Divulgado
nesta sexta-feira (10/3), o novo Boletim InfoGripe Fiocruz indica que o
aumento de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 está avançando
pelo país. Nas últimas semanas, o dado se concentrava no Amazonas e em São
Paulo. Essa tendência, no entanto, já reflete nos dados nacionais e está
presente no Ceará e Rio de Janeiro, além de sinal inicial no Mato Grosso do Sul
e Pará. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 9, período de 26 de fevereiro a
4 de março, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação
de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 6 de março.
O
pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, destaca que os dados
apontam para desaceleração do crescimento entre as crianças e adolescentes e
início de crescimento entre a população adulta no cenário nacional. “O
crescimento entre crianças e adolescentes está presente em estados de todas as
regiões; já o aumento recente de casos na população adulta está restrito a
alguns estados, porém avançando no território”, pontuou o especialista.
Gomes
observa que o crescimento expressivo de SRAG observado em crianças e
adolescentes (0 a 17 anos) em todas as regiões do país nas últimas semanas
ainda não possui associação viral clara a partir dos dados laboratoriais já
inseridos nas notificações, embora em alguns poucos estados se observe ligeiro
crescimento recente de positivos para rinovírus. "O aumento de SRAG em
crianças observado em estados de todas as regiões do país ainda não possui
associação clara com algum vírus respiratório específico. Na Bahia, no Mato
Grosso do Sul, no Paraná, em Santa Catarina e, em menor escala, em São Paulo,
existe o aumento nos casos positivos para rinovírus nas crianças até 11
anos", informou o pesquisador.
O Boletim aponta
para crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e
estabilidade na tendência de curto prazo (últimas três semanas). "O
cenário de aumento recente de casos de SRAG associados à Covid-19 reforça a
importância de adesão à campanha de vacinação, iniciada no dia 27 de fevereiro,
para que não gere impacto significativo em termos de casos graves",
reforçou o pesquisador.
Nas
últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como
resultado positivo para vírus respiratórios foi de 2,8% para influenza A; 3,0%
para influenza B; 26,8% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 49,7% para
Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os
positivos foi de 3,9% para influenza A; 3,1% para influenza B; 0,8% para VSR; e
91,4% para Sars-CoV-2.
Estados
Dezoito
das 27 unidades federativas apresentam crescimento na tendência de longo prazo
(últimas seis semanas) até a SE 9: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia,
Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima, Santa
Catarina, São Paulo e Sergipe. Na maioria desses estados, o sinal é compatível
com oscilação em período de baixo volume de casos, ou estão com crescimento
concentrado em crianças e adolescentes.
No
Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, observa-se crescimento em
praticamente todas as faixas etárias analisadas. No Amazonas, os dados
laboratoriais apontam associação principalmente ao aumento de casos de
Covid-19, porém aliado ao crescimento simultâneo de casos de gripe por
influenza A. Já no Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, há crescimento de
Covid-19 na população adulta, enquanto o quadro de crescimento expressivo nos
casos de SRAG entre crianças e adolescentes ainda não é possível identificar
causa específica a partir dos dados laboratoriais inseridos no sistema de
notificação até o momento.
No
Pará e Mato Grosso do Sul, também se verifica indícios iniciais de
aumento na população a partir de 80 anos, também associada à Covid-19, em
quadro similar ao observado no boletim anterior no Ceará e Rio de Janeiro. No
Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o crescimento
está concentrado fundamentalmente nas crianças e adolescentes até o momento. No
Acre, Maranhão, Roraima e Sergipe, o aumento observado ainda é
compatível com cenário de oscilação em período de baixo volume de casos, embora
o crescimento no AM sirva de alerta para os estados da mesma região.
Capitais
Vinte
das 27 capitais apresentam crescimento na tendência de longo prazo até a semana
09: Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Campo
Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE),
Goiânia (GO), Maceió (AL), Manaus (AM), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto
Velho (RO), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), São Paulo
(SP) e Vitória (ES).
Tal
como na análise estadual, a avaliação da série temporal por faixa etária nessas
capitais sugere que em algumas delas tratam-se apenas de oscilação natural em
período de baixo volume de casos, sem apresentar um sinal consistente de alta,
ou crescimento expressivo concentrado apenas na população infantil.
Algumas
poucas apresentam crescimento recente na população idosa, potencialmente
associado à Covid. Em Manaus e São Paulo, observa-se crescimento em todas as
faixas etárias, assim como no dado estadual. No Rio de Janeiro, também há
crescimento em praticamente todas as faixas etárias, porém em ritmo mais lento
do que o observado em Manaus e São Paulo.
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