Um
estudo recente avaliou o desempenho diagnóstico de um ensaio imunoenzimático de
duplo antígeno em sanduíche (DAgS-ELISA) que emprega a proteína recombinante
TpN17. O objetivo principal foi verificar a aplicabilidade e a eficácia dessa
técnica no diagnóstico da sífilis, comparativamente aos métodos
tradicionalmente utilizados. A pesquisa foi publicada no periódico Frontiers in
Microbiology.
A
sífilis, uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema
pallidum, apresenta elevadas taxas de incidência em populações adultas,
gestantes e recém-nascidos. O diagnóstico laboratorial convencional da doença
geralmente envolve uma abordagem em duas etapas: inicialmente, um teste
treponêmico (como ELISA, CMIA ou IFI), seguido por um teste não treponêmico
(VDRL ou RPR) para monitoramento da atividade da doença. A pesquisa foi
coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia Fred Luciano Santos.
Para
a avaliação, foram selecionadas 712 amostras de soro, consideradas elegíveis e
previamente caracterizadas por meio de VDRL, ELISA e FTA-ABS. Destas, 613
amostras foram incluídas na análise: 180 positivas para T. pallidum e 169
negativas e 264 amostras provenientes de indivíduos com outras patologias,
visando avaliar a especificidade do teste. O DAgS-ELISA com TpN17 foi
padronizado utilizando a metodologia de checkerboard titration para otimizar as
concentrações dos reagentes.
O
desempenho diagnóstico do teste foi avaliado por meio de diversas medidas
estatísticas, incluindo a Área Sob a Curva ROC (AUC), sensibilidade,
especificidade, precisão, índice Kappa, razão de verossimilhança (LR) e
Diagnostic Odds Ratio (DOR). Essas métricas são utilizadas para determinar a
capacidade do teste em identificar corretamente indivíduos infectados e não
infectados, bem como sua confiabilidade.
Os
resultados foram divididos em duas fases distintas. Na fase 1, foi demonstrado
que a proteína TpN17 foi capaz de distinguir corretamente casos positivos de
negativos (p < 0,0001). A curva ROC apresentou uma AUC de 98,7%, indicando
um desempenho diagnóstico excelente. O índice Kappa de 0,91 revelou uma alta
concordância com os testes de referência. Já na fase 2, o valor de AUC foi de
97,5%. A sensibilidade atingiu 88,9%, indicando uma boa capacidade de detecção
de casos positivos, enquanto a especificidade foi de 100%, eliminando a
ocorrência de falsos positivos.
Os
pesquisadores concluíram que o teste DAgS-ELISA com TpN17 demonstrou um bom
desempenho diagnóstico, embora ligeiramente inferior ao ELISA indireto
tradicional. Contudo, essa ferramenta é considerada promissora, especialmente
por sua capacidade de detectar simultaneamente anticorpos IgG e IgM. Para
otimizar sua eficácia e aplicabilidade em diversos contextos clínicos, os
autores sugerem a necessidade de validação com um número maior e mais variado
de amostras, além da exploração de novos antígenos para aprimoramento contínuo
do desempenho diagnóstico da sífilis.
Fonte _ FIOCRUZ
Nenhum comentário:
Postar um comentário