O
Brasil conta hoje com um robusto sistema de saúde, o SUS, com mais de 200 mil
estabelecimentos de saúde, sejam ambulatoriais ou hospitalares; tem mais de 430
mil leitos e emprega diretamente mais de 3.500.000 profissionais da saúde, como
médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, odontólogos,
nutricionistas e psicólogos, bem como técnicos e auxiliares de enfermagem, de
laboratório, RX, etc, que atuam em todos os 5.570 municípios das cinco regiões
do país. É com essa estrutura que o Brasil tem enfrentado a pandemia da
covid-19, uma equipe multiprofissional de primeira linha.
Dados
atualizados do Ministério da Saúde (16/8) mostram que a doença está instalada
em todo o país: 3.340.197 casos confirmados e 107.852 óbitos, com 3,4% de
letalidade. Por outro lado, informações recentes da mídia nacional e
internacional mostram o crescente número de profissionais da saúde que estão se
contaminando na linha de frente do combate à pandemia, muitos chegando a óbito.
Apesar
desse expressivo contingente atuando no combate à covid-19, lamentavelmente a
situação não parece ser animadora, uma vez que há denúncias e relatos de
profissionais em situação de precarização do vínculo de trabalho, ausências de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI), salários atrasados, superlotação dos
hospitais para internação de casos graves decorrentes da covid-19, insegurança
e sobrecarga de trabalho, gerando stress, adoecimento e desgastes físicos
e psíquicos. Poderíamos afirmar que as premissas preconizadas pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) quanto ao trabalho decente têm se afastado de
nossa realidade e nos aproximado muito mais do trabalho precário, em que
profissionais geralmente são mal pagos, inseguros, desprotegidos e com
rendimentos insuficientes.
É
imperioso conhecer a real situação das condições de trabalho desses
profissionais da linha de frente, buscando compreender melhor essas
repercussões em sua vida profissional e pessoal, e as consequências de toda
essa vivência. A pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no
Contexto da Covid-19 no Brasil” é um estudo transversal, cuja população-alvo é
constituída por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, odontólogos,
nutricionistas, farmacêuticos/bioquímicos, psicólogos entre outros, além de
técnicos/auxiliares de enfermagem, de diagnóstico, de apoio à assistência –
todos voltados para o combate a pandemia. É um estudo com abordagem
quantitativa e qualitativa, de abrangência nacional, sendo capaz de gerar
resultados que permitirá conhecer a realidade brasileira, regionalmente. O
protocolo desta pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP-ENSP), e o questionário, totalmente disponível online, é de fácil e
rápido preenchimento (www.bitly.com/PesquisaFiocruz).
A
pesquisa é uma iniciativa da Fiocruz, por meio da Escola Nacional de Saúde
Pública Srrgio Arouca (Ensp) e do Centro de Estudos Estratégicos (CEE), que
busca contemplar parcerias com instituições acadêmicas e entidades
profissionais, assegurando assim a participação ativa em todas as etapas da
pesquisa. O estudo tem financiamento do Edital Inova Covid-19, promovido pelas
Vice-Presidências de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS), Pesquisa e Coleções
Biológicas (VPPCB) e Gestão e Desenvolvimento Institucional (VPGDI) da Fiocruz.
Hoje,
além das Unidades da Fiocruz envolvidas na coordenação da pesquisa, contamos
com uma rede institucional de parceiros/apoiadores, dentre eles: Cofen, CFM,
Conass, Conasems, Ufam, UFPA, Nescon/UFMG, FCMMG-FELUMA, ICICT-Fiocruz, IAM-
Fiocruz-PE, Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil/Academia Nacional de
Farmácia, Assobrafir, Abramurgem, SBPT, SBI, Abefaco, ASFOC-SN,
Sinmed-RJ, Sinmed-MG, Simesp, ISP-Brasil, Sobrasp, Cebes, etc. E esperamos mais
apoios nesse estratégico estudo sobre os trabalhadores da saúde.
Temos
a convicção que “o Brasil tem dois patrimônios no âmbito da saúde: o SUS e os
mais de 3 milhões e meio de Profissionais de Saúde que nele atuam”, e é
exatamente o que essa pesquisa busca: dar voz a essa legião de profissionais
que salvam vidas com coragem, bravura e profissionalismo.
Maria
Helena Machado, Antônio Ivo de Carvalho e Francisco Eduardo de Campos são
coordenadores da pesquisa “Condições de Trabalho dos profissionais de saúde no
contexto da Covid-19 no Brasil”
Fonte_COFEN
Nenhum comentário:
Postar um comentário