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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Levantamento revela déficit de 17 mil enfermeiros e técnicos de enfermagem


O combate ao coronavírus está expondo o número insuficiente de profissionais especializados nas UTIs.
Pacientes enfrentam a fase mais difícil e perigosa da Covid-19: a vida deles depende de equipamentos e cuidados especiais, que só existem dentro de uma UTI. Desde março, quando a pandemia chegou ao país, hospitais públicos e particulares criaram quase 12,5 mil novos leitos de terapia intensiva.
Mas o funcionamento de toda essa estrutura depende de profissionais altamente especializados, mão de obra que anda em falta.
Um levantamento do Conselho Federal de Enfermagem revela um déficit de pelo menos 17 mil profissionais, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem.
“A pandemia junto como adoecimento dos pacientes ela tem trazido maior adoecimento dos profissionais de enfermagem que estão expostos aos riscos. Então, o déficit de pessoal de enfermagem que já existia tem sido muito mais agravado agora”, destaca Michely Filete, chefe da divisão de fiscalização do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Um dos hospitais de campanha montados pela prefeitura de São Paulo também está com dificuldades para completar o quadro de funcionários. Os pedidos de demissão aumentaram nas últimas semanas. Para cada dez leitos de UTI, são necessários, pelo menos, 11 profissionais de saúde: um médico supervisor, um médico, três enfermeiros, no mínimo cinco técnicos de enfermagem, além de um fisioterapeuta.
O coordenador das UTIs de Covid-19 do Hospital das Clínicas de São Paulo, Carlos Roberto de Carvalho, diz que a especialização desses profissionais leva até quatro anos. Para ajudar os mais jovens, o médico conta que criou um manual de atendimento.
“Várias sociedades médicas brasileiras e internacionais têm proposto manuais de atendimento, de assistência e esses manuais vão sendo ajustados, vão sendo atualizados pelos novos conhecimentos que vão sendo gerados”, explica.
A pandemia impôs um desafio extra para os residentes. São profissionais que ainda não completaram o período de formação, mas que já estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Mais do que conhecimento para lidar com uma doença nova, eles estão aprendendo, de uma forma ainda mais intensa, a dura rotina dentro de uma UTI.
A professora da Escola Paulista de Medicina, Flávia Oliveira Machado, responsável pela formação de residentes médicos e de outras áreas da saúde, conta que tem orientado seus alunos a enxergar o trabalho por outro ângulo.
“É tentar mudar a visão deles para aqueles que a gente salva. Ver quantas vidas já saíram das nossas UTIs. e ter esse pensamento positivo que é o que nos leva adiante e tem nos dado força para continuar nessa jornada”, avalia.
A prefeitura de São Paulo declarou que contratou mais de 8.800 profissionais de saúde para enfrentar a pandemia e que está com processo seletivo aberto para contratar mais.
Assista a reportagem.

Fonte_COFEN

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