Estudo
publicado na revista científica americana BMJ Open Diabetes Research & Care
nesta semana revela que alguns medicamentos contra o diabetes podem reduzir em
até 22% o risco de demência em pacientes.
Segundo
os pesquisadores, as descobertas ajudam a planejar melhor a seleção de
medicamentos para pacientes com diabetes tipo 2 e com alto risco de demência,
quadro clínico que afeta as funções cerebrais.
A
demência é uma enfermidade neurodegenerativa progressiva que afetou 55 milhões
de pessoas em todo o mundo em 2015 e aumenta em quase 10 milhões de casos por
ano. O diabetes tipo 2 está associado a um risco elevado de demência por todas
as causas, incluindo seus dois subtipos principais, Alzheimer e demência
vascular.
Os
cientistas compararam o risco de aparecimento de demência em pacientes com o
diabetes tipo 2, a partir dos 60 anos, tratados com três classes de
medicamentos: sulfonilureia (SU), tiazolidinediona (TZD) e metformina (MET).
Segundo
eles, os resultados trazem contribuição significativa à literatura sobre os
efeitos de medicamentos contra o diabetes para a demência.
Trabalhos
científicos anteriores tiveram conclusões inconsistentes.
Para
a seleção de participantes da pesquisa, foram utilizados registros médicos
eletrônicos do Sistema de Saúde para Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos
entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2017 envolvendo 559.106 pessoas
com diabetes tipo 2.
Os
participantes foram submetidos ao tratamento pelo período de pelo menos um ano.
Após este período, o grupo que tomou tiazolidinediona teve um risco 22% menor
de ter qualquer tipo de demência em comparação aos participantes que usaram
apenas metformina.
Ainda
conforme os dados obtidos pelo estudo, o tiazolidinediona diminuiu em 11% o risco
de desenvolvimento de Alzheimer e em 57% a incidência de demência vascular. O
estudo aponta ainda que as doenças vasculares aumentam o risco de Alzheimer.
Portanto, o uso de tiazolidinediona parece oferecer riscos menores de demência
vascular, auxiliando de forma preventiva no desenvolvimento da doença.
Combinado
com metformina, o tiazolidinediona reduziu em 11% o risco de demência por
qualquer causa. Por outro lado, o uso isolado de sulfonilureia aumentou esse
risco em 12%.
Ou
seja, conforme o estudo, a suplementação de SU com MET ou TZD pode minimizar os
potenciais efeitos protetivos dos outros dois medicamentos contra a demência.
Ainda
segundo a pesquisa, os efeitos protetores do uso de tiazolidinediona em
pacientes com diabetes tipo 2 foram mais significativos em pacientes com menos
de 75 anos e em pessoas com sobrepeso ou obesas.
O
estudo é considerado de caráter observacional. Isso porque faltam detalhes
como, por exemplo, sobre a função renal ou informações de genes de risco dos
participantes no banco de dados. No entanto, acreditam os pesquisadores,
estudos futuros podem redirecionar agentes antidiabéticos orais para a
prevenção de demência e podem considerar priorizar o uso de tiazolidinediona.
Fonte_UOL
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