O Dia
Mundial de Prevenção ao Suicídio, que ocorre em 10 de setembro, marca o
ponto alto da campanha Setembro Amarelo 2025, que neste ano tem
como lema Agir salva vidas. Ao longo de todo o mês, a mobilização
reforça a necessidade de quebrar o silêncio em torno do tema, incentivando o
diálogo e a busca por ajuda em momentos de crise. Um dos focos de 2025 é chamar
atenção para os efeitos da cultura de ódio nas redes sociais, fenômeno que se
intensificou nos últimos anos e tem provocado danos muitas vezes irreversíveis
à saúde mental, em especial entre os adolescentes.
Estudos
mostram que práticas de exclusão e discriminação — como xenofobia, racismo e
LGBTfobia — impactam profundamente o bem-estar biopsicossocial, desencadeando
quadros de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e, nos casos mais
graves, ideação suicida. Segundo a psiquiatra Marcia Britto de Macedo Soares,
até mesmo quem consome esse conteúdo sem ser alvo direto pode desenvolver
sintomas como medo constante, ansiedade elevada e dessensibilização à
violência. “As vítimas podem desenvolver transtornos de ansiedade, pânico,
fobia social, depressão e até ideação suicida. E quem propaga esse tipo de
discurso também é afetado, tornando-se mais destrutivo, raivoso e intolerante”,
explica a médica, no artigo O
impacto do discurso de ódio na saúde mental.
A
gravidade do problema se reflete em números recentes. Um relatório do grupo
KidsRight, em parceria com a Universidade Erasmus de Roterdã, mostra que uma em
cada sete crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos no mundo sofre de algum
problema de saúde mental, sendo 70% deles associados ao uso problemático das
redes sociais. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 12 mil
pessoas morrem por suicídio todos os anos. Entre jovens de 15 a 29 anos, essa
já é a quarta maior causa de morte. O crescimento é alarmante: entre 2016 e
2021, as taxas de mortalidade por suicídio aumentaram 49,3% entre adolescentes
de 15 a 19 anos e 45% entre os de 10 a 14 anos.
Contribuições
da IdeiaSUS
Diante
desse cenário, a Plataforma IdeiaSUS Fiocruz se soma à campanha de 2025 como
espaço estratégico de valorização de práticas inovadoras do Sistema Único de
Saúde (SUS) voltadas à prevenção do suicídio e à promoção da saúde mental.
Entre os exemplos, está a Rede
de Atenção e Prevenção ao Suicídio de Anastácio (MS), organizada nos
pilares de prevenção, atenção e posvenção. A iniciativa integra o livro Fiocruz
é SUS: rodas de saberes, práticas compartilhadas, lançado em 2024 e disponível
gratuitamente no site da IdeiaSUS.
Outro
destaque é a prática Suicídio,
o inimigo silencioso: precisamos falar sobre isso, vinculada ao
Programa Municipal de Valorização da Vida e Combate ao Suicídio, de Coribe
(BA). O projeto promove, entre outras ações, encontros em escolas para dialogar
com adolescentes e jovens sobre bullying, automutilação, autoestima e
autoconhecimento, fortalecendo a prevenção e a proteção.
“Ao
reunir e divulgar essas experiências, a IdeiaSUS reafirma seu papel de difusora
de boas práticas em saúde, oferecendo não apenas visibilidade a essas práticas,
mas também inspiração para que gestores, profissionais e comunidades
multipliquem estratégias de cuidado”, realça o coordenador da IdeiaSUS Fiocruz,
Wagner Barbosa de Oliveira. Confira
outras boas iniciativas do SUS de prevenção ao suicídio e promoção do bem-estar
biopsicossocial publicadas na plataforma.
Fonte _ FioCruz
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