Ministério
da Saúde lançou, nesta quinta-feira (6), um documentário sobre o método Wolbachia. O filme 10 anos de Wolbachia - A
transformação no combate à dengue mostra como o método foi implantado no
país e diminuiu o número de casos de arboviroses em Niterói, município da região
metropolitana do Rio de Janeiro.
O
Wolbachia foi implementado de forma experimental em 2015. Em dez anos, o número
de pessoas cobertas pelo método passou de 5 mil para mais de 4 milhões. Os
dados mais recentes indicam uma redução de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% para Zika em Niterói.
O
secretário-adjunto de Vigilância
em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Venâncio, destaca que a
ferramenta é uma das principais políticas para o controle das arboviroses, além
de ser um grande ganho para a ciência. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possui
biofábricas de produção do mosquito e é apoiadora do método.
“A
Wolbachia, hoje, é uma gigantesca ferramenta, uma gigantesca conquista da
ciência que terá o seu impacto maior num futuro muito próximo. Mas, esse futuro
começou aqui e agora, em 2025, com a utilização enquanto política pública pelo
Ministério da Saúde para o controle do Aedes aegypti”, defende Rivaldo.
Os Wolbitos,
como são chamados os mosquitos infectados pela bactéria, não são organismos
transgênicos e, portanto, não sofrem modificação genética, além de não
transmitirem doenças. A Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou
outros mamíferos.
“Tivemos
várias fases de evolução ao longo desses 100 anos. A Wolbachia é uma bactéria
que, introduzida na fêmea do Aedes, faz com que essa fêmea perca a capacidade
de transmitir os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. É como se
fosse uma vacina na fêmea do Aedes aegypti”, conclui.
A coordenadora de Vigilância em Saúde de Niterói, Ana Eppinghaus, analisa os ganhos com o uso da ferramenta. “Nesses períodos de epidemia, todo mundo conhecia alguém que tinha tido dengue, seja na família, o vizinho, o amigo ou o colega. Você sempre conhecia alguém que pegou dengue no período epidêmico. Hoje é muito raro. Niterói está cumprindo um papel importantíssimo de estar contribuindo com essa pesquisa”, salienta. Ela ressalta: “Houve uma mudança significativa de fato”.
O
filme
Equipes
do Ministério da Saúde em Brasília e no Rio de Janeiro revisitaram a
implementação do método e registraram os resultados. O filme conta como a
tecnologia funciona e resgata o período em que os mosquitos com Wolbachia foram
soltos na natureza.
O
ex-coordenador de área do Programa Médico de Família de Niterói,
Vinícius Lima, que participou do início da pesquisa na cidade, lembra o
trabalho que foi realizado junto à população.
“A gente brincava que a gente não podia a partir dali, matar mais mosquito de
milhão de dólares. Tínhamos primeiro um estranhamento, pois era um projeto
pioneiro, e dizia assim: ‘Olha, tem lá a questão da bactéria, que vai
dificultar a transmissão do vírus’”, relembra.
Hoje,
pondera Vinícius, o projeto é reconhecido pelos moradores da cidade como uma
ferramenta importante. “Praticamente toda a cidade reconhece de alguma maneira.
Pode não dizer no detalhe que é o método Wolbachia, pode não lembrar o nome da
bactéria, mas vai lembrar que tem um projeto desenvolvido aqui que traz para a
gente essa proteção. Acho que esse é o grande resultado de pertencimento do
projeto no território”, comemora.
Assista
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