Governos de todo o mundo vêm travando uma luta contra uma série de inimigos
bastante sedutores. Eles são deliciosos, quase irresistíveis, envoltos
normalmente em embalagens coloridas e, muitas vezes, bem acessíveis
economicamente. Esse grupo de vilões que se instala nas casas de famílias de
todas as classes sociais são os alimentos ricos em gordura, açúcar e sódio, os
principais causadores da obesidade, problema que já atinge 300 milhões de
pessoas no planeta, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pesquisadores da renomada Universidade de Oxford, no Reino Unido, defendem uma
medida drástica para ajudar a controlar o consumo desses produtos: aplicar altas
taxas de impostos sobre os alimentos que fazem mal à saúde.
Segundo o pesquisador britânico Oliver Mytton, um dos autores do artigo que
será publicado na edição de hoje do periódico científico British Medical Journal
(BMJ), os produtos que vão contra a saúde, como biscoitos, salgadinhos e
refrigerantes, muitas vezes são mais baratos que os saudáveis, e essa distorção
precisa ser corrigida.
“A evidência mostra cada vez mais impostos sobre alimentos insalubres. Quando
são aplicados da maneira correta (os impostos), podem melhorar a dieta das
pessoas”, conta o pesquisador, que lembra que a Dinamarca está prestes a adotar
uma ação do tipo. “Eu acho que o imposto dinamarquês sobre a gordura vai ter
algum efeito na redução do consumo de alimentos ricos em gordura saturada —
vamos esperar para ver o que acontecerá lá”, afirma.
Apesar de a proposta defendida pelo grupo de qual faz parte ter sido
apelidada de imposto da gordura, o pesquisador alerta que a medida, para ser
eficaz, precisa abarcar mais produtos. “Muitas vezes, não é a gordura que deve
ser tributada, mas um conjunto mais amplo de itens alimentares”, conta Mytton,
que incluiria também na lista alimentos ricos em sal e em açúcar.
“Não se trata apenas de combater a obesidade, mas uma série de outras doenças
que também são causadas pela dieta desequilibrada, desde o câncer a doenças
cardíacas”, completa o britânico.
Queda nas vendas

Pesquisas de opinião feitas nos EUA afirmam que, entre 37% e 72% da população
do país, recordista absoluto em casos de obesidade, apoia as sobretaxas como
forma de promoção da saúde, além de incentivo ao consumo de alimentos benéficos
ao organismo.
Estudos de projeção matemática também norte-americanos mostraram que o
impacto na saúde pública do aumento forçado dos preços das bebidas pode ser
ainda mais amplo. Pesquisadores estimam que pelo menos por lá 20% a mais nos
impostos das bebidas açucaradas poderiam diminuir em 3,5% o número de casos de
obesidade.

Apesar das aparentes vantagens, especialistas internacionais alertam que essa
conta não é tão simples de fechar. “A ação poderia ter um efeito positivo, mas
sabemos que as pessoas podem simplesmente mudar para gorduras mais baratas”,
opina a especialista internacional em políticas de alimentação e saúde pública
Corinna Hawkes, da City University, em Londres, no Reino Unido. Ela acredita que
a promoção da adoção de hábitos de alimentação saudáveis combinada à prática de
exercícios pode ter resultados mais garantidos e duradouros.
Para ela, o grande problema ao serem adotadas tais políticas é a ainda
ausente visão dos governos de que a obesidade é uma questão realmente séria,
como a violência e a falta de acesso à educação. “O problema da obesidade não
foi reconhecido pelo que realmente é: uma questão de má gestão econômica”,
afirma a especialista britânica. “Apenas quando for reconhecido como tal é que
os governos estarão dispostos a agir”, completa Hawkes.
Mudança de hábito

“Precisamos mudar o relacionamento das pessoas com as frutas e as verduras.
Precisamos alterar de sobremaneira a disponibilidade, a qualidade, a
acessibilidade financeira e a aceitabilidade — particularmente em relação ao
gosto — desses alimentos”, enumera Corinna Hawkes. “A melhor maneira de fazer
isso seria mudar a forma como frutas e verduras são fornecidas — mais frescas,
vindas diretamente dos agricultores e de maneira mais conveniente para as
pessoas.”
Segundo dados do IBGE, há cerca de 17 milhões de obesos no Brasil, o que
representa 9,6% da população. A política brasileira para o controle do consumo
desses alimentos é praticamente baseada na publicação de avisos sobre os efeitos
de alguns tipos de alimentos e bebidas.
Em geral, os alertas são direcionados a crianças ou focados em produtos com
teor alcoólico. Embora todos os alimentos devam trazer na embalagem tabela de
informações nutricionais, não existem políticas que obriguem os fabricantes a
limitar ou mesmo a alertar os consumidores dos males do consumo excessivo de
gordura, açúcar e sódio.
Fonte_Blog da Enfermagem
Iniciativa
Começou dia 05 de março, a Semana de Mobilização Saúde na Escola, um dos projetos que fazem parte do Programa Saúde na Escola, do Ministério da Saúde.
Mais de 22 mil escolas públicas de 1.938 municípios brasileiros recebem especialistas da área da saúde que farão avaliações nutricionais em cerca de 5 milhões de estudantes com idade entre 5 e 19 anos. O projeto ocorre todos os anos e o tema de 2012 é “Prevenção da obesidade na infância e na adolescência”.
Durante a Semana de Mobilização Saúde na Escola, os profissionais do programa irão desenvolver práticas educativas de promoção, prevenção e avaliação das condições de saúde, como: pesar e medir os alunos; calcular o Índice de Massa Corpórea (IMC); promover palestras com alunos e professores; e fornecer orientações nutricionais aos familiares dos estudantes.
Lanche
O horário de lanche nas escolas é uma das preocupações do programa. Para a Coordenação de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, os pais devem evitar colocar nas lancheiras dos seus filhos alimentos como bolachas recheadas, sucos industrializados, biscoitos, salgadinhos e refrigerantes, pois possuem pouco valor nutritivo e altos índices de açúcar, sódio e gorduras. “É melhor optar pelo suco da fruta natural ou uma porção de fruta, cortando o alimento em pedaços para facilitar o manuseio da criança” – aconselha a coordenação.
A Semana de Mobilização Saúde na Escola quer alertar aos alunos, pais e diretores que o ambiente escolar pode contribuir para a formação de maus hábitos alimentares, por isso se deve ter o cuidado com o que vender nas cantinas, o que colocar na lancheira e o que servir para os alunos, no caso das escolas que servem o lanche. Para reforçar a prevenção da obesidade na infância e na adolescência, o Ministério da Saúde também está incentivando a inclusão da educação alimentar na grade curricular das escolas.
Dados
Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada entre 2008/2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. A mesma pesquisa mostra que um em cada cinco adolescentes com idade entre 10 e 19 anos foram diagnosticados com excesso de peso. O Ministério da Saúde quer diminuir esses índices através de campanhas preventivas e constantes, evitando que o problema da obesidade acompanhe os jovens até a fase adulta.
Por Adriano Lesme
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