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domingo, 8 de janeiro de 2023

INVASÃO no Congresso Nacional

 







Manifestantes bolsonaristas radicais furaram um bloqueio, entraram na Esplanada e invadiram o Congresso Nacional, em Brasília, na tarde deste domingo (8).

Os manifestantes conseguiram invadir o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. Há registros de depredação nas sedes dos três Poderes por criminosos.

À CNN, o STF informou que a equipe de segurança do Supremo e da tropa de choque conseguiu retomar o prédio. Há registros de pessoas detidas na garagem.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal no DF, de acordo com anúncio realizado à imprensa na noite deste domingo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou em publicação no Twitter que conversou há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem está em contato permanente.

O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação. Na ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Legislativa do Congresso. Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado

Em contato com a CNN, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira afirmou que precisa se colocar a par dos fatos. “Me deixe trabalhar. Daqui a pouco nos falamos”, afirmou Lira, e desligou.

À CNN, o vice-presidente da Câmara Luciano Bivar afirmou que conversou com o presidente da Câmara e com Anderson Torres, responsável pela segurança pública do DF, ex-ministro da Justiça.

Segundo Bivar, haverá reforço da Polícia Militar, novos contingentes estão sendo enviados neste momento ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto.

Ele considerou essa invasão como “um desrespeito ao Congresso Nacional e ao Poder Legislativo”.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, monitora situação e ligou para Ibaneis para cobrar reforço de segurança. Em publicação no Twitter, Dino afirmou que haverá reforços.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em Araraquara, no interior de São Paulo, neste momento, em viagem por ocasião das chuvas que afetam a cidade paulista.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou à CNN que o Exército deveria ter desmobilizado os acampamentos bolsonaristas em frente aos quarteis.

“O Exército deveria ter acabado com acampamento, e não o fez”, afirmou o governador à CNN, enquanto radicais invadiam o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou em publicação no Twitter que “o governo do DF foi irresponsável frente à invasão de Brasília e do Congresso Nacional”.

“É um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses. Governador e seu secretário de segurança, bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer”, disse Gleisi.

Em entrevista à CNN, o deputado federal José Guimarães (PT-CE) afirmou que o governo do DF precisa ser responsabilizado.

“Perder a eleição faz parte da democracia, assim como ganhar a eleição. Esses atos ferem frontalmente a democracia e a Constituição Brasileira precisa ser respeitada e estabelecida”. O governo do Distrito Federal precisa ser responsabilizado”, disse Guimarães.

O grupo Esfera Brasil emitiu nota na qual “repudia veementemente a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília e considera que nenhuma divergência política ou ideológica pode servir de justificativa para os atos violentos de vandalismo que aconteceram neste domingo na capital federal. O ataque aos prédios públicos foi uma agressão direta às instituições democráticas do Brasil.”

Força Nacional

O ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou, no sábado (7), o emprego da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios até a próxima segunda-feira (9).

A portaria foi publicada hoje para “proteção da ordem pública e patrimônio público e privado” da Rodoviária de Brasília até a Praça dos Três Poderes.

No sábado, o governo do Distrito Federal também fechou o acesso à Esplanada dos Ministérios e escalou viaturas da Polícia Militar para a região do Setor Militar Urbano.

Fonte_CNNBrasil


Entenda a 'mentalidade de turba', conceito que ajuda explicar a ação de grupos violentos

Os atos golpistas de violência vistos neste domingo (8) contra os prédios e o patrimônio público ocorridos em Brasília foram um comportamento de massa provocados por uma doença social, não necessariamente psíquica.

Os psiquiatras ouvidos pela Folha explicam que pessoas mudam de comportamento quando estão, por exemplo, em um grupo violento e agressivo, como vemos em brigas de torcidas organizadas de futebol.

O psiquiatra Alexandre Valverde diz que uma pessoa que não necessariamente teria coragem de quebrar uma vidraça acaba fazendo ao ver outros com a mesma atitude. O especialista explica que o termo tem nome e é chamado de "mentalidade de turba" (mob mentality), quando as pessoas tendem a ter comportamentos similares quando estão em grupo pois sentem que a responsabilidade individual é menor.

Segundo Valverde, a "mentalidade de rebanho", como também é conhecida, caracteriza-se quando as pessoas querem sentir-se parte do grupo pois acreditam que estão todos lutando por um bem em comum.

O psiquiatra diz que os manifestantes têm essas atitudes por acreditarem em uma realidade paralela.

"Eles são pautados por informações falsas e vivem em um mundo fantasioso, que tem a realidade distorcida, onde acreditam que vamos ter um golpe comunista e que as eleições foram fraudadas. São pessoas que não têm senso crítico", diz Valverde, que é especialista em comportamento e doenças psíquicas.

"As pessoas querem sentir parte do grupo, mas não percebem que estão sendo feitas de massa de manobra por políticos e líderes que financiam os atos. Existe aí uma relação abusiva que quem está lá quebrando, sendo preso, não percebe", afirma o médico.

Ele diz que o mesmo aconteceu nos Estados Unidos com a invasão do Capitólio, em janeiro de 2021 após a derrota de Donald Trump. "Eles realmente acreditam em uma teoria da conspiração. A questão é como vencer tamanha desinformação".

O psiquiatra e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Aderbal Vieira Júnior afirma que cada vez mais as pessoas duvidam das informações e preferem ter como realidade o que é enviado no WhatsApp por um amigo. "Muitos desacreditam nas informações oficiais e preferem acreditar naquele que tem um laço afetivo que enviou num grupo. Estamos vendo uma estupidificação, e isso acontece tanto entre radicais de esquerda como de direita", avalia Vieira Júnior.

O docente observa que as redes sociais contribuem para isso. "Somos seres tribais que foram evoluindo, se adaptando e buscando sempre o pertencimento. Nas redes sociais, vivemos nas nossas bolhas para reafirmar aquilo em que você acredita e para que você possa se sentir especial com aquele grupo. Quem participa desses protestos acredita que está lá para salvar a nação. Eles acreditam que estão sendo revolucionários, não vândalos", diz o psiquiatra.

Vieira Júnior afirma ainda que cada vez mais as pessoas precisam encontrar grupos que pensam igual para sentirem pertencimento e se sentirem especiais. "Nas redes sociais você vê todo mundo se dando bem, afinal, todos mostram o sucesso na internet como viagens, restaurantes. Ao encontrar um grupo que pensa como você, você se sente menos medíocre. No caso dos ‘patriotas’, eles passam a sentir que são heróis", diz.

Esse radicalismo, segundo Valverde, fez com que os laços familiares e de amizades fossem rompidos. "Isso vai levar muito tempo para mudar, pois eles vão precisar entender que foram manipulados e ter essa consciência pode levar tempo ou nunca acontecer", diz.

Fonte_Folha

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