O
teste citopatológico para a detecção do HPV, popularmente conhecido como
papanicolau, será gradualmente substituído, no Sistema Único de Saúde, pelo
exame molecular de DNA-HPV. O teste molecular é recomendado como exame primário
para detecção do HPV pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por ser mais
eficaz na redução de casos de câncer e óbitos.
A
coleta pode ser feita por enfermeiros capacitados, como já acontece com o
papanicolau na Atenção Primária à Saúde (APS). “A forma de coletar é muito
parecida com a colpocitologia oncótica, o papanicolau. O material é um
pouquinho diferente, com treinamento básico o enfermeiro pode coletar o exame”,
explica a enfermeira Gabriela Giacomini, da Câmara Técnica de Enfermagem e
Saúde da Mulher (CTESM/Cofen).
A
mudança faz parte das novas diretrizes para o diagnóstico do câncer do colo do
útero, apresentadas na quarta-feira (26) pelo Instituto Nacional do Câncer
(Inca). As orientações já foram aprovadas pela Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde e pela Comissão de
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (Conitec).
Com
a mudança, tempo de intervalo entre as coletas, quando não houver diagnóstico
do vírus, passará a ser de cinco anos. Já a faixa-etária para o exame de
rastreio, quando não houver sintomas ou suspeita de infecção, permanece a
mesma: de 25 a 49 anos.
O
teste molecular permite identificar o subtipo do vírus, caso o resultado seja
positivo. A identificação é importante, pois alguns subtipos estão associados a
maior risco. Se foi detectado um tipo oncogênico, como o 16 e o 18, que são
responsáveis por 70% das lesões precursoras de câncer, a mulher vai ser
encaminhada diretamente à colposcopia. Se a colposcopia identificar uma doença
cervical, vai seguir para condutas específicas.
De
acordo com dados do Sistema de Informação do Câncer, entre 2021 e 2023, apenas
três estados tiveram cobertura de realização de papanicolau próxima de 50% do
público-alvo. Além disso, há estados, como Acre, Maranhão e Mato Grosso, onde a
maior parte dos resultados foi entregue após 30 dias, o que dificulta a
realização de exames confirmatórios para que a paciente inicie o tratamento em
até 60 dias, como determina a legislação.
Enfermagem
e o Câncer de Colo do Útero
“O
enfermeiro tem papel fundamental no combate ao câncer de colo do útero, tanto
na prevenção, com a vacina da HPV e a orientação à população, quanto no
rastreio [de risco] e na detecção precoce, quando se observa lesões que podem
ser precursoras do câncer de colo do útero. É importante também a orientação de
seguimento, direcionando a mulher para os atendimentos necessários”, explica
Gabriela Giacomini.
O
HPV é responsável por quase 100% dos casos de câncer do colo do útero, o
terceiro tipo de câncer mais incidente entre as brasileiras, além de estar
associado ao câncer na faringe, pênis, vagina e ânus. A vacina está
disponível em dose única para meninas e meninos de 9 a 14 anos; pessoas
imunocomprometidas (que vivem com o HIV, transplantadas ou pacientes
oncológicos) com três doses; vítimas de abuso sexual; usuários de profilaxia
pré-exposição (PrEP) de HIV e pacientes portadores de papilomatose respiratória
recorrente (PRR).
“É
importante que os pais vacinem suas crianças e adolescentes na idade correta,
antes do início da vida sexual, pois a vacina é mas eficaz antes do contato com
o vírus”, afirma a conselheira federal Betânia Santos, coordenadora da Câmara
Técnica de Enfermagem em Atenção à Saúde do Adolescente, Adulto e Idoso
(CTEASAAI/Cofen)
Fonte _ COFEN
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