Uma
presença marcante e imprescindível nos clubes brasileiros são as mascotes. As
de animais, em específico, são a maioria entre os times que figuram na Série A.
Galo, Porco, Cachorro, Leão e até Peixe Dourado fazem parte da lista e carregam
as mais curiosas histórias sobre o seu surgimento.
Na
década de 1940, durante o gol que consagrou a vitória do Botafogo sobre o
Madureira por 10 a 2, um cachorro preto e branco invadiu o campo, como se
estivesse comemorando a goleada com os jogadores.
O
cão, chamado Biriba, era de um dos atletas do Glorioso, o Macaé. O então
técnico da equipe, Carlito, resolveu eleger o animal como mascote e passou a
levá-lo a todos os jogos — ele virou o amuleto da sorte.
Quem
olha a torcida do Palmeiras abraçar a mascote Porco Gobbato, não imagina que o
termo começou como algo ofensivo. Em 1969, após o Corinthians perder dois
jogadores (Lidu e Eduardo) em um acidente de carro, o Timão pediu uma
autorização para inscrever, fora do prazo, dois novos atletas.
Para
conseguir, todos os 13 clubes precisavam dar o aval. A votação acabou antes que
todos pudessem opinar, quando o diretor do Palmeiras votou não. Nos
bastidores, o presidente alvinegro Wadih Helu afirmou que o Verdão teve
"espírito de porco" em dar a negativa Foi apenas em 1986, com uma
jogada de marketing do ex-diretor João Roberto Gobbato, que eles conseguiram
reverter a situação. A torcida do Palmeiras passou a gritar "porco"
nos jogos, os chefes das organizadas andaram na pista de atletismo do Morumbi
com um porco em mãos e o meia Jorginho, principal jogador do Verdão na época,
apareceu com o animal no colo na capa de uma revista.
"Acho
que é a minha história favorita, nessa questão de mascote. As pessoas falam que
se você tem raiva de um apelido, ele pega. E acho que tem o contrário também:
se você assumir, você isola aquela questão de quem está ofendendo, porque você
assume 'sim, sou porco'", diz o jornalista e pesquisador, Celso
Unzelte.
Foi
nesse pensamento, de converter algo ruim em uma coisa boa, que o Santos assumiu
o apelido de Peixe e, por um tempo, essa mascote. Sempre que o clube viajava a
São Paulo, era chamado de "peixes podres" ou "peixeiros",
por vir de uma cidade portuária.
Em
1933, em um jogo contra o São Paulo da Floresta (atual São Paulo) na Vila
Belmiro, a torcida ouviu as ofensas e resolveu adotar o apelido "Eles não
gostavam muito, porque era pejorativo. Antes da era Pelé, ele era representado
por um Caiçara, por um habitante da praia, aqueles de bermuda esfarrapada,
descalço, que vendiam caranguejo no meio da praia.
Aí
dizem que, no primeiro jogo do profissional com o São Paulo, eles falaram
'vocês são peixeiros', e eles teriam respondido 'somos peixeiros, sim, com
muito orgulho'", diz Unzelte.
A
partir daí, o time assumiu a mascote. Ela foi trocada pela baleia na década de
1950, pelo cartunista Messias de Melo, do jornal Gazeta Esportiva, por ser
muito frágil.
Fechando
a lista de times que transformaram ofensa em representatividade está o
Flamengo. "Urubu era uma referência pejorativa pela cor negra dos
torcedores do Flamengo", afirma o Unzelte.
Na
década de 1960, quatro amigos flamenguistas resolveram aderir ao
apelido, pegaram um Urubu no lixão do Caju e o levaram para o jogo entre
Flamengo e Botafogo. Eles soltaram o animal no Maracanã e, após o Rubro-Negro
ganhar a partida, a torcida entoou o grito "urubu" — e não parou
mais.
Da
série histórias em que ninguém acreditaria, está o surgimento do Galo. Em 1930,
havia um galo branco e preto que era imbatível nas rinhas de Belo Horizonte.
Com essa informação e graças ao espírito de luta dos jogadores, principalmente
de Roberto Dias Braga, o jornalista e cartunista Fernando Pieruccetti
(Mangabeira) criou a mascote para o clube.
Ele
também ganhou força graças a outro jogador. "O Atlético tinha um volante
chamado Zé do Monte, que era ídolo da torcida, e entrava em campo com um galo
debaixo do braço", afirma Unzelte.
Mais
uma obra de Mangabeira, a Raposa do Cruzeiro foi inspirada no então
presidente do clube, Mário Grosso, que era rápido em se antecipar ao rival
Atlético-MG nas contratações.
Além
disso, o fato de o animal se alimentar de galináceos, uma referência ao rival
Galo, colaborou para a escolha do animal. "Ele adotou a raposa porque
representava a esperteza e a astúcia, principalmente dos diretores do
Cruzeiro", complementa o jornalista.
A equipe mato-grossense trouxe um significado mais regional à mascote: o peixe Dourado é uma espécie encontrada na região, principalmente na Baixada Cuiabana. Além disso, segundo o clube, ele reflete o espírito da equipe, já que é considerado o rei dos rios por sua bravura, força e coragem.
"Ele
está no hino do clube, que é 'Cuiabá, Cuiabá, Cuiabá, tens a valentia de um
Dourado, em campo nos faz vibrar, no gingado do rasqueado'. Rasqueado é um
ritmo de dança do Mato Grosso. Não deixa de ser um peixe, mas é um peixe
lutador", afirma o jornalista.
O Leão foi uma coincidência geográfica. Uma das primeiras sedes do clube ficava perto da praça General Tibúrcio, popularmente chamada de Praça dos Leões. Os atletas de outros times usavam o nome do espaço para se referir ao Fortaleza. A fibra do nordestino e a garra do leão também são usadas como justificativas para a escolha.
O "culpado" pelo Coelho do América também é Mangabeira. Em 1944, ele percebeu que havia muitas pessoas com o sobrenome "Coelho" na direção do clube, que ele caracterizava como uma equipe guerreira, mas também delicada. Essa foi a mistura perfeita para o surgimento da mascote.
"América,
no começo, era o pato Donald, mas mudou para Coelho, porque essa coisa de
'pato' os torcedores têm a conotação de que é fácil. Então trocaram",
lembra o pesquisador.
Há
muitas versões sobre o surgimento da mascote do esmeraldino. A mais aceita
é que ele é inspirado nas cores do clube. Outros dizem que foi influenciado
pelo do Palmeiras, que era o time do coração de dois fundadores do Goiás, Lino
e Carlos Barsi. Há também quem diga que um torcedor chamado Raimundo Baiano
sempre gritava "periquito" quando o clube entrava em campo.
Red Bull Bragantino — Leão (Massa Bruta)
Antes
chamado de Clube Atlético Bragantino, a equipe era rival do Bragança Futebol
Clube. Em 1931, após vencer o adversário e erguer a Taça Raul Leme, o time
recebeu o apelido de Massa Bruta da imprensa. Depois de 13 anos, ele ganhou
novamente do arquirrival e o então presidente do clube, Cícero
Marques, comprou um quadro com um leão, para representar a garra e a dedicação
dos jogadores.
Assim
surgiu a mascote, que ganhou a companhia do Toro Loko assim que o time
passou a ser gerido pela empresa Red Bull.
Athletico/PR — Fura-Cão
O
Athletico é popularmente conhecido por Furacão, mas tem como mascote a Família
Furacão. Cada um personaliza uma característica do clube, como ambição e
entusiasmo. O cachorro, o Fura-Cão, surgiu para aproximar as crianças e
foi inspirado nas mascotes dos esportes americanos.
Um
bônus que, apesar de não ser a mascote da equipe, é uma forma de o time ser
reconhecido: a Gaviões, do Corinthians. O nome da organizada é facilmente
associado ao clube, e surgiu de maneira inusitada: a ave era comum no campus da
USP (Universidade de São Paulo), onde estudava parte dos torcedores que
fundaram a organizada.
Fonte_R7 esportes
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