Manifestantes
bolsonaristas radicais furaram um bloqueio, entraram na Esplanada e
invadiram o Congresso
Nacional, em Brasília, na tarde deste domingo (8).
Os
manifestantes conseguiram invadir o plenário do Supremo Tribunal Federal
(STF) e o Palácio do Planalto. Há registros de depredação nas sedes dos
três Poderes por criminosos.
À CNN, o STF informou que a equipe de
segurança do Supremo e da tropa de choque conseguiu retomar o prédio. Há
registros de pessoas detidas na garagem.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção
federal no DF, de acordo com anúncio realizado à imprensa na noite
deste domingo.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
afirmou em publicação no Twitter que conversou há pouco, por telefone, com o
governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem está em contato
permanente.
O governador me informou que está concentrando os
esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação. Na
ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, além da
Polícia Legislativa do Congresso. Repudio veementemente esses atos
antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado
Em contato com a CNN, o presidente da Câmara
dos Deputados Arthur Lira afirmou
que precisa se colocar a par dos fatos. “Me deixe trabalhar. Daqui a pouco nos
falamos”, afirmou Lira, e desligou.
À CNN, o vice-presidente da Câmara Luciano
Bivar afirmou que conversou com o presidente da Câmara e com Anderson Torres,
responsável pela segurança pública do DF, ex-ministro da Justiça.
Segundo
Bivar, haverá reforço da Polícia
Militar, novos contingentes estão sendo enviados neste momento ao
Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto.
Ele
considerou essa invasão como “um desrespeito ao Congresso Nacional e ao Poder
Legislativo”.
O
ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,
monitora situação e ligou para Ibaneis para cobrar reforço de segurança. Em
publicação no Twitter, Dino afirmou que haverá reforços.
O
presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) está em Araraquara, no interior de
São Paulo, neste momento, em viagem por ocasião das chuvas que afetam a cidade
paulista.
O
governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou à CNN que
o Exército
deveria ter desmobilizado os acampamentos bolsonaristas em frente
aos quarteis.
“O
Exército deveria ter acabado com acampamento, e não o fez”, afirmou o
governador à CNN, enquanto radicais invadiam o plenário do Supremo
Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.
A
presidente do PT, Gleisi Hoffmann,
afirmou em publicação no Twitter que “o governo do DF foi irresponsável frente
à invasão de Brasília e do Congresso Nacional”.
“É
um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros
interesses. Governador e seu secretário de segurança, bolsonarista, são
responsáveis pelo que acontecer”, disse Gleisi.
Em entrevista à CNN, o deputado federal José
Guimarães (PT-CE) afirmou que o governo do DF precisa ser responsabilizado.
“Perder a eleição faz parte da democracia, assim
como ganhar a eleição. Esses atos ferem frontalmente a democracia e a
Constituição Brasileira precisa ser respeitada e estabelecida”. O governo do
Distrito Federal precisa ser responsabilizado”, disse Guimarães.
O grupo Esfera Brasil emitiu nota na qual “repudia
veementemente a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília e
considera que nenhuma divergência política ou ideológica pode servir de
justificativa para os atos violentos de vandalismo que aconteceram neste
domingo na capital federal. O ataque aos prédios públicos foi uma agressão
direta às instituições democráticas do Brasil.”
Força Nacional
O ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou, no
sábado (7), o emprego da Força
Nacional na Esplanada dos Ministérios até a próxima segunda-feira
(9).
A portaria foi publicada hoje para “proteção da ordem
pública e patrimônio público e privado” da Rodoviária de Brasília até a Praça
dos Três Poderes.
No sábado, o governo do Distrito Federal também
fechou o acesso à Esplanada dos Ministérios e escalou viaturas da Polícia
Militar para a região do Setor Militar Urbano.
Fonte_CNNBrasil
Entenda a
'mentalidade de turba', conceito que ajuda explicar a ação de grupos
violentos
Os
atos golpistas de violência
vistos neste
domingo (8) contra os prédios e o patrimônio público ocorridos em Brasília foram
um comportamento de massa provocados por uma doença social, não necessariamente
psíquica.
Os
psiquiatras ouvidos pela Folha explicam que pessoas mudam de
comportamento quando estão, por exemplo, em um grupo violento e agressivo, como
vemos em brigas de torcidas organizadas de futebol.
O
psiquiatra Alexandre Valverde diz que uma pessoa que não necessariamente teria
coragem de quebrar uma vidraça acaba fazendo ao ver outros com a mesma atitude.
O especialista explica que o termo tem nome e é chamado
de "mentalidade de turba" (mob mentality), quando as pessoas
tendem a ter comportamentos similares quando estão em grupo pois sentem que a
responsabilidade individual é menor.
Segundo
Valverde, a "mentalidade de rebanho", como também é conhecida,
caracteriza-se quando as pessoas querem sentir-se parte do grupo pois acreditam
que estão todos lutando por um bem em comum.
O
psiquiatra diz que os manifestantes têm essas atitudes por acreditarem em uma
realidade paralela.
"Eles
são pautados por informações falsas e vivem em um mundo fantasioso, que tem a
realidade distorcida, onde acreditam
que vamos ter um golpe comunista e
que as eleições foram fraudadas. São pessoas que não têm senso crítico",
diz Valverde, que é especialista em comportamento e doenças psíquicas.
"As
pessoas querem sentir parte do grupo, mas não percebem que estão sendo feitas
de massa de manobra por políticos
e líderes que financiam os atos. Existe aí uma relação abusiva que quem
está lá quebrando, sendo preso, não percebe", afirma o médico.
Ele
diz que o mesmo aconteceu nos Estados Unidos com a invasão do Capitólio, em
janeiro de 2021 após a derrota de Donald Trump.
"Eles realmente acreditam em uma teoria da conspiração. A questão é como
vencer tamanha desinformação".
O
psiquiatra e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Aderbal
Vieira Júnior afirma que cada vez mais as pessoas duvidam
das informações e preferem ter como realidade o que é enviado no WhatsApp por
um amigo. "Muitos desacreditam nas informações oficiais e preferem
acreditar naquele que tem um laço afetivo que enviou num grupo. Estamos vendo
uma estupidificação, e isso acontece tanto entre radicais de esquerda como de
direita", avalia Vieira Júnior.
O
docente observa que as redes sociais contribuem para isso. "Somos seres
tribais que foram evoluindo, se adaptando e buscando sempre o
pertencimento. Nas
redes sociais, vivemos nas nossas bolhas para reafirmar aquilo em
que você acredita e para que você possa se sentir especial com aquele grupo.
Quem participa desses protestos acredita que está lá para salvar a nação. Eles
acreditam que estão sendo revolucionários, não vândalos", diz o
psiquiatra.
Vieira
Júnior afirma ainda que cada vez mais as pessoas precisam encontrar grupos que
pensam igual para sentirem pertencimento e se sentirem especiais. "Nas
redes sociais você vê todo mundo se dando bem, afinal, todos mostram o sucesso
na internet como viagens, restaurantes. Ao
encontrar um grupo que pensa como você, você se sente menos medíocre.
No caso dos ‘patriotas’, eles passam a sentir que são heróis", diz.
Esse
radicalismo, segundo Valverde, fez com que os laços familiares e de amizades
fossem rompidos. "Isso vai
levar muito tempo para mudar, pois eles vão precisar entender que foram
manipulados e ter essa consciência pode levar tempo ou nunca acontecer",
diz.
Fonte_Folha
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