Um
estudo desenvolveu e validou dois testes sorológicos do tipo Elisa para
detecção de anticorpos IgG contra o Sars-CoV-2. A pesquisa recebeu destaque na
capa da revista Covid-19. A pandemia ressaltou a necessidade urgente de
ferramentas diagnósticas acessíveis, simples e confiáveis, especialmente em
regiões com recursos limitados, onde a implementação em larga escala de testes
moleculares é desafiadora.
Nesse
sentido, foram desenvolvidos e validados dois testes Elisa utilizando as
subunidades recombinantes S1 e S2 da proteína spike do Sars-CoV-2. As amostras
foram coletadas entre março e outubro de 2020, totalizando 691 soros, sendo 354
de indivíduos com Covid-19 confirmada por RT-qPCR e 337 de controles
pré-pandêmicos. Também foi avaliada a reatividade cruzada com outras doenças
infecciosas, como dengue, HIV e doença de Chagas. Os testes foram comparados a
três kits comerciais.
O
Elisa S1 apresentou sensibilidade de 52,8%, especificidade de 93,5% e AUC
(curva ROC) de 71,6%, além de alguma reatividade cruzada com dengue e HIV. Já o
Elisa S2 obteve sensibilidade de 63,7%, especificidade de 99,7% e AUC de 83,1%,
sem reatividade cruzada significativa.
O
ensaio baseado na subunidade S2 demonstrou melhor desempenho, com maior
especificidade e sensibilidade, destacando-se como uma ferramenta robusta para
diagnóstico e vigilância. A sensibilidade aumentou com o tempo após o início
dos sintomas, atingindo o pico entre 15 e 21 dias.
Os
resultados indicam que o S2-Elisa é simples, robusto, específico e eficaz para
o diagnóstico sorológico da infecção por Sars-CoV-2, apresentando desempenho
superior ou comparável ao de testes comerciais. Sua alta especificidade,
sensibilidade adequada e ausência de reatividade cruzada relevante o tornam
especialmente indicado para diagnóstico retrospectivo (fase pós-aguda); estudos
de soroprevalência e uso em cenários com infraestrutura laboratorial limitada.
A utilização de um único antígeno (S2) torna o ensaio mais econômico e de fácil
padronização.
Os
autores concluem que o estudo oferece uma solução prática para o enfrentamento
da Covid-19 e representa um avanço na capacidade diagnóstica em saúde pública,
reforçando a importância de desenvolver tecnologias nacionais acessíveis e
confiáveis. A pesquisa foi coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia Fred
Luciano Neves Santos.
Fonte _ FioCruz

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