Em
2024, a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira comemora
10 anos. Para marcar a data, o Ministério da Saúde lançou uma série especial de
notícias que aborda diversos aspectos do documento. As recomendações
atualizadas nesta edição têm como objetivo promover uma alimentação saudável
que beneficie a saúde individual, respeite e valorize as tradições locais, e
cuide do meio ambiente. Nesse contexto, o guia recomenda evitar alimentos
ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos de pacote e
refrigerantes, devido à sua composição nutricional desequilibrada e ao alto
teor de calorias, que contribuem para a obesidade e o desenvolvimento de
doenças.
Embora
sejam por natureza não saudáveis, esses alimentos têm ganhado popularidade
devido ao seu baixo preço, alta disponibilidade, conveniência e sabor. De
acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), no ano passado,
23% dos homens e 19% das mulheres em Rio Branco consumiram cinco ou mais tipos
de alimentos ultraprocessados no dia anterior à entrevista. A pesquisa é
conduzida com uma amostra de adultos com mais de 18 anos em todas as 26
capitais brasileiras e no Distrito Federal. No total, foram realizadas 21.690
entrevistas: 10.858 por meio de telefones fixos e 10.832 por telefones
móveis.
Esses
alimentos também possuem impactos negativos na cultura, na vida social e no
meio ambiente, afetando, assim, a saúde e o bem-estar das pessoas.
Cultura
Esses
alimentos afetam a cultura ao promover marcas padronizadas mundialmente e
campanhas publicitárias agressivas. Essas estratégias criam uma falsa sensação
de diversidade e fazem com que as tradições alimentares locais pareçam
desinteressantes, especialmente para os jovens. Como resultado, há um crescente
desejo de consumir esses produtos para se alinhar a uma cultura supostamente
moderna e superior, diminuindo a importância das práticas alimentares
tradicionais.
Vida
social
Projetados
para consumo imediato, podendo ser ingeridos a qualquer hora e em qualquer
lugar, os alimentos ultraprocessados eliminam a necessidade de preparar e
compartilhar refeições. Seu consumo frequente ocorre em momentos de isolamento,
como ao assistir televisão ou trabalhar no computador, o que reduz as
oportunidades de interação social. Segundo o guia, a "interação
social" mostrada nas campanhas publicitárias desses produtos não reflete a
realidade.
Meio
ambiente
A
produção e comercialização de alimentos ultraprocessados causam danos ao meio
ambiente. As embalagens não biodegradáveis poluem o ambiente e exigem novas
tecnologias para gestão de resíduos. A demanda por ingredientes como açúcar e
óleos vegetais estimula monoculturas que utilizam agrotóxicos e fertilizantes,
prejudicando a biodiversidade. Além disso, o transporte desse alimento consome
muita energia e emite poluentes, enquanto o uso excessivo de água compromete
recursos naturais essenciais.
Kelly
Alves explica que uma das vertentes abordadas pelo Ministério da Saúde é o
incentivo à alimentação adequada e saudável. Isso é feito por meio da
divulgação clara de informações sobre essas práticas, os grupos de alimentos e
suas características positivas e negativas. “A nossa orientação não se baseia
em uma abordagem de permitido e proibido, mas sim em incentivar escolhas
alimentares saudáveis e evitar aquilo que pode representar riscos à saúde”,
observa.
Histórico
do Guia
A
primeira edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, publicada em
2006 pelo ministério, apresentou as primeiras diretrizes alimentares oficiais
para a população. Com as transformações sociais que impactaram as condições de
saúde e nutrição da sociedade, foi necessário atualizar as recomendações.
A
segunda edição, desenvolvida em parceria com Núcleo de Pesquisas
Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP) com
apoio da Organização Panamericana de Saúde (Opas), disponível desde 2014, foi
elaborada após um amplo processo de consulta pública que envolveu um extenso
debate com diversos setores da sociedade. Essa versão permanece atual mesmo
após uma década. "As evidências científicas mostram que os problemas de
saúde que estavam presentes na época da revisão, como as doenças crônicas não
transmissíveis, continuam avançando e estão diretamente relacionados à
alimentação inadequada", conclui a coordenadora.
Acesse o Guia Alimentar na íntegra
Fonte _ Saúde
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