Se
por um lado o Carnaval deste ano traz novidades
do mercado de bebidas, por outro lado a medicina apresenta novos
argumentos para desincentivar a ingestão de álcool em excesso.
Pesquisa
publicada em novembro revelou que, entre 2015 e 2019, o consumo
abusivo de bebidas alcoólicas resultou em cerca de 140 mil mortes por ano nos
Estados Unidos.
Outro
estudo afirma que beber
qualquer quantidade de álcool põe o coração em risco, e um artigo
publicado na Nature Communications aponta que o consumo
desse tipo de bebida pode estar ligado à diminuição do volume do cérebro.
Além
das consequências para o fígado, o
coração e o cérebro, o álcool pode causar prejuízos aos rins,
principalmente no consumo de longo prazo.
O
álcool inibe o ADH, hormônio antidiurético que auxilia o organismo a evitar a
perda de líquido. Sem essa ajuda, o indivíduo que ingere muito álcool produz
mais urina —por isso aquela vontade de ir ao banheiro— e corre maior risco de
desidratação.
O
ADH age de acordo com o que ingerimos. Quando tomamos muita água ou consumimos
muito sal, por exemplo, sua regulação também muda. A questão é se lembrar disso
ao consumir bebida alcoólica.
"O
hormônio existe para não deixar a gente desidratar. Se você toma muito álcool,
você tende a desidratar porque vai fazer xixi mesmo que não precise eliminar
mais água", afirma Osvaldo Merege Vieira Neto, ex-presidente da SBN
(Sociedade Brasileira de Nefrologia).
Entre
os sinais de desidratação estão sensação de boca seca, fraqueza, cansaço e dor
de cabeça. Passar seis horas ou mais sem urinar também é sintoma de
desidratação. Outros aspectos, esses mais críticos, são olhos fundos e
diminuição da elasticidade da pele.
"O
rim é o órgão mais empático do organismo. Ele vê outro órgão sofrendo e sofre
junto. Quando o fígado fica doente, o rim acaba sofrendo por
consequência", afirma Bruno Abdalla, nefrologista da BP (Beneficência
Portuguesa).
Abdalla
explica que, dependendo da fragilidade do rim e da quantidade de álcool
ingerida, há possibilidade de lesões.
"Evitar
o excesso é a melhor forma de prevenção, porque não sabemos a vulnerabilidade
de cada organismo. A mesma dose pode ter consequências diferentes", diz.
Quando
o consumo é prolongado e há um quadro de alcoolismo, o maior risco para os rins
é o aumento da pressão arterial. "No longo prazo, o álcool provoca
hipertensão, principal causa de insuficiência renal", alerta Vieira Neto.
Isso
ocorre porque a maior pressão sanguínea provoca lesões nas arteríolas dos rins,
reduzindo a capacidade desses órgãos de filtrar o sangue. "A hipertensão é
a principal causa no mundo para hemodiálise."
Para
aqueles que, buscando estar em forma para curtir a folia, apostaram em dietas
hiperproteicas e recorreram a suplementação de vitaminas sem orientação,
Abdalla afirma que é preciso estar atento aos riscos para os rins.
"É
necessário haver proteína na dieta, mas é preciso tomar cuidado com o excesso.
Há doenças renais que são desencadeadas justamente por sobrecarga
funcional", diz.
Em
relação às vitaminas, o nefrologista da BP explica que o aumento descuidado de
vitamina D no organismo pode elevar a absorção de cálcio e fósforo, gerando
lesões que às vezes não podem ser revertidas. A ingestão desmedida de vitamina
C, por sua vez, pode predispor a formação de cálculos renais.
"Precisamos
começar a derrubar a ideia de que existem fórmulas milagrosas. Não há dieta
milagrosa.”
Fonte_Folha
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