De
janeiro a 10 de junho de 2025, o estado de São Paulo registrou
332 casos de coqueluche,
e duas pessoas morreram pela doença. No mesmo período de 2024, foram
notificadas 417 infecções, sem mortes. Os dados são da Secretaria Estadual da
Saúde.
A
capital paulista contabiliza 109 casos de coqueluche, de acordo com a
Secretaria Municipal da Saúde, contra 322 infecções no mesmo período do ano
passado (até 10 de junho).
Além
de São
Paulo, os municípios com mais casos em 2025 são Campinas (26
casos) e Botucatu (22).
Para
o infectologista pediátrico Marcelo Otsuka, responsável pelo serviço de
infectologia do Hospital Infantil Darci Vargas, apesar dos números em queda, o
alerta de perigo para os bebês deve ser mantido, uma vez que são eles os mais
vulneráveis às formas graves da coqueluche.
"Como
nós tivemos um período com baixa cobertura vacinal, tanto de gestantes como
de crianças maiores, vimos nesses últimos tempos um aumento significativo de
casos em adultos jovens e crianças, que de certa forma passam [a doença] para
os bebês. E são eles que têm o quadro mais grave. Esse é o grande problema da
coqueluche, a doença é mais grave nas crianças pequenas", afirma Otsuka.
"Se
voltarmos a ter coberturas vacinais baixas, estaremos comprometendo os bebês.
Então, é fundamental que a gente vacine as gestantes para proteger não apenas
elas, mas principalmente os recém-nascidos", completa o médico, que é
também coordenador do Comitê Materno-Infantil da SBI (Sociedade Brasileira de
Infectologia) e vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de
Pediatria de São Paulo.
Segundo
informações do Ministério
da Saúde atualizadas até 4 de junho, os estados com mais casos de
coqueluche são Minas
Gerais (430), Rio Grande do Sul (253), Paraná (251), Bahia (110)
e Rio
de Janeiro (98).
A
coqueluche é uma infecção
respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis.
A transmissão se dá por meio de gotículas eliminadas pela tosse, fala e pelo
espirro. O período de incubação é de cinco a dez dias, em média, mas pode
variar de quatro a 21 dias.
A
doença tem três fases. Começa como um resfriado comum, com febre baixa,
mal-estar, coriza e tosse seca. "Nessa fase, a coqueluche se confunde
muito com qualquer gripezinha e isso é um problema, porque esse momento é o
ideal para o tratamento", alerta o médico.
Gradualmente,
a tosse se torna forte e incontrolável, com crises súbitas e rápidas. A pessoa
tosse em guinchos e chega a perder o fôlego. Em alguns casos, ocorre vômito.
Nessa etapa —que pode durar de duas a seis semanas—, é comum surgirem as
maiores complicações da coqueluche, como lesões pulmonares mais severas,
pneumotórax (colapso do pulmão devido à presença de ar na pleura), sangramento
no sistema
nervoso por causa da pressão da tosse, quadros neurológicos e
comprometimento cardíaco.
"A azitromicina é
a preferência para o tratamento, mas só funciona adequadamente na primeira
fase. Na segunda, o antibiótico já
não faz tanto efeito. Ele ajuda, sim, a impedir a transmissão para outros
indivíduos", explica Marcelo Otsuka.
Crianças,
adultos com doenças
crônicas e imunossuprimidos têm risco maior de desenvolver formas
graves da doença. Nos pacientes abaixo de quatro anos —principalmente menores
de um ano—, a coqueluche pode ser muito grave e levar à morte.
Vacinação
A vacina pentavalente
(DTP/HB/Hib) é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalos de 60 dias
entre as doses. O imunizante previne contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite
B e infecções causadas pela bactéria H. influenzae tipo
B.
A
DTP está na rotina do calendário nacional de vacinação, como dose de reforço
(aos 15 meses e aos 4 anos), em continuidade ao esquema primário realizado com
a pentavalente.
Para profissionais
de saúde e gestantes, é indicada a vacina acelular do tipo adulto
(dTpa). No caso das grávidas, o imunizante deve ser administrado a cada
gestação, a partir da 20ª semana. Todas as vacinas são ofertadas pelo SUS (Sistema
Único de Saúde).
"Temos que lembrar que a vacinação é um bem coletivo. Nós reduzimos a circulação do agente e evitamos que outras pessoas tenham quadro o mais grave da doença", finaliza o infectologista.
Fonte _ Folha

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