De
acordo com a Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS), a América Latina é campeã em casos
anuais de doença de Chagas: são cerca de 30 mil, com 10 mil deles resultando em
mortes. Um dos motivos para essa alta taxa de letalidade é a dificuldade de
diagnosticar a infecção, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi: ela
pode ser assintomática ou apresentar sintomas pouco específicos, facilmente
confundidos com os de uma gripe ou resfriado. Por conta disso, a taxa de
descoberta é menor que 10%.
Além
do baixo índice de diagnósticos, o Ministério
da Saúde destaca que, atualmente, apenas 1% das pessoas afetadas
recebe tratamento. “A doença é curável, mas só se houver tratamento adequado
durante a fase aguda, que é o início da infecção, mesmo em casos de transmissão
congênita”, alerta a diretora do Laboratório de Ciclo Celular do Butantan,
Maria Carolina Sabbaga, que estuda a manutenção do DNA nuclear de
tripanosomas.
A
doença de Chagas é a principal endemia parasitária da América Latina e faz
parte da lista de Doenças Tropicais Negligenciada da Organização Mundial da
Saúde (OMS) porque afeta principalmente indivíduos em situação de
vulnerabilidade social — sem acesso à água, alimentos ou saneamento básico de
qualidade.
Transmissão
Também
conhecida como tripanossomíase americana, a doença de Chagas é uma infecção
causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que tem como hospedeiro
insetos triatomíneos, os populares “barbeiros”, “procotós”, “bicudos” ou
“chupões”. No Brasil, as espécies de barbeiro Triatoma infestans e Triatoma
brasiliensis são as que representam risco epidemiológico. O parasita é
expelido por meio das fezes ou urina do inseto e, no corpo humano, invade as
células, se desenvolve e reproduz.
Segundo
o estudo Perfil
epidemiológico da doença de Chagas aguda no Brasil, veiculado na
revista Research, Society and Development por pesquisadores do Centro
Universitário CESMAC, Universidade Tiradentes e Universidade Federal de
Alagoas, o método mais expressivo de contágio é por via oral. Ou seja, por
meio do consumo de alimentos contaminados por parasitos Trypanosoma
cruzi oriundos de barbeiros ou, diretamente, por fezes do inseto que
contenham o protozoário.
Outra
forma de transmissão é a vetorial. Os barbeiros são hematófagos – precisam
se alimentar de sangue para sobreviver, por isso o contágio pode acontecer no
momento em que um ser humano é picado por ele: o protozoário é expelido pelas
fezes ou urina do inseto, junto ao ferimento; quando a pessoa coça o local,
inadvertidamente insere o protozoário na sua própria corrente sanguínea.
“Na
saliva do inseto há várias substâncias que geram irritação na pele e dão início
à coceira, e o ato de coçar acaba fazendo com que as fezes sejam empurradas
para a ferida e iniciem a infecção”, explica o biólogo Thiago Franco,
pós-doutorando do Laboratório de Ciclo Celular.
Mulheres
infectadas pelo Trypanosoma cruzi podem transmiti-lo aos seus bebês
durante a gravidez ou o parto, configurando a transmissão vertical. Há
também a possibilidade de contaminação via transplante de órgãos de doadores
que possuam o parasita. Já na transmissão acidental, é possível se
contaminar ao entrar em contato com feridas da pele ou mucosas infectadas
durante manipulação laboratorial ou manejo de caça.
O barbeiro tem hábitos noturnos: se esconde durante o dia e à noite sai para se alimentar. “Por isso, é comum que esses insetos fiquem entre as frestas de casas de pau a pique, em que podem depositar seus ovos e ficar livres de predadores”, explica Thiago. Durante o sono humano, as regiões que costumam estar mais expostas são o rosto e os pés, sendo que o inseto é especialmente atraído pelas trocas de oxigênio e gás carbônico que realizamos. É justamente por ter preferência pela face na hora da picada que leva o nome popular de barbeiro.
De acordo com a Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS), a América Latina é campeã em casos
anuais de doença de Chagas: são cerca de 30 mil, com 10 mil deles resultando em
mortes. Um dos motivos para essa alta taxa de letalidade é a dificuldade de
diagnosticar a infecção, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi: ela
pode ser assintomática ou apresentar sintomas pouco específicos, facilmente
confundidos com os de uma gripe ou resfriado. Por conta disso, a taxa de
descoberta é menor que 10%.
Além
do baixo índice de diagnósticos, o Ministério
da Saúde destaca que, atualmente, apenas 1% das pessoas afetadas
recebe tratamento. “A doença é curável, mas só se houver tratamento adequado
durante a fase aguda, que é o início da infecção, mesmo em casos de transmissão
congênita”, alerta a diretora do Laboratório de Ciclo Celular do Butantan,
Maria Carolina Sabbaga, que estuda a manutenção do DNA nuclear de
tripanosomas.
A
doença de Chagas é a principal endemia parasitária da América Latina e faz
parte da lista de Doenças Tropicais Negligenciada da Organização Mundial da
Saúde (OMS) porque afeta principalmente indivíduos em situação de
vulnerabilidade social — sem acesso à água, alimentos ou saneamento básico de
qualidade.
Transmissão
Também
conhecida como tripanossomíase americana, a doença de Chagas é uma infecção
causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que tem como hospedeiro
insetos triatomíneos, os populares “barbeiros”, “procotós”, “bicudos” ou
“chupões”. No Brasil, as espécies de barbeiro Triatoma infestans e Triatoma
brasiliensis são as que representam risco epidemiológico. O parasita é
expelido por meio das fezes ou urina do inseto e, no corpo humano, invade as
células, se desenvolve e reproduz.
Segundo
o estudo Perfil
epidemiológico da doença de Chagas aguda no Brasil, veiculado na
revista Research, Society and Development por pesquisadores do Centro
Universitário CESMAC, Universidade Tiradentes e Universidade Federal de
Alagoas, o método mais expressivo de contágio é por via oral. Ou seja, por
meio do consumo de alimentos contaminados por parasitos Trypanosoma
cruzi oriundos de barbeiros ou, diretamente, por fezes do inseto que
contenham o protozoário.
Outra
forma de transmissão é a vetorial. Os barbeiros são hematófagos – precisam
se alimentar de sangue para sobreviver, por isso o contágio pode acontecer no
momento em que um ser humano é picado por ele: o protozoário é expelido pelas
fezes ou urina do inseto, junto ao ferimento; quando a pessoa coça o local,
inadvertidamente insere o protozoário na sua própria corrente sanguínea.
“Na
saliva do inseto há várias substâncias que geram irritação na pele e dão início
à coceira, e o ato de coçar acaba fazendo com que as fezes sejam empurradas
para a ferida e iniciem a infecção”, explica o biólogo Thiago Franco,
pós-doutorando do Laboratório de Ciclo Celular.
Mulheres
infectadas pelo Trypanosoma cruzi podem transmiti-lo aos seus bebês
durante a gravidez ou o parto, configurando a transmissão vertical. Há
também a possibilidade de contaminação via transplante de órgãos de doadores
que possuam o parasita. Já na transmissão acidental, é possível se
contaminar ao entrar em contato com feridas da pele ou mucosas infectadas
durante manipulação laboratorial ou manejo de caça.
O
barbeiro tem hábitos noturnos: se esconde durante o dia e à noite sai para se
alimentar. “Por isso, é comum que esses insetos fiquem entre as frestas de
casas de pau a pique, em que podem depositar seus ovos e ficar livres de
predadores”, explica Thiago. Durante o sono humano, as regiões que costumam
estar mais expostas são o rosto e os pés, sendo que o inseto é especialmente
atraído pelas trocas de oxigênio e gás carbônico que realizamos. É justamente
por ter preferência pela face na hora da picada que leva o nome popular de
barbeiro.
Sintomas
A
fase inicial do contágio, denominada de fase aguda, pode manifestar ou não
sintomas. Caso apareçam, normalmente se apresentam como reações pouco
específicas: inchaço no rosto e pernas, febre prolongada, dor de cabeça,
fraqueza e um nódulo na região da picada.
Maria
Carolina indica que é de extrema importância procurar um médico nesse período.
“Se não forem tratadas, há a possibilidade de que cerca de 30% das pessoas
afetadas desenvolvam uma doença crônica, que só irá aparecer anos depois, como
o coração muito distendido – uma das causas de insuficiência cardíaca.” As
dificuldades de saúde oriundas da fase crônica são contínuas, como problemas
digestivos, cardíacos ou cardiodigestivos.
Como
identificar e tratar?
Apesar
dos sintomas inespecíficos, há indícios que podem estar relacionados à doença
de Chagas. Um deles é o chagoma, inflamação arredondada, vermelha e endurecida
na pele que pode indicar o local da picada do barbeiro. Outro é o sinal de
Romaña, edema em uma das pálpebras que pode aparecer em cerca de 10 a 20% dos
casos agudos.
Fatores
epidemiológicos também são levados em consideração para a avaliação do
diagnóstico, como morar em regiões endêmicas ou em surto; já ter residido ou
residir em locais propícios à transmissão do barbeiro, como casas de madeira ou
taipa; ter contato com familiares ou amigos já diagnosticados com doença de
Chagas, entre outros.
O
exame de sangue que confirma o diagnóstico pode ser realizado de graça pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente o tratamento é feito por meio de um
remédio: o benznidazol, também disponível gratuitamente. O medicamento é
indicado para a fase aguda da doença, enquanto a fase crônica precisa ser
avaliada caso a caso, pois há riscos de complicações.
Formas
de prevenção
O
barbeiro pode se esconder em frestas nas paredes, atrás de móveis, em
galinheiros e estábulos. Repelentes comuns, que utilizam moléculas como
icaridina ou DEET (N,N-Dietil-m-toluamida), não funcionam bem contra ele. “No
uso de DEET, você precisaria de uma concentração acima de 90% para poder
repelir o barbeiro, o que é tóxico para o ser humano”, explica Thiago.
Por
isso, o método mais eficaz de prevenção continua sendo o combate ao
inseto e o investimento em saneamento básico de qualidade.
Se
encontrar um barbeiro, não toque nele. Busque atendimento na Unidade Basica de Saúde - UBS.
Fonte _ BUTANTAN
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