Ministério
da Saúde estima que, no período de 2000 a 2023, foram notificados mais de
785 mil casos de hepatites virais no Brasil. Por se tratar de uma
doença silenciosa, às vezes assintomática por muitos anos, as hepatites levam a
quadros graves de difícil tratamento como a cirrose hepática e o câncer de
fígado.
Carmelita
Alves não sabia que seu filho Cícero Carvalho, na época com 3 anos, tinha
hepatite. Ela procurou o Hospital Regional de Taguatinga, em Brasília, com o
filho apresentando dores no corpo, náuseas e vômitos. Ao passar pela triagem e
atendimento, Cícero foi diagnosticado com a doença. “Como era vômito e o corpo
estava meio mole, não imaginei que poderia ser algo mais grave. O médico pediu
os exames, incluindo o de sangue e aí deu hepatite”, lembra Carmelita.
Logo
após receber o diagnóstico, os médicos internaram a criança na Unidade de
Tratamento Intensivo (UTI) e iniciaram o tratamento. “O sangue do Cícero ficou
ralo. Ele precisou até receber doação de sangue. Agradeço a Deus e aos médicos
pelo restabelecimento da saúde do meu filho”, recorda a mãe.
Diagnosticar as hepatites B e C precocemente é a melhor forma de obter eficácia
com o tratamento. Após um mês internado, Cícero recebeu alta e foi curado da
doença. Hoje, aos 33 anos, ele é casado, tem um filho de onze anos e está à
espera de outro herdeiro. Sua esposa, Silvana Mourão, já tomou a vacina contra
hepatite pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e está prevenida
contra a doença. “Faço o pré-natal todo mês, incluindo exames e vacinas.
Acredito que esse cuidado é fundamental tanto para mim como para meu filho”,
afirma a moça.
Assim
como Carmelita e família, os tratamentos oferecidos pelo SUS têm mudado a vida
de portadores de hepatites virais. "Quando o indivíduo descobre a doença
com a eclosão dos sintomas, pode ser tarde. Por isso a importância da
identificação precoce do vírus no organismo, em tempo de promover um tratamento
bem-sucedido e prevenir futuros danos", alerta Ethel Maciel, secretária
de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da
Saúde. “Sem falar na vacinação, ter a caderneta vacinal em dia é essencial para
se prevenir da doença e sua transmissão”, completa.
Sobre
a hepatite
A
hepatite é uma inflamação do fígado e pode ser causada por vírus, uso de alguns
remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e
genéticas. É uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves,
moderadas ou graves.
As hepatites
virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. No
Brasil, as mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C.
Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais
comum na Região Norte do país) e da hepatite E, que é menos frequente no
Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.
Diagnóstico e tratamento
O
SUS disponibiliza meios para diagnosticar as hepatites virais, sejam exames de
sangue e testes rápidos ou laboratoriais, em qualquer unidade básica de saúde
(UBS) e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
O
tratamento da hepatite A se resume a repouso e cuidados com a dieta do
paciente. Já em caso de hepatite C, a intervenção terapêutica é feita com os
chamados antivirais de ação direta (DAA), geralmente por 8 ou 12 semanas,
apresentando taxas de cura de mais de 95%.
A
hepatite B não possui cura, mas seu tratamento com medicamentos específicos
(alfapeginterferona, tenofovir e entecavir) tem por objetivo reduzir o risco de
progressão da doença e complicações.
Sintomas
Os
sintomas podem se manifestar por meio do cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo,
vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Atualmente, existem testes rápidos para detecção da infecção pelos vírus B ou
C, que estão disponíveis no SUS. Todas as pessoas precisam ser testadas pelo
menos uma vez na vida para esses tipos de hepatite. Populações mais vulneráveis
precisam ser testadas periodicamente.
Prevenção
Todas
as hepatites virais podem ser evitadas com alguns cuidados. Para a do tipo A, o
recomendado é lavar as mãos com água e sabão após ir ao banheiro, trocar
fraldas e antes de cozinhar ou comer, além do uso de água tratada, saneamento
básico e higienização adequada dos alimentos. Desde 2014, crianças de 15 meses
até menores de 5 anos recebem a vacina pelo calendário nacional de imunização.
Essa medida reduziu drasticamente a incidência de hepatite A.
A vacina também está disponível para algumas populações especiais em adultos,
como pessoas vivendo com HIV (PVHA), pessoas portadoras de doenças
hepáticas crônicas e outras situações de imunossupressão.
Já a
prevenção das hepatites B e C passa por evitar o contato com o sangue
contaminado. Portanto, recomenda-se a utilização de preservativos nas relações
sexuais, sempre exigir materiais esterilizados ou descartáveis e não
compartilhar itens, equipamentos ou utensílios de uso pessoal. A hepatite
B também pode ser prevenida por meio da imunização, e apenas a do tipo C não
possui vacina.
Transmissão
A hepatite A é
transmitida de pessoa para pessoa pelo contato íntimo, ou através de alimentos
ou água contaminados por fezes contendo o vírus. Portanto, cuidados com a
higiene são fundamentais para evitar a contaminação. Já o contágio das
hepatites virais B, C e D ocorre por contato com sangue e hemoderivados,
podendo também ser passadas por contato sexual e da mãe infectada para o
recém-nascido.
A
transmissão pode ocorrer ainda pelo compartilhamento de objetos contaminados,
como lâminas de barbear, escovas de dentes e alicates.
A
hepatite C tem maior taxa de detecção em indivíduos acima dos 40 anos de idade,
ou que apresentem fatores de risco acrescidos, como: ter sido submetido a
procedimento de hemodiálise; ter diabetes ou hipertensão; ter realizado
procedimentos invasivos (estéticos ou cirúrgicos, tatuagens ou piercings) sem
os devidos cuidados de biossegurança; ter realizado transfusões sanguíneas
antes de 1993; compartilhar objetos para o uso de drogas, dentre outros.
Julho
Amarelo
Com
a chegada do Julho Amarelo - lembrado como o mês de luta contra as hepatites
virais -, o Ministério da Saúde promoverá ações de visibilidade e enfrentamento
à doença no período. Elas terão início nos dias 8 e 9 de julho, com o “II
Seminário Diálogos para a eliminação das hepatites B e C: o caminho para
eliminação e ações nos territórios”.
O
objetivo do evento é promover o debate entre o ministério e as coordenações
estaduais e municipais sobre os programas de hepatites virais e as ações
nacionais para a eliminação das hepatites B e C como problemas de saúde pública
até 2030.
Fonte_Saúde
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