Ministério
da Saúde registrou na quinta-feira (8) o caso de um bebê nascido no
Acre com anomalias congênitas associadas à transmissão vertical de
Oropouche. O bebê veio a óbito na última semana, após 47 dias de vida. A mãe,
de 33 anos, havia apresentado rash cutâneo (erupções) e febre no segundo mês de
gravidez, e os exames laboratoriais no pós-parto deram resultado positivo para
o vírus Oropouche.
Exames
realizados nos laboratórios do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVSA/MS), em
Belém, apontaram a existência de material genético do vírus em diferentes
tecidos do bebê que nasceu com microcefalia, malformação das articulações e
outras anomalias congênitas. A análise também descartou outras hipóteses
diagnósticas. No entanto, a correlação direta da contaminação vertical de
Oropouche com as anomalias ainda precisa de uma investigação mais aprofundada,
que vem sendo acompanhada pelo Ministério da Saúde e Secretaria do Estado de
Saúde do Acre.
Dentro
das ações da Sala Nacional de Arboviroses, a ministra da Saúde,
Nísia Trindade, tem se reunido com especialistas de sociedades científicas e
gestores das áreas de vigilância e assistência à saúde para ouvir as análises
sobre a doença. Pelo ineditismo dos recentes registros de casos de transmissão
vertical de Oropouche, o Ministério da Saúde promoverá seminário científico
nacional sobre o tema na próxima semana. No início do mês, foi realizado um
evento conjuntamente com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco.
Uma
nota técnica atualizada será enviada aos estados e municípios com orientações
para a metodologia de análise laboratorial, vigilância e a assistência em saúde
sobre as condutas recomendadas para gestantes e recém-nascidos com sintomas
compatíveis com Oropouche.
A
partir deste ano, a detecção de casos de Oropouche aumentou no país em
decorrência da estratégia do Ministério da Saúde de enviar testes diagnósticos
para todos os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) do país, que
passaram a testar para Oropouche os casos negativos para dengue, Zika e
chikungunya. Anteriormente, esse tipo de exame era feito apenas nos estados da
região Amazônica.
O
Ministério da Saúde vem monitorando a situação de Oropouche no Brasil em tempo
real, por meio da Sala Nacional de Arboviroses. Será publicado, nos próximos
dias, o Plano Nacional de Enfrentamento às Arboviroses, incluindo dengue, Zika,
chikungunya e Oropouche.
Orientações
para prevenção e assistência
Na
nota técnica do Ministério da Saúde haverá recomendação de medidas de proteção
para evitar ou reduzir a exposição às picadas dos insetos, seja por meio de
recursos de proteção individual com uso de roupas compridas, de sapatos
fechados e de repelentes nas partes do corpo expostas, sobretudo nas primeiras
horas da manhã e ao final da tarde. Também haverá o reforço de medidas de
proteção coletiva, tais como limpeza de terrenos e de locais de criação de
animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo, uso de telas de
malha fina em portas e janelas.
Em
caso de sinais e sintomas compatíveis com arboviroses, como febre de início
súbito, dor de cabeça, dor muscular, dor articular, tontura, dor retro-ocular,
calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos, procure atendimento em uma Unidade de
Saúde, e informe ao profissional de saúde responsável pelo acompanhamento
pré-natal.
Oropouche
é uma doença transmitida pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim
ou mosquito-pólvora. Devido a sua predileção por materiais orgânicos, é
recomendado que a população mantenha quintais limpos, evitando o acúmulo de
folhas e lixo orgânico doméstico, além do uso de roupas compridas e sapatos
fechados em locais com muitos insetos.
Casos
de Oropouche no Brasil
Foram
registrados 7.497 casos de Oropouche, em 23 estados brasileiros em 2024,
segundo dados até o dia 6 de agosto. A maior parte dos casos foi registrada no
Amazonas e em Rondônia. Até o momento, um óbito em Santa Catarina está em
investigação.
Na
semana passada, foram confirmados os primeiros dois óbitos pela doença no país.
Os casos são de mulheres do interior do estado da Bahia, com menos de 30 anos,
sem comorbidades, mas que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de
dengue grave.
Para
mais informações sobre os números de casos, prevenção sintomas, diagnóstico e
tratamento da doença acesse a página Saúde de A a Z do Ministério da Saúde.
Pesquisas
sobre Oropouche
O
Ministério da Saúde montou três grupos de pesquisa sobre Oropouche com objetivo
de aprofundar o conhecimento sobre o transmissor da doença (Culicoides
paraensis) e o comportamento do vírus no organismo, além do acompanhamento de
estudos científicos em andamento. Esses estudos estão sendo realizados em
parceria com a Fiocruz, Instituto Evandro Chagas (IEC) e Fundação de Medicina
Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado do Amazonas.
Um
dos grupos de pesquisa está focado em informações laboratoriais, tais como a
linhagem do vírus e características genômicas. Outro grupo acompanha as
manifestações clínicas dos pacientes e o terceiro investiga qual o ciclo da
doença nos insetos transmissores.
Diante
da necessidade de reforçar a vigilância e monitoramento do vírus, a Secretaria
Estadual de Saúde de Pernambuco e o Ministério da Saúde realizaram no dia 1º de
agosto um seminário em Recife com a participação de técnicos e gestores de
diferentes estados, especialistas e cientistas. Eventos em outros estados estão
sendo organizados para discutir questões pontuais de cada localidade.
Casos
confirmados e incidência (por 100.000 habitantes) do Oropouche, SE 01 à SE 31 e
SE28 a SE31, 2024, Brasil
Fonte_Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário