Com
votação folgada na Câmara, de 367 votos a 102, foi
aprovada a urgência para o projeto de lei complementar que substituirá o teto
constitucional de gastos. Tudo sugere que não haverá grande dificuldade
para encerrar a tramitação do primeiro grande objetivo do governo no Congresso.
Longe
de significar uma base de apoio segura, a maioria confortável resulta em
primeiro lugar da disposição
de Arthur Lira (PP-AL) em mostrar sua liderança na Casa.
Como
era esperado, houve acordo para tornar algo mais rigorosa a proposta original
do Ministério da Fazenda, mas sem comprometer o espaço confortável para gastos
nos próximos anos.
Permaneceu
o intervalo para o crescimento das despesas entre 0,6% e 2,5% acima da inflação
ao ano. Também foram mantidas a vinculação ao aumento das receitas (70%, ou 50%
no ano subsequente a eventual descumprimento de metas) e a fixação de metas
para o saldo das contas, que deve ser zerado em 2024 e chegar a uma sobra de 1%
do PIB em 2026.
É
positivo que o relator tenha diminuído a lista de exceções aos limites de
gastos, incorporando os desembolsos com o Piso Salarial da Enfermagem e a
capitalização de estatais. Outro avanço importante é a manutenção de gatilhos
de ajuste no caso de descumprimento dos compromissos, assim como a obrigação de
contingenciamento de despesas.
Entretanto
o texto também acomoda mais expansão orçamentária, sobre a base já exagerada
deste 2023. Um exemplo é a permissão para alta no limite máximo de 2,5% no
próximo ano, quando a aplicação estrita da regra resultaria em um percentual
menor.
Também
persiste a maior fragilidade da proposta —a dependência de novas receitas em
montantes gigantescos para fechar as contas. Sem arrecadação adicional de 1,5%
do Produto Interno Bruto (ao menos R$ 150 bilhões anuais), a dívida pública continuará
crescendo.
Estimativas
apontam para elevação entre 10 e 15 pontos percentuais até 2026, para quase 90%
do PIB.
Embora seja desejável e possível, como quer o governo, obter mais dinheiro com cortes de subsídios e dos inúmeros benefícios tributários, será inevitável um aumento da carga de impostos.
Diante
da demanda petista por gastos desenfreados, os limites estabelecidos no projeto
não deixam de ser um relevante avanço, que reduz o risco de cenários mais
adversos de descontrole do Orçamento e facilita a redução dos juros por parte
do Banco Central.
Infelizmente,
porém, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixa claro que não trabalhará
por reformas que ampliem a eficiência da máquina pública.
Fonte_Folha
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