Imuniza SUS

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Ministério da Saúde credencia sete novas equipes de saúde no Acre

 


Para fortalecer a Estratégia da Saúde da Família (ESF), o Ministério da Saúde credenciou sete novas equipes de saúde no Acre, parte de um total de 2.363 novas equipes em 561 municípios brasileiros. A iniciativa representa um investimento do governo federal no valor de R$ 854 milhões, sendo R$ 130 milhões neste ano e R$ 724 milhões para 2025.

ESF é um eixo prioritário para a expansão, qualificação e consolidação da Atenção Primária à Saúde no Brasil. A iniciativa possibilita o aumento da cobertura, do acesso e da qualidade do atendimento aos usuários, especialmente naqueles municípios de maior vulnerabilidade. 

Com o novo credenciamento, os municípios são autorizados a receber os incentivos federais de implantação e custeio das equipes de Saúde da Família (eSF). No entanto, conforme a Portaria GM/MS nº 5.610, de 23 de outubro de 2024, mesmo com a autorização formalizada, os gestores municipais têm até dezembro de 2024 para cadastrar as equipes no Sistema Nacional de Cadastro de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) para finalizar o processo, sob pena de descredenciamento. 

“As portarias estão dentro do planejado pelo Ministério da Saúde para fortalecer e expandir a estratégia de Saúde da Família, a saúde bucal do Brasil Sorridente. Essas medidas possibilitam que os municípios efetivem essas equipes e passem a receber o custeio federal, de modo que, com isso, possamos atingir a meta de 80% de cobertura da saúde da família até 2026, e dentro da perspectiva de uma saúde da família com mais adequação ao tamanho da população e que consiga promover um cuidado integral e com ações no território”, destacou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço. 

A região que possui o maior número de novos credenciamentos, influenciada pela quantidade de solicitações e pelo porte populacional dos municípios, foi a Sudeste (1.263), seguida pelas regiões Nordeste (476), Norte (323), Sul (187) e Centro Oeste, com 117 novos credenciamentos. 

Composição das equipes 

As equipes de Saúde da Família (eSF) são compostas por, no mínimo, um médico, um enfermeiro, um auxiliar e/ou técnico de enfermagem e um agente comunitário de saúde (ACS). Podendo também fazer parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal, como cirurgião-dentista, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. 

Em abril deste ano, o Ministério publicou um novo modelo de Financiamento Federal da Atenção Primária à Saúde, instituído pela Portaria GM/MS nº 3.493, de 10 de abril de 2024, que traz a nova metodologia de cofinanciamento federal do Piso de Atenção Primária à Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). A nova regra visa aperfeiçoar a distribuição de recursos federais, promovendo maior eficiência e equidade na alocação de recursos para a atenção primária em todo o território nacional. 

Para conhecer os componentes do financiamento das equipes de Saúde da Família acesse o FAQ do novo financiamento da Atenção Primária à Saúde 

Fonte _ Saúde

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Saúde adota novo esquema vacinal contra a poliomielite no Acre

 


A partir desta segunda-feira (4), o esquema vacinal contra poliomielite passa a ser composto, exclusivamente, por uma dose de vacina inativada poliomielite (VIP). A decisão do Ministério da Saúde em substituir as duas doses de reforço com vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), a famosa ‘gotinha’, pela injetável levou em conta as novas evidências científicas para proteção contra a doença. Com o avanço tecnológico, será possível garantir uma maior eficácia do esquema vacinal. 

Atualmente, há cerca de 38 mil salas de vacinação nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em todo o país. A meta do Ministério da Saúde é que a cobertura vacinal alcance 95% até o fim deste ano. Em 2023, a cobertura da VIP foi de 86,5% e a de VOP 78,2%, segundo as informações contidas na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). No Acre, os percentuais de imunização foram de 74,35% para a VIP e 60,34% para a VOP. 

Para o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), Eder Gatti, a mudança é significativa e pode ser observada no mundo inteiro. Países como o Estados Unidos e nações europeias já utilizam esquemas vacinais exclusivos com a VIP. 

“O Ministério da Saúde está seguindo uma tendência mundial e está substituindo as duas doses de reforço com a gotinha por uma dose da vacina injetável, que tem uma plataforma mais segura e protege muito bem as nossas crianças”, explica Gatti. 

O esquema vacinal anterior contemplava a administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço da VOP, a ‘gotinha’, aos 15 meses e aos 4 anos de idade. A partir de hoje, será necessária apenas uma dose de reforço com VIP, aos 15 meses. 

Desta forma o esquema vacinal passa a ser

2 meses – 1ª dose;

4 meses – 2ª dose;

6 meses – 3ª dose;

15 meses – dose de reforço.

Coberturas vacinais 

A nova estratégia para uso do imunizante injetável é mais um passo para garantir que o Brasil se mantenha livre da poliomielite. O país está há 34 anos sem a doença, graças à vacinação em massa da população. 

O Brasil tem se destacado positivamente no avanço das coberturas vacinais. Após enfrentar declínios desde o ano de 2016, em 2023 o país reverteu a tendência de queda de 13 dos 16 imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação. E a vacinação contra a poliomielite no país é uma das causas do resultado positivo. 

O Zé Gotinha vai se aposentar? 

O famoso personagem Zé Gotinha, criado nos anos 1980, é o símbolo da luta contra a poliomielite e, além disso, foi usado para alertar sobre a prevenção de doenças imunopreveníveis. Mesmo com a mudança, ele continuará atuando em prol da vacinação e da vida. 

“O Zé Gotinha não vai desaparecer, pelo contrário, ele continua firme e forte na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e na promoção do PNI. Ele ajuda a promover não só o SUS, mas promover a vida, promover a vacinação”, reforça o diretor do DPNI.

Fonte _ Saúde

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Taxa de mortalidade por câncer de mama aumenta 86,2% em 22 Anos no Brasil

 

Um levantamento realizado pela Umane, associação civil dedicada ao apoio a iniciativas de saúde pública, revelou um aumento de 86,2% na taxa de mortalidade por câncer de mama no Brasil ao longo de 22 anos. Os dados, obtidos do Sistema de Informações da Mortalidade (SIM/SUS), mostram que a taxa subiu de 9,4 para 17,5 por 100 mil habitantes entre os anos de 2000 e 2022.

De acordo com Maira Caleffi, chefe do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre e presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), essa elevação não pode ser atribuída a um único fator, mas a uma combinação de elementos interligados. Destacam-se o acelerado envelhecimento populacional do Brasil, que está alterando sua pirâmide etária, e o aumento significativo da obesidade.

O Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a proporção de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil alcançou 10,9% da população, representando um crescimento de 57,4% em comparação a 2010, quando essa faixa etária representava apenas 7,4% do total. Maira ressalta que o envelhecimento está diretamente relacionado ao aumento dos diagnósticos de câncer, uma vez que, com o passar do tempo, as células se tornam mais suscetíveis a mutações. No que diz respeito à obesidade, que atualmente afeta cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o tecido adiposo eleva a secreção de substâncias inflamatórias, estimulando a multiplicação de células, incluindo as cancerígenas.

O estudo também evidenciou que o aumento na taxa de mortalidade por câncer de mama ocorreu em todas as faixas etárias acima de 35 anos, com destaque para mulheres acima de 65 anos, que apresentaram um aumento de 179% nos registros. Observou-se um crescimento de 140% entre mulheres de 55 a 64 anos, 81% na faixa de 45 a 54 anos e 72% entre aquelas de 35 a 44 anos. Maira aponta que a crescente ingestão de alimentos industrializados e ultraprocessados contribui para o aumento dos índices de obesidade, elevando, consequentemente, as taxas de câncer. “O excesso de peso não apenas favorece o desenvolvimento da doença, mas também é um fator de risco para desfechos negativos”, alerta.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC), Luis Eduardo Werneck, ressalta que todos podem desenvolver células cancerígenas, mas o organismo possui mecanismos que normalmente eliminam essas células doentes. No entanto, esse sistema pode falhar devido a predisposições genéticas ou fatores ambientais, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo ou consumo excessivo de álcool. “Nas últimas décadas, essa interação com fatores ambientais tornou-se ainda mais desfavorável, o que pode estar ligado ao aumento da mortalidade pela doença”, explica o especialista.

Apesar dos números alarmantes, Fabiana Makdissi, líder do Centro de Referência dos Tumores de Mama do A.C. Camargo Cancer Center em São Paulo, enfatiza que o diagnóstico precoce do câncer de mama pode resultar em até 98% de chances de cura. Essa informação sugere uma das principais hipóteses para o aumento da mortalidade nos últimos 22 anos: a doença tem sido frequentemente diagnosticada em estágios avançados.

Fabiana observa que as sociedades médicas têm trabalhado para estabelecer que o início da mamografia, considerada o melhor método para o diagnóstico precoce do câncer de mama, seja recomendado a partir dos 40 anos. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde recomendam o procedimento a partir dos 50 anos. Maira Caleffi acrescenta que muitas mulheres enfrentam o câncer de mama durante anos sem suspeitar, descobrindo a doença apenas ao buscar atendimento de emergência. “É comum que esses casos já estejam em estágio avançado, com cinco anos ou mais de evolução quando finalmente diagnosticados”, destaca.

O estudo revelou que a maioria das mortes por câncer de mama ocorreu entre mulheres com menor nível educacional, especificamente aquelas que completaram até sete anos de estudo. Nesse grupo, foram registradas 8.311 mortes, representando um aumento de 189% em comparação aos 2.879 óbitos entre mulheres que possuíam 12 anos ou mais de educação formal. Os especialistas ressaltam que esses dados evidenciam a relação entre taxas de mortalidade e determinantes sociais.



Fabiana enfatiza a importância de reconhecer as mulheres por trás dos índices de mortalidade levantados pela Umane. Muitas residem em áreas remotas e enfrentam dificuldades no acesso aos serviços de saúde e na realização de exames de rastreio. “Quando o diagnóstico ocorre, frequentemente há uma lacuna significativa entre os tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e aqueles disponibilizados por operadoras de saúde”, destaca a médica.

Werneck ressalta que, embora o SUS represente uma conquista importante para o Brasil, a qualidade e o acesso aos serviços de saúde, especialmente em casos de câncer em estágios avançados, muitas vezes são inferiores aos da rede privada. Além disso, a qualidade dos serviços pode variar consideravelmente entre os diferentes estados do país. “Essa discrepância tem diminuído, mas, devido aos custos das novas tecnologias, ainda existem muitas diferenças entre os serviços ofertados”, conclui o especialista.

Os especialistas destacam que várias estratégias de prevenção do câncer de mama incluem a adoção de hábitos alimentares saudáveis, a prática regular de exercícios físicos, a cessação do tabagismo e a moderação no consumo de álcool. Contudo, enfatizam que o rastreamento é uma abordagem fundamental. Até o momento, a mamografia permanece insubstituível, embora em alguns casos o ultrassom e a ressonância magnética também possam ser necessários.

Maira Caleffi recomenda que os exames de rastreio sejam iniciados mais cedo, especialmente para aqueles com histórico familiar de câncer de mama, independentemente de ser em mulheres ou homens, ou de tumores bilaterais. Nesses casos, a realização de exames antes dos 40 anos pode ser crucial para a identificação precoce da doença. “Embora o aconselhamento genético forneça diretrizes valiosas, nem todos têm acesso a essa opção”, observa.

Além disso, a especialista destaca a importância do acompanhamento médico e da complementação da mamografia com exames clínicos, especialmente em mulheres mais jovens, onde a mamografia pode apresentar limitações. “As mamas mais jovens costumam ser mais densas, o que dificulta a visualização de nódulos”, explica.

Quanto ao autoexame, Maira considera-o importante, mas ressalta que não deve ser a única estratégia utilizada, pois pode proporcionar uma falsa sensação de segurança e dificultar o diagnóstico precoce. “O autoexame deve ser complementado com exames de rastreio, mas não pode ser negligenciado, pois representa uma forma crucial de autoconhecimento sobre o próprio corpo”.

Fonte _ COFEN