terça-feira, 16 de setembro de 2025
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Ministério da Saúde recebe primeiro lote de 2,5 milhões de canetas reutilizáveis para insulina
Ministério
da Saúde recebeu uma nova remessa de 321,4 mil canetas reutilizáveis para
aplicação de insulina NPH e regular. A distribuição aos estados
começou na sexta-feira (12). Até outubro, mais 2,2 milhões de unidades serão
entregues pela empresa, totalizando 2,5 milhões de canetas. A quantidade
assegura o abastecimento nacional e o cuidado dos pacientes com diabetes atendidos
pelo Sistema
Único de Saúde (SUS).
A
caneta reutilizável é indicada para administração das insulinas NPH e regular e
tem validade de três anos após o primeiro uso. Somente em 2024, já foram
entregues mais de 2,1 milhões de unidades.
“A
entrega das canetas reutilizáveis contribui para ampliar a adesão ao tratamento
e reforça o compromisso do SUS com os pacientes. No caso da insulina, a rede
pública de saúde está devidamente abastecida, mesmo diante da restrição global
na produção do medicamento. O Ministério da Saúde recorreu à compra
internacional diante da falta do produto no mercado interno. O acesso da
população está garantido durante todo o ano”, destacou o coordenador-geral da
Assistência Farmacêutica Básica do Ministério da Saúde, Rafael Poloni.
Mudança
de tecnologia
A
atual empresa fornecedora produz canetas do tipo reutilizável, uma mudança
importante, já que há décadas os pacientes estavam acostumados com modelos
descartáveis, que já vinham pré-preenchidos. O refil do medicamento
deve permanecer acoplado até o uso da última dose e é exibido o quantitativo do
medicamento que deve ser administrado. A mudança de tecnologia exigiu que
a empresa disponibilizasse um quantitativo maior de dispositivos.
Ao
total, mais de 62 milhões de unidades de insulina já foram entregues aos
governos estaduais para distribuição à população em 2025. Outras 7,6 milhões de
unidades devem ser enviadas ainda neste ano.
Para
assegurar o manuseio correto das canetas, o Ministério da
Saúde promove treinamentos virtuais e disponibiliza cartilhas de orientação.
Insulinas:
Brasil investe em produção nacional
Para
enfrentar a dependência externa e a restrição mundial de insulina, o Ministério
da Saúde investe no Complexo
Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) por meio de Parcerias
para o Desenvolvimento Produtivo (PDP). Com essas parcerias
estabelecidas, a produção nacional de insulinas humanas e análogas já faz parte
do quantitativo ofertado pelo SUS.
Em
julho deste ano, foi distribuído o primeiro lote, com 207.385 mil unidades de insulina humana NPH e
regular, após o início da transferência de tecnologia da
farmacêutica indiana Wockhardt para Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a
empresa brasileira Biomm. Ao todo, o governo federal investe R$ 142
milhões na aquisição da tecnologia, que beneficiará cerca de 350 mil pessoas
com diabetes. Os contratos preveem a entrega de 8,01 milhões de unidades de
insulina, entre frascos e canetas, à rede pública em 2025 e
2026.
O
Ministério da Saúde também aprovou uma PDP para a produção nacional de insulina
análoga de ação prolongada, a glargina. O projeto reúne Bio-Manguinhos
(Fiocruz), Biomm e a farmacêutica chinesa Gan & Lee, com previsão inicial
de produzir mais de 30 milhões de frascos. O medicamento será destinado ao
tratamento de pacientes com diabetes mellitus tipos 1 e 2.
SUS:
referência em tratamento integral de diabetes
O
SUS oferece assistência integral às pessoas com diabetes, desde o diagnóstico até o tratamento
adequado, de acordo com o quadro clínico de cada paciente. A porta de entrada
para o cuidado é a Atenção
Primária à Saúde, que realiza o acompanhamento contínuo por meio de
equipes multiprofissionais. Entre janeiro e maio de 2025, mais de 12,5 milhões
de pessoas foram atendidos para acompanhamento e tratamento da doença nas
Unidades Básicas de Saúde.
Atualmente,
são ofertados quatro tipos de insulinas: insulinas humanas NPH e regular e
insulinas análogas de ação rápida e prolongada, além de medicamentos orais e
para diabetes mellitus.
Fonte _ Saúde.gov
sábado, 13 de setembro de 2025
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Ministério da Saúde fecha parceria para produção nacional da vacina contra o vírus sincicial respiratório e sua oferta no SUS em novembro deste ano
O ministro
da Saúde, Alexandre Padilha, assinou, nesta quarta-feira (10/09), uma parceria
de transferência de tecnologia da vacina contra o vírus sincicial respiratório
(VSR). Com isso, o Brasil passará a produzir o imunizante, garantindo a sua
oferta no Sistema
Único de Saúde (SUS). As primeiras 1,8 milhão de doses adquiridas por
meio do acordo envolvendo o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer serão
entregues até o fim deste ano. A distribuição da vacina na rede pública de
saúde para proteção de gestante e bebês começa na segunda quinzena de novembro.
O
Brasil também passará a produzir por meio de Parceria
de Desenvolvimento Produtivo (PDP) o natalizumabe, medicamento
biológico usado no tratamento da esclerose múltipla. A transferência de
tecnologia será da farmacêutica Sandoz para o Instituto Butantan. O Ministério
da Saúde, por meio de parcerias como essas, busca fortalecer o Complexo
Econômico-Industrial da Saúde e reduzir a dependência do país no
setor.
A
vulnerabilidade do país na oferta de insumos durante a pandemia de Covid-19 e os recentes episódios relacionados a
aplicação de tarifas abusivas às exportações brasileiras, reforçam a
importância da soberania do SUS para garantir o acesso da população a
medicamentos e tratamentos.
"Nós
vamos incorporar ao sistema de saúde uma vacina contra o vírus sincicial
respiratório, fruto de uma cooperação coordenada pelo Ministério da Saúde com o
Instituto Butantan, uma instituição pública, com o governo do estado de São
Paulo, governado por um partido diferente, e com uma indústria que tem sede nos
Estados Unidos. Nada disso é obstáculo para que nós, do SUS, do Brasil, do
governo brasileiro, sob a liderança do presidente Lula, construamos esse
arranjo, essa Parceria para o Desenvolvimento Produtivo, assinemos o contrato e
possamos oferecer ainda este ano, de graça, às gestantes brasileiras. É uma
proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido. E, ao mesmo tempo,
garante transferência de tecnologia, incorporação de inovação e geração de emprego,
renda e conhecimento ativo no nosso país", afirmou o ministro Alexandre
Padilha.
A
assinatura foi realizada durante a posse do diretor-presidente da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Leandro Safatle, e dos novos
diretores da Agência, em Brasília (DF).
Gestantes
serão imunizadas contra o vírus sincicial respiratório em 2025
Em
novembro, o Ministério da Saúde iniciará o envio das primeiras 832,5 mil doses
da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e, até dezembro,
distribuirá mais 1 milhão para todo SUS. A distribuição aos estados e
municípios permitirá a organização de calendários locais, com aplicação nas unidades básicas
de saúde e pontos de vacinação de cada região.
Atualmente,
o Comitê Técnico Assessor do Ministério da Saúde seguindo o que recomenda a
Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda uma dose a partir da 28ª semana
de gestação. Com a implementação da vacina, será possível avaliar, no Brasil e
em outros países, a necessidade de novas doses em futuras gestações. O
vírus é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% de pneumonias em
crianças menores de 2 anos. A vacina tem potencial para prevenir cerca de 28 mil
internações por ano, oferece proteção imediata aos recém-nascidos e
beneficiará aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos.
A
cada cinco crianças infectadas pelo VSR, uma necessita de atendimento
ambulatorial e, em média, uma em cada 50 acaba hospitalizada no primeiro ano de
vida. No Brasil, cerca de 20 mil bebês menores de um ano são internados
anualmente.
O
risco é ainda mais elevado entre os prematuros, cuja taxa de mortalidade é sete
vezes maior do que a de crianças nascidas a termo — grupo que representa 12%
dos nascimentos no país. Entre 2018 e 2024, foram registradas 83 mil
internações de bebês prematuros por complicações associadas ao vírus,
como bronquite, bronquiolite e pneumonia.
A
imunização materna favorece a transferência de anticorpos para o bebê,
contribuindo para a proteção nos primeiros meses de vida, período de maior
vulnerabilidade ao VSR.
Produção
nacional de medicamento para esclerose múltipla
O
natalizumabe que passará a ser produzido no Brasil a partir do acordo de
transferência de tecnologia é indicado a pacientes com a forma
remitente-recorrente de alta atividade, que corresponde a cerca de 85% dos
casos, e que não responderam de forma adequada a outros tratamentos.
O
SUS oferta o natalizumabe desde 2020, mas atualmente há apenas uma empresa com
registro na Anvisa. Com a nova PDP, o Ministério da Saúde amplia a
concorrência, reduz vulnerabilidades e fortalece a política de acesso universal
ao tratamento.
A
parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sandoz prevê a
transferência completa da tecnologia do natalizumabe, permitindo que o
laboratório público passe a dominar todo o processo produtivo — desde o insumo
farmacêutico ativo (IFA) até a formulação final do medicamento.
A
esclerose múltipla afeta cerca de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo e, no
Brasil, atinge aproximadamente 40 mil pacientes. É uma doença autoimune que
compromete o sistema nervoso central e afeta principalmente adultos jovens,
entre 18 e 55 anos. É caracterizada pela desmielinização da bainha de mielina,
camada que reveste os axônios e possibilita a condução dos impulsos elétricos
responsáveis pelo controle das funções do organismo.
Ações
do Governo Federal para fortalecer a indústria
Desde 2023, o Governo Federal retomou a agenda voltada ao
fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde com medidas
para reduzir a dependência do Brasil. A expectativa é que, em até dez anos, 70%
das necessidades do SUS em medicamentos, equipamentos e vacinas sejam
produzidos no país.
A
estimativa é de investimento de R$ 57,4 bilhões com envolvimento do setor
público e privado. Além das parcerias de inovação e transferência tecnológica,
os recursos são destinados para a infraestrutura do setor.
Os
anúncios foram realizados durante a cerimônia de posse de três novos diretores
da Anvisa: o diretor-presidente, Leandro Pinheiro Safatle; e dois diretores da
Gerência e Administração do órgão, Daniela Marreco Cerqueira e Thiago Lopes
Cardoso Campos.
Fonte _ Saúde.gov
Anvisa acata pedido do Cofen e inclui enfermeiros em sistema de prescrição de medicamentos controlados
Atendendo
a um pedido do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) fez uma atualização no Sistema Nacional de
Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) e inseriu o campo para computação
do registro profissional de enfermeiros na plataforma. Agora, as farmácias
contam com todos os recursos necessários para aceitar e registrar receituários
de antimicrobianos prescritos por enfermeiros com total segurança jurídica.
Em
comunicado oficial, a Anvisa declarou que a escrituração de receita de
medicamento contendo antimicrobiano, quando prescrita com o devido amparo
legal, por enfermeiro inscrito no Conselho Regional de Enfermagem (Coren),
poderá ser enviada ao SNGPC. Assim, os arquivos eletrônicos (XML) a serem
transmitidos ao sistema já podem conter a informação do número de registro do
profissional, quando este tipo de prescrição for recebida pela farmácia”.
De
acordo com o presidente do Cofen Manoel Neri, o pedido para inclusão de
enfermeiros no sistema foi feito pelo Conselho à Anvisa durante uma reunião
bilateral entre as organizações, no dia 13 de agosto de 2024. Durante mais de
um ano, as equipes técnicas mantiveram discussões de alto nível e, após uma
bateria de testes realizados em caráter regional, a atualização foi incorporada
ao sistema em todo o país.
“É
uma conquista significativa para a nossa profissão, pois representa mais um ato
de reconhecimento formal da competência de enfermeiras e enfermeiros como
prescritores por parte do estado brasileiro, mediante o crivo de uma agência
reguladora na qual a população confia. Isso representa a ampliação da
compreensão sobre a autonomia e a competência da Enfermagem no Brasil”,
considera o presidente do Cofen, Manoel Neri.
Impacto
positivo
“A
medida vai ter impacto significativo, tanto nos grandes programas de saúde
voltados à população, quanto nos programas de enfrentamento às Infecções
Sexualmente Transmissíveis (ISTs), especialmente aquelas que constituem
problemas de saúde pública que têm forte ligação com fatores sociais”,
considera o conselheiro federal e primeiro-secretário do Cofen, Vencelau
Pantoja.
Atualmente,
Dr. Vencelau Pantoja coordena um grupo de trabalho do Cofen que está empenhado
na elaboração de uma resolução para normatizar especificamente a atuação do
enfermeiro na prescrição de medicamentos. A norma vai ser colocada em consulta
pública ainda em setembro de 2025.
Entenda
o sistema
O
SNGPC é o sistema nacional utilizado desde 2007 para monitorar, em tempo real,
a movimentação de medicamentos sujeitos a controle especial (Psicotrópicos,
Entorpecentes, Anabolizantes) e também dos antimicrobianos — classe que inclui
antibióticos e antifúngicos. Deste modo, a atualização recente permite às
farmácias escriturar receitas de antimicrobianos prescritas por enfermeiros
registrados no Coren, reforçando rastreabilidade, controle sanitário e evitando
entraves burocráticos para pacientes do SUS e do setor privado.
A
liberação do registro do Coren no SNGPC representa mais que uma adequação
técnica: ela amplia a resolutividade dos serviços de saúde, principalmente nas
regiões remotas e em unidades básicas de saúde, onde enfermeiros já desempenham
papel protagonista em programas de saúde.
Fonte _ COFEN
quinta-feira, 11 de setembro de 2025
Avanço do sarampo nas Américas reforça necessidade de vacinação
Em
agosto de 2025, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu alerta após
constatar um aumento de 34 vezes no número de casos de sarampo em relação a
2024. Dez países das Américas registraram ocorrências da doença, somando mais
de 10 mil confirmações e 18 mortes. Os óbitos se concentram no México (14), nos
Estados Unidos (3) e no Canadá (1). No Brasil, os registros mais recentes
apontam 24 ocorrências até o final de agosto, 19 delas no Tocantins. Embora o
país esteja entre aqueles com menor número de casos na região, permanece em
estado de atenção diante da alta transmissibilidade do vírus.
Altamente
contagioso, o sarampo se espalha pelo ar por meio de secreções de indivíduos
infectados e pode infectar pessoas de todas as idades. Os sintomas incluem
febre alta, erupção cutânea que se dissemina por todo o corpo, congestão nasal
e irritação ocular. A doença pode evoluir para complicações graves, como
pneumonia, encefalite, diarreia intensa e até cegueira, sobretudo em crianças
desnutridas e pessoas com imunidade comprometida. O Brasil havia recebido o
certificado de eliminação do sarampo endêmico em 2016 e, após enfrentar
reintroduções, recuperou o status em 2024.
Para
a chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e
Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Marilda Siqueira, é
urgente elevar as coberturas vacinais. “O sarampo é altamente transmissível.
Precisamos atingir, no mínimo, 95% de cobertura vacinal para criarmos uma
proteção coletiva na sociedade, reduzindo, assim, a quantidade de pessoas
suscetíveis ao vírus”, alerta.
Na
linguagem epidemiológica, "suscetíveis" são aqueles que não possuem
proteção contra determinado microrganismo. No caso do sarampo, seja porque
nunca foram vacinadas, porque não completaram o esquema de duas doses ou porque
não tiveram contato prévio com o vírus. Quando esse grupo cresce de forma
acumulada ao longo dos anos, forma-se um "bolsão de suscetíveis", ou
seja, uma concentração de indivíduos desprotegidos que facilita a circulação do
vírus e amplia o risco de surtos.
Vacina
é a solução
Até
o início da década de 1990, o sarampo era uma das principais causas de
mortalidade infantil no mundo, provocando cerca de 2,5 milhões de óbitos por
ano, em sua maioria entre crianças. A cobertura vacinal mudou esse cenário,
permitindo que países reduzissem progressivamente os casos e alcançassem a
eliminação da circulação endêmica em diversas regiões. Nas Américas, o feito
foi reconhecido em 2016, quando o continente recebeu o certificado oficial de
eliminação da doença.
No
entanto, essa conquista não significa que o vírus tenha desaparecido. O risco
de reintrodução é constante, sobretudo em contextos de baixa cobertura vacinal.
Segundo a Opas, a maioria dos casos registrados em 2025 nas Américas ocorreu
justamente entre pessoas não vacinadas, enquanto outra parcela significativa
envolveu indivíduos com situação vacinal desconhecida.
A
proteção contra o sarampo depende da aplicação de duas doses da vacina. No
Brasil, a vacinação regular prevê a primeira aos 12 meses e a segunda aos 15
meses de idade, podendo incluir outras faixas etárias em campanhas específicas.
“As crianças que não têm as duas doses registradas na caderneta não estão
totalmente protegidas”, ratifica Marilda Siqueira, destacando que a adesão ao
calendário vacinal é essencial para impedir o retorno do sarampo.
Segundo
a Opas, a cobertura nas Américas ainda não atingiu os 95% recomendados para
bloquear a propagação do vírus. Em 2024, apenas 89% receberam a primeira dose
da vacina tríplice viral e somente 79% completaram a segunda.
No
Brasil, a situação é mais favorável em comparação à média continental. Após
anos de queda, a cobertura vacinal voltou a crescer a partir de 2023, com
resultados expressivos em 2024. Segundo o Ministério da Saúde, o número de
municípios que atingiram a meta de 95% de imunização contra o sarampo, caxumba
e rubéola na segunda dose da tríplice viral mais que dobrou em dois anos,
passando de 855 em 2022 para 2.408 em 2024.
Em
2025, diante do aumento de casos em países vizinhos, o Brasil vem reforçando
suas ações de imunização, tanto em áreas de fronteira quanto em todo o
território nacional. No Sul, a reativação da Comissão Binacional de Saúde com o
Uruguai resultou em uma grande mobilização conjunta em Sant’Ana do Livramento,
no Rio Grande do Sul, e Rivera, no Uruguai, ampliando a proteção de moradores
locais e imigrantes.
Além
disso, o Ministério da Saúde tem promovido sucessivos Dias D de vacinação
contra o sarampo em diferentes estados. Em julho, a mobilização ocorreu em
cidades de fronteira do Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, com
cerca de 3 mil doses aplicadas. Já em agosto, todos os 79 municípios de Mato
Grosso do Sul participaram da campanha.
Marilda reforça, no entanto, que nenhuma estratégia terá efeito se a população
não fizer a sua parte. “Em conjunto com secretarias estaduais e municipais, o
Ministério da Saúde está atuando nos municípios com casos confirmados para
evitar a disseminação do vírus. Mas esse trabalho só terá sucesso se contar com
a participação da população. Isso significa procurar o serviço de saúde ao
apresentar febre com exantema — aquelas manchas vermelhas pelo corpo — e manter
a vacinação em dia”, completa.
Não
é coisa de criança
O
sarampo ainda é visto por muitos como uma "doença da infância". Para
Marilda Siqueira, essa percepção se formou antes da vacinação em massa, quando
a infecção era mais frequente entre crianças e parecia menos grave em países
ricos, onde havia melhor nutrição e acesso à saúde. Essa leitura, no entanto,
pode ser perigosa. “A ideia de que é uma doença da infância é equivocada: o
sarampo pode afetar qualquer faixa etária e provocar complicações sérias,
inclusive mortes”, alerta.
Os
dados recentes da Opas reforçam essa avaliação. No México, a maioria das mortes
registradas em 2025 ocorreu entre pessoas indígenas com idades entre 1 e 54
anos, mostrando que a doença não se restringe aos mais novos.
Isso
significa que, embora crianças demandem atenção especial por serem mais
vulneráveis, nenhuma idade está livre dos riscos. A vacinação em todas as
faixas etárias continua sendo a forma mais segura e eficaz de evitar
complicações e impedir a volta da doença.
Fonte _ FioCruz
quarta-feira, 10 de setembro de 2025
Cada segundo conta: os bastidores de como o Butantan traz a cepa atualizada da vacina da gripe para o Brasil, após anúncio da OMS
Assim
como em uma cozinha profissional, em que cada movimento precisa ser
cuidadosamente cronometrado para que um prato seja servido de maneira perfeita,
a produção da vacina da gripe do Butantan exige
precisão e sincronia para chegar no tempo certo ao braço dos brasileiros.
Esse
ritmo se intensifica no final de setembro, quando a Organização Mundial da
Saúde (OMS) anuncia as três cepas que deverão compor o imunizante da temporada
seguinte no hemisfério Sul, após uma análise detalhada dos tipos de vírus
influenza que estão em circulação na região e que apresentam maior potencial de
agravo.
Caso
alguma dessas cepas (uma versão do vírus modificada em laboratório para
produção segura da vacina) não esteja disponível no estoque do Instituto,
dezenas de profissionais passam a trabalhar de forma coordenada para garantir
que, em cerca de 48 horas, o material esteja devidamente autorizado a seguir
viagem, rumo à instituição.
Parte
dessa engrenagem começa a girar antes mesmo do anúncio oficial da agência, com
a montagem da programação das entregas dos ovos especiais, livres de patógenos,
que vão servir de base para a multiplicação das cepas indicadas para compor o
imunizante. Mas é no instante em que a OMS divulga suas recomendações que
começa uma verdadeira corrida contra o tempo.
A
seguir, conheça os momentos decisivos dessa jornada sem margem para falhas,
essencial para a produção anual das mais de 80 milhões de doses de vacina da
gripe que são distribuídas anualmente pelo governo federal à população
brasileira. Confira:
Anúncio
e primeiros momentos após atualização: alerta máximo
A
reunião da OMS para divulgação das novas cepas acontece de forma híbrida –
presencial e remota –, com todos os produtores da vacina de influenza do
hemisfério Sul.
“Nesse
dia, o clima aqui no Butantan fica bem parecido com uma final de Copa do Mundo.
Nós, da produção, assistimos tudo ao vivo para acompanhar as orientações e
repassar, o mais rápido possível, informações cruciais às outras áreas
envolvidas no processo”, afirma a gerente da Produção de Bancos de Influenza
(PBI) do Butantan Priscila Comone.
Durante
a reunião, a equipe técnica da produção decide com qual das cepas anunciadas,
disponível em estoque, que iniciará o desenvolvimento da vacina da gripe. Além
disso, é preciso identificar quais laboratórios internacionais disponibilizam a
possível cepa “inédita”. Tudo é passado praticamente em tempo real para a área
de Compras do Butantan, que já inicia os primeiros contatos com os responsáveis
pelo envio do material biológico.
“Como
não podemos depender de apenas um fornecedor, pois qualquer problema poderia
colocar nossa produção em xeque, a estratégia é acionar e importar as cepas de
todos os que tenham o material. Geralmente, tratamos com dois laboratórios
diferentes”, explica a gerente de Compras e Licitações do Butantan, Luciane
Vieira de Jesus.
1 hora pós-anúncio: abertura do controle de mudança
Imediatamente
após a finalização da reunião com a OMS, uma força-tarefa é iniciada para a
abertura e aprovação do chamado Controle de Mudança (CM), um protocolo interno
do Butantan que formaliza a necessidade de alteração da vacina e a importação
de uma nova cepa do vírus influenza. Essa etapa é crucial para sinalizar todas
as áreas que serão impactadas por essa atualização e garantir o atendimento das
Boas Práticas de Fabricação.
O
processo desencadeia uma série de aprovações em cascata, envolvendo cerca de
dez áreas da instituição. Em situações comuns, a tramitação entre a abertura e
a validação dessa mudança pode levar vários dias. Mas, por se tratar de um
procedimento emergencial, as áreas impactadas são avisadas com uma semana de
antecedência sobre a alteração que será registrada no sistema no dia da reunião
da OMS.
A
tensão é constante, pois qualquer pendência ou demora pode atrasar uma
sequência de tarefas que só podem ser executadas depois que o Controle de
Mudança estiver devidamente aprovado, como a solicitação de compra e importação
da cepa.
7
horas pós-anúncio da OMS: o pedido formal
O CM
é completamente aprovado cerca de seis horas após a abertura no sistema. Em
seguida, o próximo passo é gerar a identificação no sistema para a cepa
atualizada. “Para não perdermos tempo, adotamos uma ação de guerra: nos
fechamos em uma sala e só saímos de lá depois de ter o cadastro concluído. A
cada nova etapa vencida, ligamos para o colaborador responsável em dar o
próximo aval, para que o processo não fique travado em ninguém”, afirma o
coordenador do PBI, Hugo Jemesom.
Isso
é importante para que a nova cepa passe a “existir”, de fato, nos sistemas do
Butantan, permitindo assim que solicitações relacionadas a ela sejam feitas –
como o pedido de importação do material, que é consolidado pela área de
Planejamento e Controle de Produção (PCP) do Butantan.
24
horas pós-anúncio da OMS: negociações com os laboratórios
Ainda
que a área de Compras já tenha entrado em contato paralelamente com os
fornecedores para entender a disponibilidade da cepa, é preciso receber uma
requisição “oficial” da área de PCP para dar sequência ao processo.
Nesta
fase, os laboratórios precisam enviar dois documentos para a equipe de Compras
do Butantan: o invoice, tipo de nota fiscal com o descritivo do
material a ser fornecido; e o packing, com informações da embalagem
na qual a cepa será despachada, como dimensão, peso e temperatura. Um detalhe:
o material precisa viajar a uma temperatura média de -60 °C e, por isso, deve
estar envolto em gelo seco.
“O
problema dessa etapa é que nem sempre os fornecedores são ágeis e a resposta
pode demorar bem mais do que gostaríamos”, reforça Luciane Vieira de Jesus.
Quando isso acontece, a equipe de Compras entra em ação novamente para
pressionar os fornecedores em diversas frentes, seja por e-mail, telefone ou
WhatsApp.
48
horas pós-anúncio da OMS: importação aprovada
Uma
vez que esses documentos são enviados pelo fornecedor, a logística de
transporte da cepa fica a cargo da área de Comércio Exterior do Butantan, que
também é responsável pela obtenção da chamada Licença de Importação – documento
eletrônico que autoriza a entrada de mercadorias controladas no país,
garantindo o atendimento às normas de segurança e qualidade.
Com
a licença em mãos, Comércio Exterior e Compras passam a realizar
acompanhamentos diários junto ao fornecedor. O objetivo é entender quando o
material será enviado, estimando a previsão de chegada na fábrica de vacinas do
Butantan.
Uma
semana pós-anúncio: embarque liberado
O
transporte da cepa é outro momento de tensão. Antes do embarque, é realizada
uma verificação completa de toda a documentação, com o objetivo de minimizar
possíveis contratempos. E, apesar do volume ser pequeno – são despachadas
apenas duas ampolas, contendo 1 ml do produto cada uma –, a carga precisa
viajar com monitoramento constante de temperatura. Para isso, inclui-se na
remessa um pequeno dispositivo chamado data logger, capaz de
registrar minuto a minuto a variação de temperatura.
“São
muitas decisões estratégicas. Não podemos deixar a cepa embarcar em um voo com
chegada ao Brasil na sexta, por exemplo. Caso contrário, corremos o risco de
não ter uma equipe disponível no aeroporto para fazer a reposição do gelo seco,
comprometendo assim a integridade do material”, pontua a analista de Comércio
Exterior Katia Rejane Ferreira.
Última
perna: da alfândega ao ultrafreezer do Butantan
Assim
que o voo com a cepa aterrissa no Brasil, começa de imediato o processo de
desembaraço e liberação da carga. O processo é conduzido com prioridade máxima
e rapidez para reduzir ao mínimo o tempo de permanência no aeroporto,
garantindo que o material mantenha sua integridade e qualidade até ser
transportado para o destino final.
Após
a autorização da Receita Federal, finalmente a cepa importada está liberada
para iniciar o último trecho da viagem até o Butantan. Em terra, o transporte
acontece em carro refrigerado. Apesar de uma parte da ansiedade terminar quando
o material é finalmente liberado no aeroporto, a chegada da cepa às
dependências do Instituto também representa um momento decisivo para a
produção.
Antes
de ser entregue ao PBI, onde a nova cepa será inspecionada e, por fim,
acondicionada em um ultrafreezer, a cepa acaba passando por outras áreas, como
os setores de Recebimento e Estoque. “Quando o carro está a caminho, já
deixamos todos os envolvidos na operação em alerta. É receber, conferir e
despachar. Não podemos bobear, pois estamos lidando com o coração da vacina da
gripe”, observa a também analista de Comércio Exterior Karin Yuri Kawazu.
Para
se ter uma ideia da agilidade desse processo, em 2024, a cepa chegou ao
Instituto Butantan apenas 15 dias após o anúncio da OMS – graças às ações
coordenadas e eficientes das diversas áreas envolvidas na operação. Um tempo
curto e intenso, que garante meses de trabalho na fábrica da vacina da gripe do
Butantan, além de reforçar a proteção da população brasileira contra a doença
por mais um ano inteiro.
Fonte _ Butantan
terça-feira, 9 de setembro de 2025
Governo do Acre fortalece cobertura vacinal em áreas de difícil acesso com a Operação Gota 2025
O
governo do Estado do Acre, por intermédio da Secretaria de Estado de Saúde
(Sesacre), em parceria com o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa,
executa, entre os dias 29 de agosto e 16 de setembro, a Operação Gota 2025,
considerada uma das mais relevantes estratégias nacionais de imunização
voltadas a populações em áreas de difícil acesso.
A
iniciativa contempla 49 comunidades distribuídas em 8 municípios acreanos: Sena
Madureira, Xapuri, Tarauacá, Feijó, Jordão, Cruzeiro do Sul, Marechal
Thaumaturgo e Porto Walter, assegurando a aplicação das vacinas previstas no
Calendário Nacional de Vacinação e reafirmando o princípio da equidade no
Sistema Único de Saúde (SUS).
De
acordo com o balanço parcial da Sesacre, até o dia 8 de setembro já foram
atendidas 2.116 pessoas e aplicadas 4.593 doses de vacinas em localidades
tradicionalmente afastadas dos centros urbanos, onde o deslocamento até uma
unidade de saúde representa um desafio para as famílias.
O
secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, enfatizou a dimensão social da
ação: “Cada dose aplicada na Operação Gota representa muito mais do que uma
vacina: é a prova de que o Governo do Acre está presente até nas regiões mais
distantes, garantindo cuidado, esperança e o direito à saúde para todos. Com o
apoio do Ministério da Saúde, da Força Aérea Brasileira, das prefeituras e da
dedicação incansável dos nossos profissionais, mostramos que nenhuma barreira
geográfica é maior do que o compromisso de proteger a vida da nossa população.”
A
coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunizações (PNI) no Acre, Renata
Quiles, destacou que a operação representa a superação de barreiras logísticas
em nome da saúde pública.
“A
Operação Gota reafirma o compromisso do Estado em garantir o direito à saúde,
mesmo nas localidades mais distantes. Essa é uma oportunidade de manter em dia
a cobertura vacinal e proteger nossas populações contra doenças
imunopreveníveis. A cada missão, reforçamos que nenhuma barreira natural é
maior do que a nossa determinação em cuidar das pessoas”, enfatizou.
A
execução da Operação Gota envolve a utilização de aeronaves da Força Aérea
Brasileira, embarcações e transporte terrestre, em uma complexa logística que
se soma às dificuldades de comunicação em áreas remotas. Apesar dos obstáculos,
a dedicação dos profissionais é movida pela certeza de que cada dose representa
proteção e esperança.
O
coordenador municipal do PNI em Xapuri, Durval Castello, relatou a experiência
de integrar a equipe: “O que mais me emociona é estar presente nessas regiões
de difícil acesso, levando saúde e cumprindo um papel essencial para a
sociedade. Com o apoio dos agentes comunitários de saúde conseguimos viabilizar
a imunização e garantir mais qualidade de vida”, afirmou.
Moradora
da comunidade Itapissuma, no município de Xapuri, Francilene Vieira levou a
filha para se vacinar e destacou a relevância da ação.
“Nem
sempre temos condições de ir até a cidade para vacinar nossos filhos. Quando a
equipe chega aqui, sentimos esperança e segurança, porque sabemos que nossos
direitos estão sendo garantidos. A vacina é muito importante para proteger a
saúde das crianças e de todos nós, que vivemos nessas regiões mais afastadas”,
relatou.
Estratégia
consolidada de saúde pública
A
Operação Gota é fruto de um termo de cooperação entre o Ministério da Saúde e o
Ministério da Defesa, sendo operacionalizada pela Força Aérea Brasileira (FAB),
em parceria com as secretarias estaduais e municipais de Saúde. Trata-se de uma
política pública consolidada, cujo objetivo é garantir a manutenção da
cobertura vacinal em localidades isoladas, prevenindo surtos de doenças
imunopreveníveis e assegurando a universalidade do SUS.
No
Acre, a operação representa não apenas o esforço logístico para vencer rios,
florestas e estradas de difícil acesso, mas também a reafirmação de um
compromisso fundamental: assegurar que a saúde chegue a todos os cidadãos,
independentemente de sua localização geográfica.
Fonte _ Agencia do Acre
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
Vozes do Butantan: Sobrevivente da pólio e "vereadora", assistente administrativa se dedica à conscientização da vacina e da luta PCD
É
inevitável: conversar com a assistente administrativa Fran pelos corredores do
Butantan é sinônimo de ter a conversa pausada incontáveis vezes – todos que
passam a cumprimentam. O jeito sociável e sorridente lhe rendeu o apelido de
“vereadora” e o cargo na Recepção, posição que ocupou por seis anos.
Francisca
Edinalva da Silva de Paula, ou Fran, nasceu em 30 de agosto de 1979, em Santa
Cruz do Piauí, cidadezinha no interior do estado nordestino. Quando tinha 8
meses de vida, época em que os bebês começam a tentar dar os primeiros passos,
sua mãe percebeu que ela não conseguia se equilibrar. Além disso, o pezinho
esquerdo entortava gradativamente, enquanto a perninha do mesmo lado já
mostrava sinais de estar afinando. Junto do desequilíbrio cada vez mais
frequente, vieram uma febre muito alta e vômitos. A família ainda não sabia e
não teria a confirmação do diagnóstico por alguns anos, mas Fran havia pegado
poliomielite.
O
pai, numa tentativa de buscar ajuda para a filha, se mudou para São Paulo
primeiro – a ideia era conseguir recursos financeiros para buscar o restante da
família no Nordeste. Até os 4 anos, quando enfim conseguiu seguir para a
capital paulista junto da mãe e dos irmãos, Francisca não conseguiu se
sustentar em pé: seus dedinhos eram todos atrofiados.
Quando
a família finalmente teve condições de ir em busca de tratamento médico, já
morando em São Caetano do Sul, a notícia caiu como uma bomba: a paralisia
do lado esquerdo era sequela da infecção adquirida ainda bebê pelo
poliovírus. Filha mais velha de sete irmãos, em um local com escasso acesso
à saúde, ela foi a única a não ser vacinada contra a poliomielite. Se hoje a
doença é considerada erradicada no Brasil graças à vacina, na época era comum
encontrar pessoas com sequelas. Tanto que, nas primeiras consultas, a pequena
Fran se deparou com um médico que também havia sido vítima da paralisia
infantil.
“Eu
me lembro que ele tinha uma deformidade grave. Ele disse que ia fazer de tudo
pra que eu não me limitasse”, recorda.
Francisca
começou o tratamento aos 7 anos. Foram diversas cirurgias para correção
do pé e dos dedos esquerdos – a última, quando tinha 13 anos. Ela
chegou a passar pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e
utilizar a botinha ortopédica. Há quase 40 anos, o calçado era bem mais pesado
do que as versões atuais e um estigma para quem o usava. Além disso, as
constantes idas ao médico, intervenções e dias de repouso impactaram a educação
da pequena, que precisava faltar aulas com frequência.
“Cresci
vendo a minha mãe fazer campanha para as pessoas se vacinarem. Ela contava que
no Piauí só tinha como ir para outra cidade se fosse de carroça, por isso eles
não conseguiram me vacinar. Como eu e meus irmãos temos uma diferença de três,
quatro anos, eles conseguiram mais recursos do que eu.”
Era
a mãe, dona Joana, quem carregava a menina no colo até a escola todos os
dias – afinal, nenhum dos sete filhos poderia ficar sem estudar. E foi na
escola que as primeiras questões com a paralisia começaram a aparecer: num
espaço com muitos andares e degraus, sem acessibilidade e sem apoio, Fran não
saía da sala para o recreio e frequentava a turma de “alunos especiais”. Para
fazer passar mais rápido o tempo sozinha, ela colocava no papel o que sentia –
foram muitos cadernos de poesias e histórias.
Entre
sutiãs e sapatos
Não
demorou para que a jovem tivesse que lidar, também, com as transformações da
adolescência. Aos 12, Francisca fez um pedido inédito ao pai: se ele poderia
comprar um sutiã. “Ele disse que não tinha necessidade, que era só colocar o
cabelo para a frente.” Sem conseguir convencê-lo, ela precisou achar recursos
para fazer a compra por si mesma: respondeu a um anúncio de emprego para
recepcionista numa floricultura, e começou a trabalhar no dia seguinte. Com o
primeiro salário, foi até uma loja e comprou o tão sonhado sutiã.
Em
muitos aspectos, Fran era uma adolescente como qualquer outra. Mas havia
momentos em que as dificuldades apareciam. A maior delas era na hora de comprar
sapatos: pelo atrofiamento, o calçado do pé esquerdo sempre ficava
sobrando. Ainda assim, Fran era a responsável pelas entregas e recebimentos na
floricultura, e fazia tudo a pé. Um prelúdio do que viria a ser um local bem
conhecido no futuro: o atendimento ao público.
Após
dois anos e meio dividindo o tempo entre estudos e trabalho, Francisca se mudou
com a família para Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. E, como num roteiro
clássico de filme adolescente, se apaixonou: foi o vizinho do novo bairro que
conquistou Fran. Aos poucos, ela foi se sentindo confortável na presença de
Edson, seu primeiro e único namorado, que viria a ser seu marido até hoje.
Desde aquela época – ela, aos 16, e ele, aos 18 –, os dois cresceram juntos em
todos os aspectos.
A
jovem Francisca já era independente para se locomover, mas tinha vergonha do
próprio corpo: não usava roupa curta para não mostrar as pernas e, nos pés,
estava sempre de tênis ou botinha. E se Edson não quisesse ficar com ela? Ela
foi testando, cada dia um pouquinho, para entender se a deficiência ia limitar
a relação. O teste funcionou e o namoro aconteceu: prestes a terminar o Ensino
Médio, Fran engravidou de Gustavo, hoje com 28 anos. Para ela, o filho é a
maior e melhor herança do casal, “ele é muito mais maduro que os pais quando
eram jovens”, se diverte.
“Eu
seguro desse lado, mamãe”
Durante
a gravidez, os resquícios da paralisia voltaram a incomodar: a barriga pesava e
o quadril doía, já que a jovem só conseguia carregar todo o peso do corpo do
lado direito. A falta de um calçado adaptado para os pés inchados forçou Fran a
reaprender a se locomover. Quando Gustavo nasceu, ela não deixou faltar
nenhuma vacina, especialmente a gotinha da poliomielite. Apesar da
limitação ao andar, a maternidade trouxe a Francisca a sensação de
fortaleza.
A
nova mãe fez questão de colocar Gustavo a par da deficiência. “Eu
sempre torcia o pé do lado esquerdo, e ele falava, já pequenininho, que ia me
segurar desse lado. Ele sempre foi o meu apoio.” E foi por causa do
filho, muitos anos depois, que ela viveu um momento bastante delicado: achar um
sapato à altura do casamento de Gustavo. Foram meses tentando comprar o par
ideal, mas nenhum era compatível nem com o pé de Fran, nem com a festa – que
aconteceria em uma chácara, com estrada de terra e desnivelamento.
Sem
muitas opções, Francisca enfrentou os próprios medos e comprou um sapato de
salto. Por segurança, levou a sandalinha de praxe, já adaptada, para deixar
embaixo da mesa e trocar após o início da cerimônia. Mas ao entrar com Gustavo
na igreja, ela não reparou no trilho de ferro junto à porta e, antes de colocar
o pé direito, como era costume, colocou o esquerdo. Foi por pouco: Fran chegou
a torcer o pé, mas antes que pudesse cair, o filho a segurou. A primeira coisa
que disse foi um palavrão, registrado pela gravação oficial de casamento.
Apesar do mico na cerimônia, ela não se deixou abalar: dançou a noite toda com
a sandalinha de sempre.
A
virada de chave
Fran
trabalhou em supermercado, loja de roupa, de calçados, hospital. Em quase todos
os locais onde passou, teve de lidar com os olhares preconceituosos e a
discriminação por conta da deficiência. Ainda assim, demorou para que
se considerasse uma pessoa com deficiência (PCD). A chave virou quando
trabalhava como operadora de caixa. No meio de uma discussão na fila
preferencial, uma cliente afastou as compras, tirou o sapato e colocou
o pé em cima do balcão – era praticamente igual ao dela, atrofiado. “Aí
acendeu uma luz”, relembra.
Já
se identificando como PCD, Fran chegou ao Butantan em 2019. A jornada trouxe
muitas mudanças: após 15 dias de treinamento na Recepção principal, ela passou
a integrar a equipe de atendimento na Casa Afrânio do Amaral – onde ficou até
meados de 2024.
Nesses
seis anos de Instituto, as vacinas se tornaram uma constante na vida de
Francisca. Como uma sobrevivente da poliomielite, ela tem o hábito de fazer
campanha de vacinação nas redes sociais para amigos, familiares, vizinhos. A
ideia é passar as informações para que eles adquiram orientações corretas e
verdadeiras a respeito da imunização.
Hoje,
aos 46 anos, Francisca atua como assistente administrativa no departamento de
Engenharia de Obras e Projetos. Quem a encontra pelos corredores, vê junto ao
crachá o cordão girassol. “Eu não preciso dizer que tenho deficiência.
O público do Butantan acaba nos vendo de forma inclusiva e respeitosa.”
No
trabalho, a popularidade ganhou outra proporção – os colegas começaram a
sugerir que ela concorresse à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de
Assédio (CIPA). Um deles apostou: se ela se candidatasse e ganhasse, ele nunca
mais participaria do pleito. Francisca topou o desafio: se inscreveu e entrou
de férias. Quando voltou, recebeu diversas ligações de parabéns: ela havia sido
a segunda mais votada nas eleições.
“A
gente tem que ser o que a gente quiser. Acima de tudo, eu sou ser humano, sou
mãe, sou filha, sou irmã, sou amiga. Sou, sim, deficiente e sou brigadista. Se
alguém estiver precisando de mim, vou pensar que tenho deficiência ou vou
pensar em salvar?”
O
último caso de poliomielite no Brasil foi registrado em 1989, num município da
Paraíba. Mas as consequências, para quem teve paralisia infantil, permanecem
vivas. Até hoje, Fran só consegue apoiar a lateral do pé esquerdo com
as pontas dos dedos. Os sapatos são sempre feitos com palmilhas de
compensação, para estabilizar e adequar a altura das pernas. A diferença nos
lados do corpo, que na infância era de 1 cm, hoje é de 4,25 cm. Ao
longo dos anos, algumas cirurgias precisaram ser refeitas: no útero, nos rins,
na lombar, na cabeça – sem contar as dores e infecções eventuais. O segredo é
nunca se abalar. “Sempre achei graça de mim mesma. Eu até derrubo a peteca, mas
não deixo cair.”
Fonte _ Butantan
domingo, 7 de setembro de 2025
Estudo valida dois testes sorológicos Elisa para diagnóstico de Covid-19
Um
estudo desenvolveu e validou dois testes sorológicos do tipo Elisa para
detecção de anticorpos IgG contra o Sars-CoV-2. A pesquisa recebeu destaque na
capa da revista Covid-19. A pandemia ressaltou a necessidade urgente de
ferramentas diagnósticas acessíveis, simples e confiáveis, especialmente em
regiões com recursos limitados, onde a implementação em larga escala de testes
moleculares é desafiadora.
Nesse
sentido, foram desenvolvidos e validados dois testes Elisa utilizando as
subunidades recombinantes S1 e S2 da proteína spike do Sars-CoV-2. As amostras
foram coletadas entre março e outubro de 2020, totalizando 691 soros, sendo 354
de indivíduos com Covid-19 confirmada por RT-qPCR e 337 de controles
pré-pandêmicos. Também foi avaliada a reatividade cruzada com outras doenças
infecciosas, como dengue, HIV e doença de Chagas. Os testes foram comparados a
três kits comerciais.
O
Elisa S1 apresentou sensibilidade de 52,8%, especificidade de 93,5% e AUC
(curva ROC) de 71,6%, além de alguma reatividade cruzada com dengue e HIV. Já o
Elisa S2 obteve sensibilidade de 63,7%, especificidade de 99,7% e AUC de 83,1%,
sem reatividade cruzada significativa.
O
ensaio baseado na subunidade S2 demonstrou melhor desempenho, com maior
especificidade e sensibilidade, destacando-se como uma ferramenta robusta para
diagnóstico e vigilância. A sensibilidade aumentou com o tempo após o início
dos sintomas, atingindo o pico entre 15 e 21 dias.
Os
resultados indicam que o S2-Elisa é simples, robusto, específico e eficaz para
o diagnóstico sorológico da infecção por Sars-CoV-2, apresentando desempenho
superior ou comparável ao de testes comerciais. Sua alta especificidade,
sensibilidade adequada e ausência de reatividade cruzada relevante o tornam
especialmente indicado para diagnóstico retrospectivo (fase pós-aguda); estudos
de soroprevalência e uso em cenários com infraestrutura laboratorial limitada.
A utilização de um único antígeno (S2) torna o ensaio mais econômico e de fácil
padronização.
Os
autores concluem que o estudo oferece uma solução prática para o enfrentamento
da Covid-19 e representa um avanço na capacidade diagnóstica em saúde pública,
reforçando a importância de desenvolver tecnologias nacionais acessíveis e
confiáveis. A pesquisa foi coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia Fred
Luciano Neves Santos.
Fonte _ FioCruz
sábado, 6 de setembro de 2025
Estudo avalia como complicações por arboviroses estão associadas à desigualdade
Um
novo estudo da Fiocruz, publicado na revista The
Lancet Regional Health Americas, investiga a dengue e a chikungunya e
como elas afetam diferentes populações em contextos vulneráveis no Brasil. O
resultado mostra que negros e indígenas têm maior número de anos de vida
perdidos nas duas doenças, quando comparados com pessoas brancas. Enquanto
negros são os que mais perdem anos de vida pela chikungunya, os indígenas são
os que mais perdem anos de vida pela dengue. Em ambos os casos, os dois grupos
morrem em média 22 anos antes do esperado. Se comparado a pessoas brancas, esse
número não passa de 13 anos.
Ao
prestar atenção em quem são os mais afetados neste ciclo persistente de
desigualdades, as comunidades que convivem com barreiras de gênero, raça e
classe sofrem maior impacto negativo. “A motivação do estudo nasce à medida em
que enxergamos que há desigualdades no Brasil e, a partir desta constatação,
medimos o quanto isso reflete na vida das pessoas que adoeceram por dengue ou
chikungunya”, explica Thiago Cerqueira-Silva, pesquisador associado ao Centro
de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia e
líder do estudo.
O
artigo utiliza dados de casos notificados das duas doenças no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), totalizando mais de 13 milhões de
casos de dengue e outros 1 milhão de chikungunya. A análise foi feita levando
em conta a hospitalização e a mortalidade, tendo em vista os fatores de risco
como idade, sexo e comorbidades. O artigo também mediu os anos de vida perdidos
de pessoas com essas doenças, revelando um impacto desigual da dengue e
chikungunya por região geográfica e raça.
Para
Cerqueira-Silva os resultados demonstram que há um problema estrutural em
relação a esses grupos que os torna mais vulneráveis a complicações causadas
por estas doenças. “Esta escolha de quantificar os anos de vida perdidos em
grupos distintos é um diferencial da abordagem do nosso estudo no que diz
respeito à investigação das duas doenças, essa é a estratégia que utilizamos
para descrever o impacto da desigualdade no Brasil”, comenta o líder do estudo
inédito. Os anos de vida perdidos podem ser interpretados como quantos anos as
pessoas poderiam ter vivido em média caso não tivessem morrido de forma precoce
por estas doenças.
Risco
aumentado por regiões
Ao
olhar para diferentes regiões, foi possível perceber que os jovens do Norte e
do Nordeste concentraram mais anos de vida perdidos tanto por dengue quanto por
chikungunya, se comparados aos do Sul e Sudeste. Informação que é necessária ao
expor os grupos que mais sofrem as consequências destas doenças.
Considerando
outras características das populações, a idade é o fator de pré-disposição para
as duas doenças, com as crianças menores de 1 ano e os idosos apresentando
maiores riscos de adoecimento. Pessoas com histórico de doenças, a exemplo da
diabetes ou hipertensão, também estão sob maior risco de perda de tempo de
vida.
As
recomendações do estudo incentivam políticas públicas de saúde que combatam
desigualdades estruturais presentes no Brasil. Mais do que isso, os
pesquisadores ressaltam que é importante o monitoramento das ações de saúde
pública pelo governo de forma estratificada por região, etnias e raças, pois “é
necessário ir além de médias nacionais ao avaliar o resultado de políticas
públicas. Uma política pode parecer um sucesso na média nacional, mas pode
estar falhando em cuidar de grupos específicos”, conclui Cerqueira-Silva.
O Plano
de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroses é um esforço
levado em consideração no combate às doenças transmitidas por mosquitos.
As
limitações do estudo vão de encontro com a impossibilidade de investigar os
agentes determinantes da desigualdade, seja por piores condições de vida, seja
por menor acesso a bens e serviços de saúde, dentre outras questões que
mobilizam maior atenção em torno do tema. Participaram do estudo as
instituições parceiras London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM) e
a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Fonte _ FioCruz
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
quinta-feira, 4 de setembro de 2025
InfoGripe aponta aumento de Covid-19 nas regiões Centro-Sul e Nordeste
Divulgado
nesta quinta-feira (4/9), o novo Boletim
InfoGripe da Fiocruz alerta que a Covid-19 é a principal causa de
hospitalização de idosos, nas últimas semanas, por Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SRAG) no Rio de Janeiro e no Amazonas. A análise também observou o
crescimento nas notificações de SRAG por Covid-19 em duas regiões: no
Centro-Sul (o que inclui o Distrito Federal e os estados do Mato Grosso, São
Paulo, Paraná, Minas Gerais) e no Nordeste (Piauí e Paraíba). O número de novos
casos de SRAG por Covid-19 ainda segue em níveis relativamente baixos nesses estados.
O
InfoGripe é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao
monitoramento de casos de SRAG no país; A iniciativa oferece suporte às
vigilâncias em saúde na identificação de locais prioritários para ações,
preparações e resposta a eventos em saúde pública. A análise é referente à
Semana Epidemiológica - SE / 35, período de 24 a 30 de agosto.
No
Amazonas, os casos de SRAG seguem aumentando especialmente em crianças pequenas
de até quatro anos e estão relacionados a um aumento das hospitalizações por
Vírus Sincicial Respiratório (VSR). No Amapá, Goiás, Distrito Federal e Rio de
Janeiro, o estudo sinaliza que esse crescimento das ocorrências atinge mais as
crianças e os adolescentes e está relacionado ao rinovírus. Já no Espírito
Santo, o aumento de SRAG ocorre especialmente na população idosa.
Pesquisadora
do Programa de Computação Científica da Fiocruz e responsável pelo Boletim
InfoGripe, Tatiana Portella ressaltou que, apesar do cenário da Covid-19 no
país ainda não apresentar níveis preocupantes, a recente atividade do
Sars-CoV-2 em muitos estados é um alerta para que a população de risco
verifique se a vacinação está atualizada.
“Idosos
e imunocomprometidos devem receber doses de reforço a cada 6 meses, para
garantir a proteção contra o vírus. Já os demais grupos de risco, como pessoas
com comorbidades, precisam tomar a dose de reforço uma vez ao ano. Além disso,
com a maior circulação de vírus respiratórios, em especial o rinovírus entre
crianças e adolescentes, a gente recomenda que, caso esse grupo apresente
sintomas de gripe ou resfriado, que permaneça em casa em isolamento e evite
frequentar a escola”, orientou a pesquisadora.
Nas
últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos
foi de 8,1% para influenza A; 1,7% para influenza B, 25,6% para VSR; 47% para
rinovírus; e 14% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, os casos
positivos no mesmo recorte temporal foram de 23,8% para influenza A,; 2,2% para
influenza B; 18,1% para VSR; 27,9% para rinovírus; e 26,7% para Sars-CoV-2
(Covid-19).
Capitais e estados
Nove
das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto
risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento de SRAG na tendência de
longo prazo (últimas seis semanas) até a SE 35: Belém (Pará), Brasília
(Distrito Federal), Florianópolis (Santa Catarina), Macapá (Amapá), Manaus
(Amazonas), Porto Velho (Rondônia), Rio Branco (Acre), Rio de Janeiro (Rio de
Janeiro) e Vitória (Espírito Santo).
Em
Manaus, Macapá e Rio de Janeiro, o aumento dos casos e SRAG se concentra nas
crianças e adolescentes de até 14 anos. Em Vitória, as ocorrências atingem
principalmente os idosos a partir de 65 anos. Já em Brasília, Florianópolis,
Porto Velho e Rio Branco, o sinal de aumento é caraterístico de uma oscilação.
Além
disso, oito capitais também apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta,
risco ou alto risco, porém sem sinal de crescimento na tendência de longo
prazo: Aracaju, Boa Vista, Campo Grande, Cuiabá, Joao Pessoa (PB), Porto
Alegre, Salvador e São Luís.
Observa-se
que seis das 27 Unidades Federativas (UFs) apresentam incidência de SRAG em
nível de alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de
crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a SE 35:
Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás e Rio de Janeiro.
O
estudo também aponta que 14 UFs apresentam incidência de SRAG em níveis de
alerta, risco ou alto risco, porém sem sinal de crescimento na tendência de
longo prazo: Acre, Alagoas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pará, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina
e Sergipe. O número elevado de casos na maioria desses estados ainda é reflexo,
em grande parte, da temporada dos vírus influenza A e VSR, que seguem em
tendência de queda na maior parte do país.
Situação nacional
Referente
aos óbitos de SRAG em 2025, já foram registrados 10.051 óbitos por SRAG, sendo
5.318 (52,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus
respiratório, 3.808 (37,9%) negativos, e ao menos 171 (1,7%) aguardando
resultado laboratorial.
Dentre
os óbitos positivos deste ano, observou-se 52,7% são por influenza A; 1,8% por
influenza B; 12,1% por VSR; 13% por rinovírus; e 21,2% por Sars-CoV-2
(Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os
óbitos positivos foi de 23,8% para influenza A; 2,2% para influenza B; 18,1%
para VSR; 27,9% para rinovírus; e 26,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Fonte _ FioCruz