segunda-feira, 1 de maio de 2017

Dia do Trabalho


Entre as datas comemorativas, uma das mais importantes e que mais possuem repercussão internacional é o Dia do Trabalho, ou Dia Mundial do Trabalho, que é celebrado em diversos países em 1º de maio. Mas por que exatamente o dia 1º de maio é reservado para tal celebração? Os motivos remontam ao ano de 1886 e à cidade de Chicago, nos Estados Unidos da América. Mas antes de abordarmos esses eventos de 1886 nos Estados Unidos, é importante traçar, em linhas gerais, um panorama da situação dos trabalhadores entre o final do século XIX e o início do século XX.
A partir da segunda metade do século XVIII e, sobretudo, ao longo do século XIX, a indústria teve um desenvolvimento exponencial. A Revolução Industrial, que ocorreu na Inglaterra, rapidamente se espalhou pela Europa e atingiu também outros continentes, como o americano. Sabemos que, durante o processo de industrialização, as relações sociais e a geografia urbana transformaram-se radicalmente. Isso aconteceu porque a construção dos parques industriais em torno das cidades provocou uma grande concentração de pessoas, isto é, a massa de proletários que alimenta a indústria com seu trabalho.
Na medida em que as grandes fábricas iam aparecendo, a massa de operários também crescia. A realidade de muitos trabalhadores no século XIX era em grande parte precária, com extenuantes jornadas de trabalho que chegavam a somar-se em 15 ou 18 horas diárias. Não havia grandes planejamentos empresariais para dar conta da nova realidade do trabalho nas fábricas, tampouco havia legislações trabalhistas que pudessem atender todas as demandas dos trabalhadores.
Em meio a tal situação, começaram a surgir as primeiras organizações de trabalhadores, expressas nos sindicatos e outras formas de representação. Tais organizações estavam imbuídas de ideologias de esquerda, como o comunismo e o anarquismo (sobretudo o anarcossindicalismo, que teve na Itália uma ampla adesão, com lideranças como Errico Malatesta). Essas organizações de trabalhadores valiam-se de variadas táticas para pressionar os industriais. A greve geral era a principal delas. Foi em virtude de uma onda de greves gerais nos Estados Unidos, no século XIX, que o Dia do Trabalho tornou-se icônico internacionalmente.
No dia 1º de maio de 1886, em Chicago (EUA), houve uma grande greve nas fábricas dessa cidade, que, à época, já era um grande centro urbano e industrial dos Estados Unidos. Essa greve foi duramente reprimida pelo aparato policial da cidade. Nos dias seguintes, a greve continuou, seguida por manifestações e concentrações públicas. No dia 04 de maio, muitos manifestantes estavam reunidos na praça Haymarket, em Chicago, circundados pela polícia, quando, em dado momento, uma bomba explodiu, ferindo dezenas de pessoas e levando sete ao óbito. Entre as vítimas fatais estavam tanto policiais quanto manifestantes. A polícia revidou abrindo fogo contra os manifestantes, cuja maioria partilhava das ideias anarquistas, matando dezenas de pessoas.
Alguns dos manifestantes foram acusados de participação na explosão da bomba, julgados e condenados à execução. Esse acontecimento fatídico passou a ser o símbolo das revoltas e manifestações dos anos seguintes, não apenas nos Estados Unidos, mas também em muitos outros países. Como o dia 1º de maio constituiu a data em que os eventos começaram (por meio da greve geral), esse dia passou a ser usado como marco de memória tanto das reivindicações dos trabalhadores quanto das mortes na praça Haymarket.
No Brasil, já na década de 1890, havia focos de homenagens ao 1º de maio por parte de grupos de trabalhadores. Porém, só em 1924, no governo do presidente Arthur Bernades, o dia 1º de maio foi oficializado como Dia do Trabalho. A oficialização deveu-se também às pressões que grupos organizados de trabalhadores passaram a exercer, desde a década de 1910, em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário