O Instituto Butantan desenvolveu novas embalagens para seus
soros antiveneno com
o objetivo de facilitar a identificação dos produtos e, consequentemente, o uso
por profissionais de saúde. Cada soro terá uma identidade visual
diferente, com uma cor e uma ilustração aparente do animal, da toxina ou do
vírus correspondente por produto, substituindo as caixas verdes típicas dos
medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Por exemplo: a embalagem do soro
antiveneno de escorpião passa a ser branca, com listras laranjas e ilustrações
do artrópode. Essa e as demais embalagens também terão os nomes dos produtos
com fontes maiores para facilitar ainda mais a identificação durante uma
emergência.
A
mudança foi amparada pela nova resolução da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), que estabelece as regras para a rotulagem de medicamentos
no Brasil. Pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 768, de 12 de
dezembro de 2022, os rótulos de medicamentos ou insumos farmacêuticos precisam
ter características que os diferenciem entre si e que inibam erros de
dispensação, administração e uso. Pela norma anterior, a RDC n° 71, de 30 de
março de 2016, que deixou de ser válida, as embalagens dos soros tinham que
apresentar a mesma identidade visual, com caixas em tom verde, diferenciando-se
apenas pelo nome do imunizante.
“Nós já recebemos notificações de erros de administração por terem confundido o produto pela embalagem, já que as embalagens de todos os medicamentos eram parecidas. or isso, essa mudança tem como objetivo a melhor identificação e diferenciação dos imunizantes e minimizar possíveis erros de imunização”, afirma a diretora técnica dos Centros de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Butantan, Vera Gattás.
Novas
embalagens têm cores diferentes para cada produto, mas conteúdos dos soros
permanecem os mesmos
Lotes
antigos podem ser usados
A
diretora ressalta que lotes dos soros disponíveis no modelo antigo não devem
ser descartados durante a transição para as novas embalagens. “Ambas as versões
podem ser utilizadas até sua data de validade, sem qualquer prejuízo à sua
qualidade e segurança", destaca.
A identificação correta do medicamento a ser usado é uma das cinco metas internacionais de segurança do paciente estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que incluem: a identificação correta do paciente; a higienização das mãos do médico, enfermeiro ou técnico que vai manipular o paciente; a confirmação da cirurgia a ser feita com o paciente e com o médico responsável (em caso de cirurgia); a prevenção de quedas; e a confirmação do medicamento e do paciente que receberá a medicação (dupla checagem).
Embalagens
antigas podem continuar sendo usadas dentro de seus prazos de validade
“Levando
em conta essas diretrizes, as novas embalagens dos soros ficaram excelentes, de
fácil identificação e diferenciação entre elas pela coloração diferente. Isso
com certeza vai facilitar a correta checagem dos soros antiveneno e a correta
identificação”, afirma o médico cirurgião do Hospital Vital Brazil (HVB)
Jefferson Murad. O HVB é localizado dentro do Parque da Ciência Butantan e
especializado no tratamento de acidentes com animais peçonhentos.
Novas
embalagens
As
embalagens ganharam listras em cor de rosa para o soro contra picada de
jararaca; azul claras para o soro antiveneno de cobra coral; amarelas para soro
antiveneno da cascavel; laranjas para o soro antiveneno de escorpião; verdes
para o soro antiveneno de jararaca e surucucu pico-de-jaca; vermelhas para o
soro antiaracnídico; e em azul marinho para o soro antibotulínico.
“A principal mudança é de identidade visual, mas não houve alteração de materiais primários, ou seja, o tamanho do frasco ampola é o mesmo. Tivemos liberdade criativa de dar aos soros uma identidade visual diferente”, conta a coordenadora de desenvolvimento de material de embalagem do Butantan, Anna Carolina Vectore.
Novas
embalagens contam com ilustrações de animais para ajudar no reconhecimento do
produto
Para
garantir embalagens funcionais e que diminuiriam a chance de erros de
administração, a equipe criou ilustrações de escorpiões, serpentes, aranhas,
entre outras, e focou no benchmark para fazer algo que não remetesse a nenhum
outro medicamento existente.
“Tivemos
a ideia de incluir os pictogramas porque, em contato com a Farmacovigilância,
soubemos que, como as caixas eram todas iguais, aumentava o risco de erros na
hora da aplicação. Com as cores por produto e as ilustrações dos bichos, ficou
ainda mais fácil a identificação do soro”, conta o analista de Desenvolvimento
de Materiais de Embalagem do Butantan, Wallyson Oliveira.
Fonte _ BUTANTAN
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