lidar ao mesmo tempo. Quando feita da maneira correta, ela faz você ganhar parceiros e aliados”.

Ester Sabino é imunologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Papel durante a pandemia de Covid-19: Responsável pelo sequenciamento do genoma do vírus no Brasil em 48h, além de análise de kits de comerciais de diagnóstico e desenvolvimento de tecnologia de monitoramento remoto de pessoas com sintomas.

Ester Sabino ficou conhecida nacionalmente após sequenciar o genoma do novo coronavírus no Brasil em apenas 48h. Apesar do grande feito, a médica imunologista diz ter ficado surpresa com a repercussão. “Fiquei tentando entender, não estava esperando. O projeto é interessante, mas não é uma grande descoberta científica. Acredito que teve muito impacto pelo tempo levado. Tenho trabalhado em várias áreas. O sequenciamento foi a primeira e tem sido feito esquematicamente –até o final do mês de abril, fizemos quase 500 sequências do vírus.”

Após o alcance das notícias, a equipe da doutora que foi a primeira a sequenciar o vírus na América Latina e é composta 60% por mulheres, recebeu aporte R$ 200 mil da Alway, para auxiliar as pesquisas que buscam entender a curva de crescimento da Covid-19 no Brasil.

Entre outras atividades, a professora tem dedicado esforços também na análise de kits comerciais de diagnóstico de Covid-19 e faz parte do time de pesquisadores que, junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu uma plataforma para monitoramento remoto de pessoas com sintomas da doença em São Caetano do Sul, lançada em 6 de abril.

Entre os desafios enfrentados está o alto custo do sequenciamento. “Pelo vírus e pela tecnologia para o estudo serem importados, eles são caros e não chegam no tempo certo. Com a explosão do número de casos pelo mundo, a busca pelo material ficou ainda mais cara”, conta. Outro ponto abordado pela cientista é o de que “existe uma lacuna grande de investimento e os laboratórios brasileiros são carentes no apoio à infraestrutura. Tudo o que precisamos agora é de estrutura para continuar o desenvolvimento das pesquisas”. Ester afirma que ainda assim o momento é de cooperação e que pesquisadores de outras áreas tem trabalhado em prol de estudos voltados para a doença.

A pesquisadora também tem trabalhado em um projeto de prevalência sanguínea voltado para a Covid-19. O estudo, com apoio do banco Itaú busca definir a prevalência em bancos de sangue em tempo real, com dados analisados de forma rápida. “Isso pode ser interessante para qualquer outra ferramenta que possa surgir”, diz.

Em 23 de julho, a “Science”, uma das revistas científicas mais importantes do mundo, publicou um artigo sobre as características de disseminação do novo coronavírus no Brasil. O artigo publicado intitulado “Evolution and epidemic spread of SARS-CoV-2 in Brazil” (“Evolução e disseminação epidêmica do SARS-CoV-2 no Brasil”, na tradução livre) foi um estudo coordenado por Ester, de coautoria dos doutores Celso Granato e Carolina Lázari, do grupo Fleury, e em parceria com a Universidade Oxford.

Novo normal “Minha rotina mudou muito. Fiquei praticamente focada na Covid-19. Precisei parar o atendimento de pacientes com chagas e anemia falciforme que realizava antes. No mais, acredito que a pandemia tem uma mensagem de coordenação que ainda não foi assimilada: todo mundo está tentando fazer muito, mas sem pactuação, trabalho em conjunto e um plano de resposta efetivo tudo fica mais difícil”

Fonte_COFEN