Cerca de 20% dos cânceres humanos são causados por vírus – e destes, 50% são provocados pelo papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês).
Existem mais de
150 tipos conhecidos desse vírus, sendo a maioria inofensiva.
O
HPV, especificamente dois deles: tipo 16 e tipo 18, está envolvido em quase
100% dos casos de câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical,
mas também pode levar a outros tipos de câncer, como anal, de vulva, de vagina,
de pênis e de orofaringe.
O
câncer de colo do útero é uma doença grave e pode ser uma ameaça à vida. É o
segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres que vivem em regiões em
desenvolvimento.
Em
2018, cerca de 72 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer de colo de útero
e 34 mil morreram pela doença nas Américas. Mundialmente, mata mais de 300 mil
mulheres por ano, sendo 80% em países de baixa e média renda – números
alarmantes, especialmente considerando que existe uma forma eficaz de
prevenção.
Esse
tipo de câncer começa quando a mulher contrai alguns tipos de papilomavírus
humano, que podem fazer com que as células normais do revestimento do colo do
útero se tornem anormais ou lesões pré-cancerosas. Essas lesões são geralmente
detectadas no exame de Papanicolau e, se não forem tratadas, podem se tornar
cancerosas.
Estima-se
que haja entre 9 e 10 milhões de pessoas infectadas pelo HPV no Brasil e que
surjam 700 mil novos casos de infecção por ano.
Estudos indicam que cerca de 80% da população sexualmente ativa deve ser infectada pelo vírus em algum momento de sua vida. Além disso, não existe um tratamento específico contra o HPV e ainda que sejam tratáveis, as lesões provocadas pelo vírus podem evoluir para doenças graves. A transmissão ocorre por via sexual e pode acontecer mesmo sem penetração.
Sintomas:
A
principal característica do câncer causado por HPV é que ele demora muitos anos
para se desenvolver e depende de uma infecção viral persistente.
As
primeiras manifestações surgem entre, aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode
demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção que, na maioria dos
casos, é assintomática.
A
doença pode causar lesões genitais que costumam aparecer como verrugas
irregulares, da cor da pele, dentro ou fora dos genitais de homens e mulheres –
na vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na
glande), bolsa escrotal e região pubiana. Menos frequentemente, é possível
aparecerem em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e
laríngea.
Podem
doer, coçar, sangrar e causar desconforto. Às vezes, voltam depois do
tratamento.
Bebês
também podem ser infectados no momento do parto e desenvolver lesões verrucosas
nas cordas vocais e laringe.
Prevenção
e controle:
A
melhor forma de prevenir é usar camisinha nas relações sexuais e se vacinar – o
imunizante é distribuído gratuitamente pelo SUS. Vale ressaltar, porém, que o
preservativo não impede totalmente a infecção pelo HPV, já que as lesões podem
estar presentes em áreas não protegidas pela camisinha.
O
exame preventivo de Papanicolau, para mulheres, também é uma forma de prevenir
lesões que causam o câncer de colo do útero.
A
meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% da população elegível, mas os números
estão abaixo do esperado no Brasil, pois mesmo com a disponibilidade da vacina,
o índice de vacinação contra o HPV de meninas brasileiras atinge apenas 57% e,
nos meninos, não chega a 40%, sendo que o ideal para prevenir a doença é uma
cobertura de 90%.
O
principal motivo da baixa procura pela vacina é a desinformação, com
questionamentos infundados sobre a eficácia e a segurança do imunizante,
associações equivocadas entre HPV e religião e a falta de campanhas de
vacinação.
Desde
2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalha com a meta de eliminar o
câncer de colo de útero e o classifica como um problema de saúde pública
mundial.
Até
2030, é esperado que:
–
90% das meninas estejam vacinadas aos 15 anos de idade;
–
70% das mulheres sejam rastreadas com um teste de alta qualidade aos 35 anos e,
novamente, aos 45;
–
90% das mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero estejam em
tratamento.
A
vacina contra o HPV foi desenvolvida em 2006, na Austrália, e integra os
programas de imunização de mais de 50 países. No Brasil, é produzida pelo
Instituto Butantan e protege contra o HPV de baixo risco, tipos 6 e 11, que
causam verrugas anogenitais, e de alto risco tipos 16 e 18, que causam câncer
de colo uterino, de pênis, anal e oral.
A indicação é que a vacinação ocorra antes do início da vida sexual, para que homens e mulheres estejam protegidos do vírus desde as primeiras relações e não o transmitam para seus parceiros e parceiras.
Obs.: A vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) não deve ser aplicada se a pessoa for alérgica a qualquer um dos componentes da vacina ou se sofrer alguma reação alérgica após receber uma dose.Fonte _ BVSMS
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