Oito vacinas
recomendadas do calendário infantil apresentaram aumento nas coberturas
vacinais, segundo dados preliminares do Ministério da Saúde para janeiro a
outubro de 2023, quando comparado com todo o ano de 2022. Para as crianças com
um ano de idade, os imunizantes contra hepatite A, poliomielite, pneumocócica,
meningocócica, DTP (difteria, tétano e coqueluche) e tríplice viral 1ª dose e
2ª dose (sarampo, caxumba e rubéola) registraram crescimento. Também houve
aumento na cobertura da vacina contra a febre amarela, indicada aos nove meses
de idade. A alta foi registrada em todo o país.
O resultado
representa uma reversão da queda dos índices vacinais que o Brasil enfrenta
desde 2016, mesmo sem a consolidação dos dados para todo o ano de 2023. Os
números foram apresentados em entrevista coletiva, nesta terça-feira (19), em
Brasília, com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Conforme lembrou
a gestora, o Movimento Nacional pela Vacinação - lançado pela pasta em
fevereiro deste ano - já traz resultados vitoriosos.
“Quero dizer que o
movimento pela vacinação venceu. Todos alcançamos juntos o objetivo de reverter
a trajetória de queda das coberturas vacinais. A sociedade atendeu ao chamado e
se incluiu nesse movimento”, destacou a ministra. “Hoje pudemos apresentar aqui
um balanço do quanto avançamos. E gostaria de lembrar o que já disse a OMS: a
vacina, junto com a água tratada, é o que garantiu a redução da mortalidade
infantil e o aumento da expectativa em todo o mundo”, disse.
O avanço é fruto
do planejamento multiestratégico adotado pela pasta desde o início da gestão -
com a criação do movimento nacional, a adoção do microplanejamento, o repasse
de mais de R$ 151 milhões para ações regionais nos estados e municípios e o
lançamento do programa Saúde com Ciência.
Confira a apresentação de slides na íntegra
Capilaridade em
todo o território nacional levou à melhora das coberturas vacinais
O sucesso da
estratégia de regionalização, a partir do microplanejamento, levou à melhora
dos índices vacinais para a DTP em todas as unidades da federação. Além disso,
26 unidades federativas aumentaram a cobertura contra a poliomielite e da
primeira dose da tríplice viral. Também: 24 estados tiveram alta na cobertura
contra a hepatite A, meningocócica e segunda dose de tríplice viral; e 23
melhoraram a cobertura da vacina pneumocócica.
Ao longo de todo o
ano, as equipes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) percorreram o Brasil
realizando oficinas com as secretarias de saúde e buscando soluções viáveis
para a realidade de cada local. Entre as estratégias realizadas estão a
imunização extramuros, ampliação do horário das salas de imunização e busca
ativa de não vacinados. A ideia foi permitir que o município se organizasse e
se planejasse considerando a sua realidade local. Neste sentido, a estratégia
de imunização foi adaptada conforme a população, a estrutura de saúde, a
realidade socioeconômica e geográfica.
Neste cenário,
muitos estados se destacaram. É o caso do Piauí, que aumentou a cobertura da
primeira dose de vacina tríplice viral, passando de 82,8% para 97,8%, assim
como da poliomielite, que passou de 75,9% para 89,9%, e da DTP, que de 73,1%
saltou para 92,8%. O Espírito Santo ampliou a cobertura da meningocócica: de
58,5% em 2022, cresceu 33,1 pontos percentuais em 2023, chegando a 91,6% de
cobertura. Sergipe e Rio Grande do Norte ampliaram, respectivamente, 39,8 e
33,4 pontos percentuais na cobertura vacinal contra a febre amarela. Em
Rondônia, a primeira dose de tríplice viral passou de 89,2% para 99,6%,
atingindo a meta preconizada.
A nível nacional,
ao comparar 2022 com 2023, a cobertura vacinal de hepatite A passou de 73% para
79,5%. O primeiro reforço da pneumocócica passou de 71,5% para 78% neste ano. A
polio alcançou 74,6% de cobertura, ante os 67,1% do ano passado. Entre as
vacinas indicadas para menores de 1 ano de idade, a que protege contra a febre
amarela foi a que apresentou o maior crescimento, passando de 60,6% no ano
passado para 67,3% neste ano, sendo que todos os estados registraram aumento de
cobertura vacinal.
O cenário é ainda
mais animador quando comparado o número de municípios que atingiram as metas
recomendadas de cobertura vacinais. Neste ano, por exemplo, houve aumento
superior a 48% no total de cidades que atingiram 95% de cobertura para a vacina
DTP, passando de 1.467 em 2022, para 2.180 cidades em 2023. O mesmo aumento
ocorreu para a cobertura contra a poliomielite: alta de 48%, saindo de 1.463
cidades em 2022 para 2.168 neste ano. Destaque também para a cobertura contra a
hepatite A, com um avanço de 40%. Em 2022, 1.745 municípios brasileiros haviam chegado
aos 95% preconizados para essa vacina e, agora, o número é de 2.446. “De forma
geral, tivemos um incremento de 1/3 no número de municípios que alcançaram a
meta de 95% em vacinas fundamentais para o calendário infantil. São mais de
2.100 cidades hoje com esse índice de cobertura, o que é maravilhoso”, pontuou
Nísia Trindade.
Outro destaque foi
a vacina contra o papiloma vírus humano (HPV), que desde 2014 apresentava queda
no número de doses aplicadas. A cobertura subiu 30% neste ano, mesmo com o incremento
na população para a qual a vacina deve ser aplicada nesse período. Além do
microplanejamento, a vacinação nas escolas foi uma estratégia fundamental para
este resultado positivo, especialmente quanto à vacinação de HPV. No total,
3.992 cidades brasileiras utilizaram a estratégia.
“Há muitos
desafios pela frente. Mas todo esse avanço é decisivo e significativo, pois
demonstra que juntos vamos conseguir com que o Brasil, que já tem 50 anos de
PNI, recupere a sua cultura de imunização. Algo que é motivo de orgulho e
de reconhecimento internacional”, finalizou a ministra.
Novo painel de
vacinação dará mais transparência e agilidade aos dados
Até 2022, as
vacinas de rotina tinham os registros de doses aplicadas inseridos em diversos
sistemas de informação próprios dos estados, municípios e do Distrito Federal.
Eles eram compilados pelo Ministério da Saúde e apresentados por um painel na
plataforma Tabnet, o chamado Sistema de Informação do Programa Nacional de
Imunizações (SIPNI web ou “Legado”). A partir de 2023, todos os dados vacinais
serão redirecionados para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), com as
doses aplicadas atreladas a um número de Cadastro de Pessoa Física (CPF). A
reestruturação é uma reivindicação antiga do setor e migra os dados para um
sistema mais abrangente, flexível e oportuno.
Vacinação do Calendário Nacional
Essa mudança,
promovida pela atual gestão do ministério, permitiu que a caderneta digital de
vacinação se tornasse uma realidade. A partir da completa migração entre os
sistemas, cada cidadão poderá consultar a própria situação vacinal online, por
meio do ConecteSUS, como já acontece com as doses de vacinas da Covid-19.
Entretanto, neste momento, há uma retenção de dados causada pelo processo de
transição, iniciado em junho.
A reestruturação
impactou, especialmente, o registro de doses de BCG e hepatite B, normalmente
aplicadas em maternidades. As 2,6 milhões de doses feitas de janeiro a maio de
2023 e registradas no SIPNI legado ainda não subiram à RNDS. No total, cerca de
400 mil são doses de BGC e 600 mil de hepatite B, que, portanto, ainda não
foram contabilizadas no cálculo de cobertura vacinal.
Ainda com relação à integração de sistemas, o ministério também trabalha para
redirecionar a base de dados do Sistema de Informação da Atenção Básica
(SISAB). Até o primeiro semestre de 2024, todos os números estarão incorporados
à RNDS. Com a migração, as coberturas vacinais vão refletir melhor a situação
atual. Um exemplo é a cobertura da vacina pneumocócica que, em projeção,
passaria de 78,5% para 83,3%.
Outros
fatores podem contribuir para que as coberturas vacinais calculadas para 2023
ainda não reflitam totalmente os ganhos alcançados ou, até, dificultaram
avanços ainda mais expressivos. Municípios com sistemas de informação próprios
ou que fazem uso offline podem demorar até quatro meses para enviar o
dado de doses aplicadas.
Acompanhe a
transmissão do evento:
Fonte_Saude.Gov
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