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domingo, 31 de março de 2024

Vacina contra o HPV: a melhor e mais eficaz forma de proteção contra o câncer de colo de útero


 Cerca de 20% dos cânceres humanos são causados por vírus – e destes, 50% são provocados pelo papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês). Existem mais de 150 tipos conhecidos desse vírus, sendo a maioria inofensiva.

O HPV, especificamente dois deles: tipo 16 e tipo 18, está envolvido em quase 100% dos casos de câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical, mas também pode levar a outros tipos de câncer, como anal, de vulva, de vagina, de pênis e de orofaringe.

O câncer de colo do útero é uma doença grave e pode ser uma ameaça à vida. É o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres que vivem em regiões em desenvolvimento.

Em 2018, cerca de 72 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer de colo de útero e 34 mil morreram pela doença nas Américas. Mundialmente, mata mais de 300 mil mulheres por ano, sendo 80% em países de baixa e média renda – números alarmantes, especialmente considerando que existe uma forma eficaz de prevenção.

Esse tipo de câncer começa quando a mulher contrai alguns tipos de papilomavírus humano, que podem fazer com que as células normais do revestimento do colo do útero se tornem anormais ou lesões pré-cancerosas. Essas lesões são geralmente detectadas no exame de Papanicolau e, se não forem tratadas, podem se tornar cancerosas.

Estima-se que haja entre 9 e 10 milhões de pessoas infectadas pelo HPV no Brasil e que surjam 700 mil novos casos de infecção por ano.

Estudos indicam que cerca de 80% da população sexualmente ativa deve ser infectada pelo vírus em algum momento de sua vida. Além disso, não existe um tratamento específico contra o HPV e ainda que sejam tratáveis, as lesões provocadas pelo vírus podem evoluir para doenças graves.

A transmissão ocorre por via sexual e pode acontecer mesmo sem penetração.

Sintomas:

A principal característica do câncer causado por HPV é que ele demora muitos anos para se desenvolver e depende de uma infecção viral persistente.

As primeiras manifestações surgem entre, aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção que, na maioria dos casos, é assintomática.

A doença pode causar lesões genitais que costumam aparecer como verrugas irregulares, da cor da pele, dentro ou fora dos genitais de homens e mulheres – na vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e região pubiana. Menos frequentemente, é possível aparecerem em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.

Podem doer, coçar, sangrar e causar desconforto. Às vezes, voltam depois do tratamento.

Bebês também podem ser infectados no momento do parto e desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe.

Prevenção e controle:

A melhor forma de prevenir é usar camisinha nas relações sexuais e se vacinar – o imunizante é distribuído gratuitamente pelo SUS. Vale ressaltar, porém, que o preservativo não impede totalmente a infecção pelo HPV, já que as lesões podem estar presentes em áreas não protegidas pela camisinha.

O exame preventivo de Papanicolau, para mulheres, também é uma forma de prevenir lesões que causam o câncer de colo do útero.

A meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% da população elegível, mas os números estão abaixo do esperado no Brasil, pois mesmo com a disponibilidade da vacina, o índice de vacinação contra o HPV de meninas brasileiras atinge apenas 57% e, nos meninos, não chega a 40%, sendo que o ideal para prevenir a doença é uma cobertura de 90%.

O principal motivo da baixa procura pela vacina é a desinformação, com questionamentos infundados sobre a eficácia e a segurança do imunizante, associações equivocadas entre HPV e religião e a falta de campanhas de vacinação.

Desde 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalha com a meta de eliminar o câncer de colo de útero e o classifica como um problema de saúde pública mundial.

Até 2030, é esperado que:

– 90% das meninas estejam vacinadas aos 15 anos de idade;
– 70% das mulheres sejam rastreadas com um teste de alta qualidade aos 35 anos e, novamente, aos 45;
– 90% das mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero estejam em tratamento.

A vacina contra o HPV foi desenvolvida em 2006, na Austrália, e integra os programas de imunização de mais de 50 países. No Brasil, é produzida pelo Instituto Butantan e protege contra o HPV de baixo risco, tipos 6 e 11, que causam verrugas anogenitais, e de alto risco tipos 16 e 18, que causam câncer de colo uterino, de pênis, anal e oral.

A indicação é que a vacinação ocorra antes do início da vida sexual, para que homens e mulheres estejam protegidos do vírus desde as primeiras relações e não o transmitam para seus parceiros e parceiras.

A vacina contra o vírus HPV recombinante deve ser administrada por suspensão injetável e a  orientação é que seja aplicada em três doses:

– 1ª Dose;

– 2ª Dose: dois meses após a primeira;

– 3ª Dose: seis meses após a primeira.

Quem pode se vacinar:

– A vacina é indicada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade e meninos de 9 a 14 anos. A imunização deve acontecer, preferencialmente, entre 9 e 14 anos, quando é mais eficaz, segundo o Ministério da Saúde;

– Pessoas com HIV positivo;

– Pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 45 anos.

Obs.: A vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) não deve ser aplicada se a pessoa for alérgica a qualquer um dos componentes da vacina ou se sofrer alguma reação alérgica após receber uma dose.

Fonte_BUTANTAN



Vacina contra papilomavírus humano - HPV

O que é o papilomavírus humano?

Papilomavírus humano (HPV) é o nome dado a um grupo de mais de 200 vírus relacionados. 

Quais são os tipos de HPV existentes? O que eles causam?

Há dois grupos de HPV de transmissão sexual: de baixo risco e de alto risco.

Os tipos de HPV que causam câncer ou provavelmente causam câncer são denominados HPV de alto risco, e incluem os HPV 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59.

O câncer do colo do útero é o tipo mais comum de câncer causado por HPV. O HPV 16 e o HPV 18 são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo uterino em todo o mundo. Quando os HPV 31, 33, 45, 52 e 58 também são incluídos, esses sete tipos são responsáveis por 90% dos casos de câncer do colo do útero. 

Os HPV de baixo risco incluem o HPV 6 e o HPV 11, que causam 90% das verrugas anogenitais. 

As mulheres podem ser infectadas por mais de um tipo de HPV ao mesmo tempo. Uma infecção persistente por HPV pode progredir para lesões pré-cancerosas e câncer do colo do útero.   

Impacto do HPV

O câncer é a segunda maior causa de morte entre as pessoas adultas na Região das Américas. Nas mulheres, o câncer do colo do útero é a principal causa de morte por câncer em seis países e a segunda principal causa em outros 14 países. A cada ano, são diagnosticados 72.719 casos novos de câncer do colo do útero, e 36.797 mulheres da Região morrem devido a essa doença; uma proporção significativa (52%) das mortes ocorre durante os anos economicamente ativos das mulheres, antes dos 60 anos de idade.

A maior prevalência de infecções cervicais por HPV entre as mulheres é encontrada na África Subsaariana (24%), seguida da América Latina e Caribe (16%), Europa Oriental (14%) e Sudeste Asiático (14%). A prevalência nos homens é altamente variável, de acordo com as preferências sexuais.

Estratégia 90-70-90

Em 2020, a Assembleia Mundial da Saúde adotou a Estratégia mundial para acelerar a eliminação do câncer do colo do útero como problema de saúde pública,  com o objetivo de que todos os países diminuam a taxa de incidência desse tipo de câncer para menos de 4 casos por 100 mil mulheres. A estratégia estabelece três metas para 2030:

A vacinação contra HPV e prevenção do câncer do colo do útero: Mensagens-chave

O câncer do colo do útero, que é causado pelo papilomavírus humano (HPV), é uma das principais causas de morte em mulheres. A maioria das pessoas será infectada pelo HPV em algum momento de sua vida.

Existem vacinas seguras e eficazes que podem proteger as pessoas contra os tipos de HPV de alto risco (causadores de câncer).

A vacina contra o HPV é mais eficaz se administrada entre 9 e 14 anos de idade, de preferência antes do início da vida sexual.

Em países com esquemas de mais de uma dose, são necessárias consultas de acompanhamento para assegurar a aplicação de todas as doses necessárias da vacina contra HPV.

A vacina contra HPV não é capaz de tratar ou curar uma infecção já existente por HPV. Ainda assim, meninas que já sejam sexualmente ativas devem receber a vacina se estiverem dentro da faixa etária recomendada.

Existem exames que podem detectar lesões pré-cancerosas no colo do útero; as lesões detectadas devem ser tratadas antes de se transformarem em câncer do colo do útero.

Todas as mulheres com idade entre 30 e 49 anos devem ser submetidas pelo menos uma vez ao rastreamento do câncer do colo do útero.

Fonte_OPAS



Dez anos da vacinação contra o HPV: entenda por que a baixa adesão preocupa os especialistas

Este ano, vai fazer uma década que o Brasil oferece, pelo SUS, a vacina contra o HPV - um vírus sexualmente transmissível. A vacina é aplicada em crianças e adolescentes e é a forma mais eficiente de combater alguns tipos de câncer.

Na Europa, a Escócia conseguiu zerar os casos de câncer de colo de útero relacionados à HPV. Aqui no Brasil, a adesão ainda está bem abaixo do esperado e esse resultado preocupante tem tudo a ver com desinformação.

O vírus do HPV e suas consequências graves

O HPV - Papilomavírus Humano - é um vírus transmitido principalmente pelo sexo.

"Todas as pessoas, ao longo da vida, temos 80% ou mais de chance de se infectar por HPV", destaca a pesquisadora da USP e Instituto do Câncer/SP, Luísa Vila.

Quando isso não acontece, podem aparecer lesões, verrugas, principalmente na região genital. Além disso, o HPV também pode causar tumores no colo do útero, na região anal, no pênis e na garganta.

Vacinação como uma medida crucial na infância

A vacina contra o HPV existe há 10 anos. Ela é distribuída, de graça, para pessoas de 9 a 14 anos e para imunossuprimidos. Mas está sobrando dose nos postos.

A vacina para HPV também está disponível na rede privada para adultos, com custo de cerca de R$ 1 mil a dose. Pode ser tomada inclusive por quem já teve contato com o vírus.

Tabus e educação sexual

A psicóloga e educadora sexual Leiliane Rocha, que mora em Goiás, diz que o fato do vírus ser transmitido principalmente por relações sexuais torna o assunto um grande tabu, inclusive nas escolas. Ela, que é evangélica, também fala na internet sobre o sexualidade em escolas e em igrejas.

Fantástico conversou com algumas pessoas que expressam receio em relação à vacinação contra o HPV. Elas fazem referência a uma notícia que se espalhou em 2014, na primeira campanha, no Brasil, para combater o HPV. Nessa época, só meninas eram vacinadas. Meninos foram incluídos no calendário em 2017.

Desafios na cobertura vacinal

A cobertura vacinal contra o HPV no Brasil está abaixo dos 80% desejados pelo Ministério da Saúde. A vacina é dada em duas doses. A primeira tem um pouco mais de adesão, mas muita gente não aparece para tomar a segunda, principalmente os meninos.

Fonte_G1

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