O
vírus influenza, causador da gripe, circula em nossa sociedade há muito tempo e
é considerado o patógeno que mais provocou mortes na história da humanidade. Os
primeiros registros de sua circulação foram em 412 a.C., quando Hipócrates e
Livy discorreram sobre um aumento de casos de uma doença respiratória que
iniciou de maneira abrupta e levou a óbito um número grande de pessoas. No
decorrer dos séculos, ele tem causado surtos, epidemias e pandemias. As mais
bem descritas e estudadas delas ocorreram no século 20 (gripe espanhola, gripe
asiática e gripe Hong Kong) e 21 (gripe suína, depois nomeada H1N1
pandêmica).
Quando
ouvimos falar da influenza, geralmente ouvimos também uma sigla associada ao
vírus, como H3N2 e H1N1. Você sabe por que existe essa sigla? E o significado
dela?
O
vírus da influenza é composto por quatro tipos: A, B, C e D. Na superfície dos
tipos A e B há duas proteínas, a hemaglutinina (HA), que tem o papel de ligar o
vírus ao receptor, sendo essencial para causar a infecção, e a neuraminidase
(NA), que faz o vírus ser liberado da célula hospedeira para fazer a replicação
em outras.
No
tipo A, há uma variedade de subtipos. Até o momento, foram identificadas 18
diferentes hemaglutininas (de H1 até H18) e 11 neuraminidases (de N1 até N11).
E é daí que vêm as nomenclaturas que tanto ouvimos falar. Todas essas proteínas
podem se misturar, criando um novo subtipo.
Essa
variação de subtipos pode gerar mais de 30 mil vírus diferentes, porém apenas
três estão adaptados para atingir humanos (até o momento): H2N2, H1N1 e H3N2,
sendo que apenas os dois últimos circulam atualmente no mundo. O restante dos
arranjos acomete principalmente aves aquáticas e selvagens, consideradas como
hospedeiros naturais do vírus. Também podem infectar e causar doenças em aves
domésticas, mamíferos aquáticos, porcos e morcegos entre outros mamíferos.
Já o
tipo B da influenza tem apenas duas variantes: Yamagata e Victória. Os nomes
dados às cepas estão relacionados com o local em que elas emergiram: na cidade
de Yamagata, no Japão, e no estado de Victoria, na Austrália. O tipo C não tem
uma importância epidemiológica tão grande, pois na maioria dos casos causa um
pequeno resfriado – diferente da A e da B, que podem ocasionar epidemias
sazonais. Embora tenham características distintas, os três tipos causam
sintomas parecidos, como febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de
cabeça, no corpo etc. O tipo D, descrito pela primeira vez em 2011, está
relacionado a infecções em bovinos.
“Há um
monitoramento acirrado em cima desses vírus para que não ocorra a passagem de
novos vírus influenza aviários ou suínos para os humanos”, conta a diretora do
Laboratório de Virologia do Butantan, Viviane Fongaro Botosso. Com esse
objetivo, os países mantêm programas sentinelas vinculados às autoridades
nacionais de saúde e à Organização Mundial da Saúde, que fazem o acompanhamento
e a caracterização dos vírus circulantes, permitindo a identificação de novos
agentes, causadores de doenças. Portanto, essa rede pode fazer a detecção
rápida de novas enfermidades e novos agentes possibilitando a tomada de
providências e ações pelos órgãos competentes para evitar a proliferação de
novas doenças.
O
Brasil possui um programa sentinela do Ministério da Saúde ligado à Secretaria
de Vigilância em Saúde que identifica as novas variantes do vírus influenza
circulantes em território nacional.
Fonte_BUTANTAN
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