A
campanha de vacinação infantil brasileira contra a covid-19 conseguiu atingir
4,3 milhões de crianças até agora.
Isso
significa que o Brasil imunizou apenas 20% do público-alvo — jovens
de 5 a 11 anos — um mês após o início da aplicação do imunizante em crianças. O Ministério da Saúde almeja vacinar 20 milhões deste público.
Os
dados são do próprio Ministério. Segundo a pasta, já foram distribuídas mais de
17,7 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus para imunizar o público
infantil.
Até
agora, apenas as vacinas da Pfizer e a CoronaVac — produzida pelo Instituto
Butantan em parceria com o laboratório Sinovac — podem ser aplicadas nas
crianças brasileiras.
O uso
do imunizante da Pfizer nos menores já estava autorizado pela Agência Nacional
Vigilância Sanitária - ANVISA desde 16 de dezembro do ano passado. O Governo Federal, no entanto, resistiu em incluir o público
pediátrico na campanha de vacinação contra o novo coronavírus. A
pasta da Saúde chegou a realizar uma audiência e consulta pública — que
indicava a recomendação de que seja exigida uma prescrição médica para vacinar
a criança — para debater o tema, atrasando o início da vacinação. Ambas as medidas foram amplamente contestadas por especialistas e
pelos próprios técnicos da ANVISA.
Mesmo
com os adiamentos por parte do governo, a vacinação contra o coronavírus nas
crianças teve seu pontapé inicial no dia 14 de janeiro. O indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, foi a
primeira criança a ser imunizada contra a covid-19 no país. Um mês depois, os
resultados da campanha vacinal, no entanto, não saíram conforme o esperado.
A
professora Anamélia Lorenzetti Bocca, coordenadora do Laboratório de Imunologia
Celular da Universidade de Brasília (UnB), explica que a baixa adesão das
crianças nas campanhas de vacinação está ocorrendo para todas as vacinas. “Com
a redução nos casos de doenças infecciosas pelos vírus, os pais estão
negligenciando a vacinação dos filhos. No caso específico da covid-19 temos um
ponto a mais, que é a insegurança dos pais quanto a segurança das vacinas
aprovadas pela Anvisa”, avalia.
Lorenzetti
comenta que, neste momento, estamos vendo casos mais graves em idosos com
comorbidades, idosos não vacinados e crianças. “Isto mostra que o vírus é capaz
de infectar as crianças. No entanto, por se tratar de plataformas vacinais
novas, que não estamos acostumados às vacinas disponíveis pelo SUS, muitos pais
estão com receio. Muitos não estão cientes dos benefícios”, disse.
Por
isso, a especialista destaca que é imprescindível uma campanha consolidada de
incetivo à vacinação para “cobrir esta lacuna”. “As campanhas são fundamentais
para conscientizar as pessoas dos benefícios. Neste governo ainda não houve
campanhas consistentes para nenhuma vacina. Para a covid-19, seria fundamental
uma campanha mais explicativa dos benefícios da vacina, como elas funcionam e
os resultados que estamos vendo na hospitalização dos vacinados x não
vacinados”, detalha a professora.
Fonte_COFEN
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