Dados
preliminares do Ministério da Saúde apontam que, em 2022, mais de 17 mil novos
casos de hanseníase foram diagnosticados no Brasil. Em 2021, o número de
registros alcançou 18 mil casos, com 11,2% dos pacientes considerados como grau
2 de incapacidade física — quando são identificadas lesões consideradas graves
nos olhos, mãos e pés. O Ministério da Saúde reforça que a doença tem cura.
O
levantamento foi feito pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA)
da pasta. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, os dados alertam para a
importância da conscientização e atenção aos primeiros sintomas. Atualmente, o
Brasil faz parte da lista de 23 países prioritários para a hanseníase definida
pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os
dados mostram ainda que o Brasil possui mais de 90% do número de novas
notificações do continente americano. Devido à alta quantidade de registros
anuais, a doença ainda é considerada um problema de saúde pública. A
notificação compulsória e a investigação dos casos suspeitos é uma medida obrigatória
estipulada pelo Ministério da Saúde.
Desde
a década de 1980, a pasta adota medidas para prevenir e desestigmatizar a
doença, como, por exemplo, a proibição do termo “lepra”. Nesse contexto,
investiu em campanhas de conscientização para instruir a sociedade. Além disso,
no país, desde 2009, a lei nº 12.135 estabelece o último domingo de janeiro
como o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. A data é um momento
de reforçar a atenção aos sintomas e informar sobre os tratamentos disponíveis
na rede pública de saúde.
Entenda
mais sobre a infecção
O
que é a hanseníase?
Causada
pela bactéria Mycobacterium leprae, a hanseníase é uma doença infecciosa,
transmissível e de evolução crônica, que atinge principalmente os nervos
periféricos, a pele e as mucosas. A infecção pode causar lesões neurais e danos
irreversíveis. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são tão
importantes.
Quando
surgiu?
A
hanseníase é considerada uma das doenças mais antigas da humanidade. No
entanto, não tem uma origem precisa. Sabe-se que ela é conhecida há mais de
quatro mil anos na Índia, China, Japão e Egito. Ao longo dos séculos, também
foi confundida com outras doenças de pele como psoríase, impetigo e escabiose,
por exemplo.
Quem
pode contrair?
A
hanseníase acomete pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade, mas é
necessário um longo período de exposição à bactéria e apenas uma pequena
parcela da população infectada realmente adoece. Devido às lesões neurais e
incapacitantes, os pacientes sofrem pelo estigma e discriminação.
Sinais
e sintomas
Os
mais frequentes são:
-
Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou áreas da
pele com alteração da sensibilidade térmica (de frio e calor), dolorosa e/ou
tátil;
-
Comprometimento dos nervos periféricos, geralmente com engrossamento da pele,
associado a alterações sensitivas, motoras e/ou autonômicas;
-
Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
-
Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés;
Diminuição
ou perda da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou
nos pés; e
-
Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
Contágio
A
transmissão acontece quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da
doença e sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando
outras pessoas suscetíveis, ou seja, que têm maior probabilidade de adoecer.
A
eliminação do bacilo pelo doente acontece pelas vias aéreas superiores, como
espirro ou tosse, e não é transmitida por objetos utilizados pelo paciente. O
contágio só acontece em casos de contato próximo e prolongado.
Diagnóstico
A
identificação da hanseníase é feita por exame físico geral, dermatológico e
neurológico, para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de
sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos com alterações
sensitivas, motoras e/ou autonômicas.
Os
casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea e aqueles que
apresentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem lesão
cutânea evidente, deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior
complexidade para confirmação da doença.
Em
crianças, o diagnóstico exige uma avaliação mais criteriosa, devido à
dificuldade de aplicação e interpretação dos testes de sensibilidade. Os casos
infantis também indicam transmissão ativa da doença, especialmente entre os
familiares.
Avaliação
de contatos
Ao
confirmar que uma pessoa está acometida pela hanseníase, é importante avaliar
todas as pessoas de sua convivência doméstica. Elas são consideradas contatos,
sendo que têm três vezes mais risco de ter hanseníase, devido ao contato
próximo e prolongado já realizado.
Em
2023, o SUS começa a oferecer dois testes para auxiliar na avaliação de
contatos. Isso é importante para que, caso a doença ocorra em contatos, que
seja diagnosticada precocemente para tão logo iniciar o tratamento, cessar a
transmissão e prevenir o surgimento de incapacidades físicas.
Como
na primeira dose do tratamento o paciente acometido já deixa de transmitir a
bactéria, as demais pessoas do convívio não precisam se afastar. Pelo
contrário, devem acolher, auxiliar no tratamento e ficar atentas à sua própria
saúde.
Tratamento
O
SUS disponibiliza tratamento e acompanhamento dos pacientes em unidades básicas
de saúde e de referência, não sendo necessário internação. O tratamento é
realizado com a associação de três antimicrobianos, chamado de
Poliquimioterapia Única (PQT-U). A associação é eficaz para curar a doença e
oferece menor risco de resistência medicamentosa do bacilo.
A
duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença e, já na
primeira dose da medicação, a bactéria deixa de ser transmitida. O paciente é
acompanhado por um profissional de saúde em consultas, geralmente, mensais,
quando também recebe uma nova cartela de PQT-U.
Quando
necessário, e a critério médico, o paciente pode ser encaminhado para Centros
de Referência em hanseníase para avaliação clínica aprofundada, para se
verificar a necessidade de prescrição de outros medicamentos de auxílio.
Fique
por dentro:
Gravidez
e aleitamento materno não contraindicam o uso de PQT-U;
Pessoas
com peso inferior a 30kg devem ter doses de medicamentos ajustadas;
O
uso de anticoncepcionais orais pode ter sua ação reduzida durante o tratamento;
Caso
sejam necessários esquemas substitutivos à PQT-U, o SUS também disponibiliza os
medicamentos de forma gratuita;
É
importante que as pessoas próximas de pacientes com hanseníase também sejam
avaliadas por um profissional de saúde.
Fonte_SaudeGOV
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