O
Conselho Federal de Enfermagem recebeu em audiência, nesta semana, a Kroton,
mantenedora da Anhanguera e da UnoPar, instituições de ensino superior que,
juntas, estão autorizadas pelo Ministério da Educação a oferecerem mais de 20
mil vagas graduação em Enfermagem por Educação a Distância (EaD).
O presidente
do Cofen, Manoel Neri, reafirmou a posição institucional, acompanhada pelos 27
Conselhos Regionais de Enfermagem, que destaca a importância do contato
presencial para a formação humanística e teórico-prática dos futuros
profissionais. “Somos contrários à formação de enfermeiros por EaD,
mas estamos abertos a colaborar para melhorar o grave quandro encontrado”,
afirmou o presidente
“Como
cuidar sem se relacionar, desde a formação, com o paciente?”, questionou a
vice-presidente do Cofen, Irene Ferreira, que participou da reunião, juntamente
com a conselheira federal Dorisdaia Humerez, a coordenadora da Câmara Técnica
de Educação e Pesquisa - CTEP Valdelize Pinheiro e assessores.
Operação
EaD – Condições precárias na oferta de cursos, sem laboratórios, biblioteca
ou campo de estágio foram constadas na operação
EaD realizada pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais em 315 polos
presenciais dos cursos à distância, destacou o presidente do Cofen. Neri
encaminhou relatório ao MPF e os Ministérios da Saúde e da Educação para
providências cabíveis.
“Nosso
trabalho de reformulação dos cursos também é resultado da operação EaD. Buscamos
minimizar ou resolver os problemas apontados pelo Cofen”, afirmou o pró-reitor
de extensão Mário Jungbeck, ao apresentar a matriz curricular do curso EaD.
Jugenbeck
disse ainda que a instituição vai reavaliar alguns pontos apontados na reunião
com o Cofen, como a ausência do contato com paciente, que é crucial para
algumas disciplinas. “A carga prática de Saúde Mental não pode ser cumprida em
laboratório. Boneco não apresenta comportamento mental alterado”, afirmou
Valdelize Pinheiro, que leciona a disciplina na Universidade Federal do
Amazonas. “Se o meu aluno terminar minha disciplina com medo do paciente
psiquiátrico, não terá valido nada”.
Saturação
e vagas ociosas – A oferta desenfreada de cursos foi outro ponto criticado
pelo Cofen. Atualmente, mais de 90% das vagas ofertadas por EaD estão ociosas,
por falta de demanda, mas a formação adicional de dezenas de milhares de
profissionais teria forte impacto no mercado de trabalho, que já mostra indício
de saturação, inclusive desemprego aberto.
“A formação,
seja em qual for a modalidade de ensino, é um ponto crítico para o Cofen. Como
conselho profissional, somos responsáveis por fiscalizar o exercício da
Enfermagem, e é na prática que as lacunas na formação se revelam”, ressaltou
Irene Ferreira. “Somos contrários à formação em Enfermagem por EaD, mas esta é
uma realidade, já autorizada pelo MEC. É salutar que a Kroton tenha buscado
este diálogo”, concluiu Manoel Neri.
Fonte_COREN/MS
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