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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

O trabalho de uma década: relembre como foram os estudos da vacina da dengue do Instituto Butantan

 


A Butantan-DV, vacina da dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan e recém-aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é fruto do trabalho direto de mais de 200 cientistas e colaboradores – uma jornada que teve início em 2009, quando o Brasil enfrentava recordes de dengue. Naquele ano, ao atingir a marca de 1 milhão de casos prováveis e quase 900 mortes, a doença que circulava desde 1980 se consolidou como um agravo de saúde pública no país.

Foi nesse cenário que o Instituto Butantan estabeleceu uma parceria com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, por influência do pesquisador Isaias Raw, que dirigiu o Instituto entre 1991 e 1997 e a Fundação entre 2005 e 2009. O NIH cedeu as quatro cepas atenuadas do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) para que o Butantan desenvolvesse a primeira vacina brasileira contra a doença.

Diferentes formulações, fase 1 e fase 2

Usando uma formulação específica do imunizante, denominada TV003, o NIH conduziu a fase 1 do ensaio clínico nos EUA, entre 2010 e 2012, e avaliou o produto em 113 voluntários saudáveis sem contato prévio com o vírus. Após uma única dose, 90% dos participantes produziram anticorpos contra a dengue, e o imunizante mostrou um bom perfil de segurança. Os resultados foram publicados no The Journal of Infectious Diseases.

Enquanto isso, no Brasil, a equipe do Instituto Butantan trabalhava em sua própria formulação, sob liderança da pesquisadora Neuza Frazatti Gallina, gerente de Desenvolvimento de Processos do Laboratório Piloto de Vacinas Virais. Foram 270 experimentos e 50 tentativas de formulação até chegar ao produto final. Como a vacina precisava ter a mesma concentração de cada sorotipo, e cada cepa perdia diferentes quantidades de partículas virais ao longo do processo produtivo, foi necessário estudar separadamente cada uma delas.

40 anos de Butantan, educadora e mãe de dois: conheça Neuza Frazatti, a cientista brasileira que liderou o desenvolvimento da vacina da dengue

Entre 2013 e 2015, com a formulação brasileira e os resultados positivos da fase 1 dos Estados Unidos em mãos, o Butantan obteve aprovação da Anvisa para seguir para o ensaio clínico de fase 2, que incluiu 300 adultos brasileiros de 18 a 59 anos. Da mesma forma que a versão norte-americana, a vacina do Butantan gerou resposta imune robusta com apenas uma dose. Além disso, se mostrou segura tanto em quem já tinha tido contato com o vírus como naqueles que nunca tiveram a doença. Os resultados foram publicados na The Lancet Infectious Diseases.


A etapa decisiva (The Final Countdown)

Estabelecidas a segurança e a capacidade da Butantan-DV de gerar anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue com apenas uma dose, o estudo caminhou para a fase 3 em 2016. O objetivo agora era avaliar a eficácia do produto, isto é, o quanto de fato ele protegia contra a doença em regiões de alta circulação do vírus.

Para concretizar o ensaio clínico, o Instituto Butantan estruturou uma rede de 16 centros de pesquisa, divididos em 14 estados brasileiros, que assumiram a missão de recrutar 16 mil voluntários de 2 a 59 anos. O Butantan forneceu capacitação aos profissionais de saúde dos centros envolvidos e deu suporte para criar a infraestrutura necessária para abarcar um dos maiores estudos clínicos já feitos no Brasil. 

A pesquisa prosseguiu até que cada um dos participantes completasse cinco anos de acompanhamento – era preciso avaliar a manutenção da resposta imune e da segurança ao longo do tempo.

Em janeiro de 2024, veio a boa notícia: os primeiros resultados da fase 3, referentes a dois anos de seguimento, mostraram uma eficácia geral de 79,6%. Em pessoas que já apresentavam anticorpos para a dengue antes do estudo, a proteção foi de 89,2%; naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus, a eficácia foi de 73,6%. Os dados foram publicados no New England Journal of Medicine. 

A próxima publicação viria em agosto do mesmo ano na The Lancet Infectious Diseases, com dados de uma média de 3,7 anos de acompanhamento, mostrando uma eficácia de 89% contra a dengue grave ou com sinais de alarme. A vacina também se manteve segura e não foram detectadas preocupações adicionais de segurança.


Com os resultados satisfatórios, o Butantan encaminhou à Anvisa o pedido de registro da vacina da dengue em dezembro de 2024, quando entregou a última leva de documentos exigidos pelo órgão regulador.

A aprovação da Butantan-DV para pessoas de 12 a 59 anos, anunciada nesta quarta-feira (26/11), foi embasada nos últimos resultados da fase 3, que contemplam os cinco anos de acompanhamento dos voluntários. Em adolescentes e adultos, os dados apontaram 74,7% de eficácia geral e 91,6% de eficácia contra dengue grave e com sinais de alarme.

A expectativa é que a Butantan-DV seja incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e disponibilizada ao sistema público de saúde em 2026.

20 milhões de casos em 20 anos

O registro da tão aguardada vacina do Butantan vem em um momento marcante, seguido da maior epidemia de dengue da história do Brasil: em 2024, o país atingiu a marca de 6,5 milhões de casos prováveis, quatro vezes mais do que em 2023. Em 2025, até novembro, foram notificados 1,6 milhão de casos prováveis.

A dengue é uma doença que circula no Brasil desde a década de 1980, quando a primeira epidemia foi documentada em Boa Vista (RR). O mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus, se espalhou por todo o país devido ao clima favorável e ao crescimento dos centros urbanos. Entre 2000 e 2024, foram notificados um total de 24 milhões de casos prováveis e 16 mil mortes.

Metade da população mundial vive em risco de contrair o vírus da dengue, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização estima que cerca de 100 milhões a 400 milhões de casos ocorram todos os anos. Embora a infecção possa ser assintomática, existem pacientes que evoluem para a forma grave, que pode causar hemorragia e até a morte sem o tratamento adequado.

Fonte _ Butantan

Vacina da dengue do Instituto Butantan, primeira do mundo em dose única, é aprovada pela Anvisa

 


A Butantan-DV, vacina da dengue do Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, foi aprovada nesta quarta (26/11) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser utilizada na população brasileira de 12 a 59 anos. Com o parecer favorável, o imunizante, que é o primeiro contra dengue em dose única no mundo, deverá ser incluído no Programa Nacional de Imunizações (PNI). O início da vacinação e a faixa etária de aplicação ainda serão definidas pelo Ministério da Saúde. 

Mesmo antes da aprovação, o Instituto Butantan havia dado início à produção do imunizante em seu parque industrial, já tendo mais de um milhão de doses prontas para serem disponibilizadas ao PNI. Além disso, o Butantan fechou uma parceria internacional com a empresa chinesa WuXi para aumentar a produção. O acordo permitirá ampliar a capacidade de fornecimento para entregar aproximadamente 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026. 

“É um feito histórico para a ciência e a saúde do Brasil. Uma doença que nos aflige há décadas agora poderá ser enfrentada com uma arma muito poderosa: a vacina em dose única do Instituto Butantan. Um desenvolvimento feito por cientistas, trabalhadores e voluntários brasileiros que poderá salvar vidas por todo o país”, diz o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás.

Para o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Eleuses Paiva, o imunizante é um dos maiores avanços científicos das últimas décadas. “A produção da vacina da dengue em território paulista demonstra nossa capacidade de liderar o desenvolvimento de biotecnologias estratégicas para o país, reduzindo a dependência de importações e assegurando autonomia na proteção da nossa população”, afirma.


Em 2024, o Brasil registrou 6,5 milhões de casos prováveis de dengue – quatro vezes mais do que em 2023, de acordo com o Ministério da Saúde. Em 2025, até meados de novembro, foram notificados 1,6 milhão de casos prováveis. Desde o começo dos anos 2000, mais de 20 milhões de brasileiros já foram acometidos pela doença.

A aprovação da vacina é sustentada pelos resultados de cinco anos de acompanhamento dos voluntários do ensaio clínico de fase 3 encaminhados à Anvisa. No público de 12 a 59 anos, o imunizante mostrou 74,7% de eficácia geral, 91,6% de eficácia contra dengue grave e com sinais de alarme e 100% de eficácia contra hospitalizações por dengue. O estudo, conduzido entre 2016 e 2024, avaliou a Butantan-DV em mais de 16 mil voluntários residentes de 14 estados brasileiros. Resultados anteriores do acompanhamento de dois e 3,7 anos foram publicados no The New England Journal of Medicine e na The Lancet Infectious Diseases, respectivamente.

Composto pelos quatro sorotipos do vírus da dengue, o imunizante se mostrou seguro e eficaz tanto em pessoas com infecção prévia como naquelas que nunca tiveram contato com o patógeno. A maioria das reações foi leve a moderada, sendo as principais dor e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. Eventos adversos sérios relacionados à vacina foram raros e todas as pessoas se recuperaram.

A vacina da dengue do Instituto Butantan é a primeira que pode ser aplicada em apenas uma dose no mundo, o que tem potencial de facilitar a adesão do público e a logística da campanha. Os benefícios da dose única foram descritos em um relatório publicado por pesquisadores do Reino Unido na Human Vaccines & Immunotherapeutics, em 2018. O estudo apontou que programas de imunização com menos doses estão associados a uma melhor cobertura vacinal e enfrentamento da doença.

Outros públicos

O Instituto Butantan pretende ampliar a faixa etária de vacinação tanto para o público pediátrico quanto para aquele acima de 60 anos. Para isso, já recebeu aprovação da Anvisa para avaliar a vacina da dengue na população de 60 a 79 anos. Se os resultados da pesquisa forem satisfatórios, será possível solicitar à agência reguladora a inclusão desse grupo nas recomendações do imunizante. Além disso, mais dados deverão ser coletados para avaliar a possível inclusão das crianças de 2 a 11 anos nas recomendações da vacina. Os estudos clínicos realizados já comprovaram que a vacina é segura nesta faixa etária.

Fonte _ Butantan

Anvisa conclui estudo técnico para primeira vacina nacional contra a dengue

 


Anvisa apresentou, nesta quarta-feira (26), parecer favorável sobre a segurança e eficácia da vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan. Será o primeiro imunizante 100% nacional para o combate da doença. Com a conclusão desta etapa, o Ministério da Saúde fará a inclusão da vacina no calendário nacional para disponibilização exclusiva pelo SUS. A expectativa é garantir a oferta e ampliar o acesso à vacina em 2026, conforme a capacidade produtiva do laboratório.

Na próxima semana, o Ministério da Saúde levará o tema a um comitê de especialistas e gestores do SUS para definir a estratégia de vacinação e públicos que devem ser priorizados a partir dos resultados do estudo.  “A grande novidade agora é termos uma vacina 100% nacional que nos permitirá definir uma estratégia para todo o país de proteção da nossa população. Esta vacina foi desenvolvida pelo Instituto do Butantan a partir de uma parceria articulada pelo Ministério da Saúde com a empresa chinesa WuXi, fundamental para ampliar a capacidade de produção. Sozinho, o Butantan não teria escala para entregar grandes quantidades, mas a parceria torna isso possível, o que permite que, já no ano que vem, a vacina esteja integrada ao Programa Nacional de Imunizações”, afirmou o ministro da Saúde Alexandre Padilha.

O Ministério da Saúde investe mais de R$ 10 bilhões por ano no Instituto Butantan e, especificamente para a expansão da sua estrutura, incluindo a produção da vacina contra a dengue, são mais de R$ 1,2 bilhão pelo Novo PAC Saúde, com foco na estrutura produtiva. O projeto também conta com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos principais investidores. O Brasil foi o primeiro país a ofertar a vacina no sistema público de saúde.

A pasta distribui vacinas importadas para 2,7 mil municípios. Desde o início da estratégia, mais de 7,4 milhões de doses foram aplicadas no público prioritário para esta vacina. Para 2026, o Ministério da Saúde garantiu 9 milhões de doses da vacina atualmente utilizada, com esquema vacinal que prevê duas aplicações para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Outras 9 milhões de doses estão previstas para 2027.

Avaliação e eficácia

A nova vacina utiliza a tecnologia de vírus vivo atenuado, que é segura e já utilizada em diversas outras vacinas em uso no Brasil e no mundo. A vacina apresentou uma eficácia global de 74,7% contra dengue sintomática na população de 12 a 59 anos. Isso significa que em 74% dos casos a doença foi evitada por conta da vacina.

Também demonstrou 89% de proteção contra as formas graves e com sinais de alarme, conforme publicação na The Lancet Infectious Diseases.

A indicação aprovada é para pessoas na faixa etária de 12 a 59 anos de idade. Este perfil ainda pode ser ampliado no futuro, a depender de novos estudos apresentados pelo fabricante.

Cooperação internacional

O registro da vacina é, também, fruto da cooperação estratégica entre Brasil e China.

Em outubro, durante missão oficial, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitou a empresa WuXi Vaccines, parceira do Instituto Butantan no desenvolvimento e na futura produção em larga escala do imunizante.

A iniciativa fortalece a estratégia brasileira de inovação em imunobiológicos, com transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto. A vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus em dose única, um avanço científico com potencial para transformar o enfrentamento da dengue no país.

Cenário epidemiológico

Mesmo com a redução de 75% nos casos de dengue em 2025, em comparação com 2024, o Ministério da Saúde reforça que o combate ao Aedes aegypti deve continuar em todo o país.

Até outubro deste ano, o Brasil registrou 1,6 milhão de casos prováveis de dengue, representando queda de 75% em relação ao mesmo período de 2024. A maior concentração ocorre em São Paulo (55%), seguido de Minas Gerais (9,8%), Paraná (6,6%), Goiás (5,9%) e Rio Grande do Sul (5,2%).

Em relação aos óbitos, que até outubro somaram 1,6 mil, também houve redução de 72% em comparação ao mesmo período de 2024. São Paulo concentra a maior parte das mortes (64,5%), seguido por Paraná (8,3%), Goiás (5,5%), Rio Grande do Sul (3%) e Minas Gerais (8%).

Fonte _ Saúde.gov

Governo suspende venda de lote do vinagre Castelo por excesso de aditivo e falha no rótulo

 


O governo federal determinou nesta quarta-feira (26) o recolhimento e a suspensão da venda, distribuição e uso do lote 12M2 do vinagre de maçã da marca Castelo.

A decisão, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Diário Oficial da União, constatou duas infrações:

1.  a presença de 340 mg/L do aditivo dióxido de enxofre, quantidade acima da permitida para o vinagre (200 mg/l);

2.  a falta de informação, no rótulo, de que o produto contém aditivos à base de dióxido de enxofre.

Os problemas foram constatados em laudo realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Distrito Federal.

g1 entrou em contato com a Castelo Alimentos sobre a determinação da Anvisa. Assim que a empresa se manifestar, o texto será atualizado.

Fonte _ G1

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Saúde fecha compra de 1,8 milhão de doses da vacina contra vírus sincicial respiratório para proteger gestantes e recém-nascidos no SUS

 


Ministério da Saúde fechou a compra de 1,8 milhão de doses da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador da bronquiolite em recém-nascidos. O primeiro lote, com 673 mil doses, começa a ser distribuído aos estados nesta semana. A vacinação será imediata, a partir do recebimento das doses pelos estados e municípios brasileiros, com expectativa de ser realizada durante todo o mês de dezembro. O investimento é de R$ 1,17 bilhão, conforme anunciado nesta terça-feira (25) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Com a incorporação ao Calendário Nacional de Vacinação da Gestante, o imunizante será aplicado a partir da 28ª semana de gestação, com foco na proteção dos bebês menores de 6 meses. A meta é vacinar, pelo menos 80%, do público-alvo. Além das doses previstas para este ano, o Ministério prevê a compra de mais 4,2 milhões até 2027.

A oferta da vacina no SUS, que na rede particular pode chegar a R$ 1,5 mil, foi possível a partir da assinatura de um acordo envolvendo o Instituto Butantan e o laboratório produtor, que garantiu a transferência de tecnologia do imunizante no Brasil. Com isso, o país passará a fabricar o produto, garantindo autonomia da oferta da vacina e acesso da população a essa proteção.

“O Ministério da Saúde fez uma grande transferência de tecnologia de uma empresa internacional para garantir a oferta dessa vacina, que será totalmente nacionalizada no SUS por meio do Instituto Butantan. A campanha de vacinação começa já em dezembro. Todas as gestantes, a partir da 28ª semana, serão chamadas para receber o imunizante, garantindo proteção ao bebê ainda durante a gravidez”, afirmou o ministro da Saúde Alexandre Padilha.

O anúncio foi realizado durante um café da manhã com lideranças religiosas. Desde que assumiu a gestão da pasta, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tem buscado apoio de diferentes setores da sociedade para o incentivo à vacinação e enfrentamento à hesitação vacinal.

Com a chegada das doses às Unidades Básicas de Saúde (UBS), o Ministério orienta as equipes a verificarem e atualizarem a situação vacinal das gestantes, incluindo influenza e covid-19, uma vez que a vacina contra o VSR pode ser administrada simultaneamente a esses imunizantes.

Importância da vacinação

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é responsável por cerca de 75% dos casos de bronquiolite e 40% dos casos de pneumonia em crianças menores de dois anos. A vacina oferece proteção imediata aos recém-nascidos, reduzindo hospitalizações.

Em 2025, até a 15 de novembro, o Brasil registrou 43,1 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados por VSR. Desses casos, a maior concentração de hospitalizações ocorreu em crianças com menos de dois anos de idade, totalizando mais de 35,5 mil ocorrências, o que representa 82,5% do total de casos de SARG por VSR no período.

Como a maioria dos casos é decorrente de infecção viral, não existe um tratamento específico para a bronquiolite. O manejo é baseado apenas no tratamento dos sinais e sintomas que incluem: terapia de suporte; suplementação de oxigênio, conforme necessário; hidratação; e uso de broncodilatadores, (substâncias que promovem a dilatação das pequenas vias aéreas nos pulmões), especialmente quando há chiados evidentes.

Quem deve se vacinar?

O grupo prioritário para receber essa vacina são todas as gestantes, a partir da 28ª semana de gravidez. Não há restrição de idade para a mãe. A recomendação é tomar dose única a cada nova gestação.

A eficácia dessa estratégia foi comprovada em estudos clínicos, como o Estudo Matisse: a vacinação materna demonstrou uma eficácia de 81,8% na prevenção de doenças respiratórias graves causadas pelo VSR nos bebês durante os primeiros 90 dias (três meses) após o nascimento.

Avanços na cobertura vacinal

Em 2025, o Brasil registrou aumento na cobertura de 15 das 16 vacinas do Calendário Nacional, revertendo a tendência de queda observada desde 2016. Esse avanço resulta da retomada do Programa Nacional de Imunizações (PNI), das grandes mobilizações nacionais, como o Dia D e a vacinação nas escolas, e da garantia de abastecimento de imunizantes em todo o país. Este ano, mais de 1,2 milhão de doses foram aplicadas em estudantes de todo o país a partir de mobilização nas escolas e outras 7 milhões durante a campanha de multivacinação.

Entre os destaques está a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Com o reforço da vacinação, o Brasil recebeu, em 2024, a certificação de país livre do sarampo, título mantido mesmo diante dos surtos nas Américas. Os esforços do Ministério da Saúde para preservar essa condição foram reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2025, a cobertura preliminar da primeira dose já atingiu 91,8%.

Veja a quantidade das primeiras doses que serão distribuídas aos estados

UF

Doses

Acre

3.800

Alagoas

12.430

Amapá

3.460

Amazonas

18.820

Bahia

44.525

Ceará

29.030

Distrito Federal

9.465

Espírito Santo

13.935

Goiás

24.530

Maranhão

25.480

Mato Grosso

15.580

Mato Grosso do Sul

10.755

Minas Gerais

62.165

Pará

33.050

Paraíba

13.570

Paraná

37.120

Pernambuco

30.700

Piauí

11.170

Rio de Janeiro

46.720

Rio Grande do Norte

10.340

Rio Grande do Sul

32.330

Rondônia

6.250

Roraima

3.490

Santa Catarina

25.865

São Paulo

134.555

Sergipe

7.680

Tocantins

6.180

Brasil

673.000

Fonte _ Saúde.gov

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Butantan desmente 10 Fake News sobre a vacina do HPV

 


A vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano) é uma das ferramentas mais importantes que temos para prevenir vários tipos de câncer em homens e mulheres, como os de colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus e orofaringe. Mesmo assim, muitas mentiras e boatos são espalhados sobre ela. 

No Brasil, a vacina é oferecida gratuitamente em dose única pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a faixa etária de 9 a 19 anos. A estratégia foca em proteger os jovens antes do início da vida sexual, período de maior vulnerabilidade à infecção, e na idade em que a resposta imunológica à vacina é mais forte e duradoura.

Além disso, grupos prioritários com condições específicas de saúde, como pessoas imunossuprimidas e vítimas de violência sexual, podem receber a vacina até os 45 anos, seguindo um esquema de doses adaptado, conforme as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

“A vacina serve para proteger crianças e adolescentes antes de iniciarem a atividade sexual, já que o HPV é transmitido durante o contato íntimo e pode causar diversos tipos de câncer”, afirma o pediatra e gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, Mário Bochembuzio.

Em 2019, 620 mil mulheres e 70 mil homens foram diagnosticados com HPV no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2022, mais de 78 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer do colo do útero e mais de 40 mil morreram devido a esta doença na região das Américas, de acordo com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS)

Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima, a cada ano, 17.010 casos e 7.209 óbitos por câncer de colo do útero no Brasil, sendo a terceira causa de morte por câncer em mulheres no país. Já o câncer de pênis representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem brasileiros, sendo mais comum nas regiões Norte e Nordeste, segundo o Ministério da Saúde

Para ajudar no combate às notícias falsas e na promoção da imunização precoce, o médico Mário Bochembuzio responde as 10 principais Fake News sobre a vacina contra o HPV a seguir.

1.              A vacina incentiva o início da atividade sexual.
FALSO.
 Não há qualquer estudo que mostre que jovens vacinados começam a ter relações sexuais mais cedo. Essa suposta correlação não tem qualquer comprovação científica ou estatística. A vacinação é um ato de cuidado com a saúde, e evita casos de câncer e outros problemas de saúde muito graves na juventude ou idade adulta. Como as crianças não têm autonomia para decidir, é importante que os pais entendam que a vacina é uma ferramenta essencial para proteger os filhos de doenças debilitantes e que podem levar a amputações e mortes.

2. A vacina causa câncer. FALSO. É exatamente o oposto: a vacina previne o câncer. O HPV pode causar câncer de colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus e orofaringe. Isso porque o Papilomavírus Humano é um grupo de ao menos 200 vírus diferentes, sendo os tipos 16 e 18 os mais agressivos.  A vacina funciona de maneira inteligente e segura: ela é feita com Partículas Semelhantes ao Vírus (VLPs), que são como "capas" ocas do vírus, sem nenhum material genético dentro. Essas partículas não podem causar infecção nem câncer, mas ensinam o sistema imunológico a reconhecer e destruir o vírus verdadeiro caso a pessoa entre em contato com ele no futuro.

3. A vacina não é segura para crianças e adolescentes. FALSO. A vacina é muito segura para essa faixa etária. Além disso, é exatamente nessa idade (entre 9 e 14 anos) que a resposta do corpo à imunização é melhor. A vacina que está incorporada ao Calendário Nacional de Vacinação desde 2014 e tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprova o uso de medicamentos e imunizantes no Brasil. Em seu documento Janeiro Verde: um alerta sobre a prevenção e a conscientização sobre o câncer de colo do útero, o órgão regulatório afirma que o imunizante é fiscalizado pelas vigilâncias sanitárias locais constantemente para garantir uma vacina segura e eficaz para a população.

4. A vacina do HPV tem muito alumínio e faz mal
FALSO.
 A quantidade de alumínio na vacina é muito pequena e sua composição é validada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Aliás, o alumínio já é usado em muitos imunizantes há décadas como adjuvante – substância adicionada para melhorar a estabilidade do produto, ou seja, o aspecto da fórmula –, mas em quantidades tão pequenas que não faz mal à saúde. Doses pequenas de alumínio, mas maiores do que a utilizada como adjuvante vacinal, são ingeridas cotidianamente em alimentos e na água sem malefícios à saúde humana.

5. Vacina em dose única é menos eficaz.
FALSO.
 Estudos recentes e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já mostraram que uma única dose da vacina oferece uma proteção forte e duradoura. Seguindo essa recomendação, o Ministério da Saúde adotou em 2024 o esquema de dose única para ampliar a vacinação e proteger um número ainda maior de jovens.

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente a vacina contra o HPV para meninas e meninos entre 9 e 19 anos, com esquema de dose única. Outros grupos populacionais também podem se vacinar, como pessoas que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos entre 9 e 45 anos; vítimas de abuso sexual entre 15 e 45 anos que não tenham tomado a vacina; pacientes com papilomatose respiratória recorrente; e usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) com idade entre 15 e 45 anos.

6. O HPV só causa câncer em mulheres, então homens não precisam da vacina
FALSO.
 Homens também são afetados pelo HPV e, por isso, vacinar os meninos protege a saúde deles e de pessoas com quem eles podem se relacionar intimamente no futuro. Um estudo de 2023 publicado na revista The Lancet Global Health mostra que quase um em cada três homens com mais de 15 anos de idade está infectado com pelo menos um tipo de papilomavírus humano (HPV) genital e um em cada cinco está infectado com um ou mais dos tipos de HPV conhecidos como de alto risco ou oncogênicos. O vírus pode causar câncer de pênis, ânus e garganta, além de verrugas genitais. Vacinar os meninos protege a saúde deles e de toda a comunidade.

7. A vacina causa convulsões, problemas neurológicos ou perda de movimentos
FALSO.
 Mais de 15 anos de estudos mostraram que não existe nenhuma ligação entre a vacina do HPV e essas condições. Órgãos de saúde globais confirmam a segurança da vacina por meio de revisões sistemáticas feitas pelo Comitê Consultivo Global para Segurança de Vacinas (GACVS, na sigla em inglês), da OMS, de 2007 a 2015, e depois com atualizações mais recentes. As conclusões mostraram que as vacina contra HPV são seguras e eficazes, com riscos extremamente baixos e benefícios claros na prevenção de câncer. A recomendação global é continuar vacinando as pessoas elegíveis.

8. A vacina causa infertilidade, esterilidade ou menopausa precoce FALSOPelo contrário, a vacina protege a fertilidade, pois previne o câncer de colo do útero que, sim, pode causar infertilidade – assim como a própria infecção por HPV, que pode desempenhar um papel significativo na causa da infertilidade masculina e feminina, segundo um estudo recente publicado na Revista Europeia de Pesquisa Médica.

9. A vacina aumenta o risco de coágulo no sangue (trombose) É FALSO. Estudos rigorosos não encontraram nenhum aumento no risco de trombose (coágulos) em pessoas vacinadas em comparação com as não vacinadas. Um deles foi publicado na prestigiosa revista da Associação Médica Americana (JAMA), em 2014. O estudo avaliou os resultados da aplicação da vacina de HPV em 500 mil mulheres na Dinamarca, mostrando que a vacina não estava relacionada ao aumento de casos de tromboembolismo venoso (TEV) ou coágulo sanguíneo.

10. A vacina causa reação anafilática
É MUITO RARO. Como qualquer vacina, existe um risco muito pequeno de reação alérgica grave (anafilaxia), ficando em torno de 0,65 a 1,53 por milhão de doses aplicada, de acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Por ser uma possibilidade na aplicação de qualquer vacina, os profissionais de saúde são treinados para lidar com essa situação rara e tratável.

Fonte _ Butantan

sábado, 22 de novembro de 2025

Dignidade menstrual: mulheres recebem aviso sobre oferta gratuita de absorventes higiênicos

 


O Governo Federal passa a enviar, a partir desta semana, avisos sobre o Programa Dignidade Menstrual, uma iniciativa que garante a distribuição gratuita e continuada de absorventes higiênicos para cerca de 24 milhões de pessoas beneficiadas.

Têm acesso ao Programa pessoa com idade entre 10 e 49 anos inscrita no CadÚnico, que tenha renda mensal de até R$ 218, ou seja estudante de baixa renda da rede pública, ou esteja em situação de rua.

Para retirar os absorventes gratuitos basta procurar uma farmácia credenciada ao Programa Farmácia Popular e apresentar autorização retirada na UBs mais próxima ou emitida no Meu SUS Digital, além de CPF e documento de identidade com foto.

O envio das mensagens visa divulgar o programa à população, para promover a conscientização sobre a naturalidade do ciclo menstrual e a oferta de absorventes higiênicos.

Fonte _ Saúde.gov

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Comer abacate pode ter impacto no colesterol, mostra pesquisa

 


A polpa cremosa do fruto do abacateiro concentra substâncias benéficas ao organismo, inclusive o coração. Um estudo recém-publicado na revista científica Clinical Nutrition ESPEN reforça o papel desse alimento como aliado da saúde cardiovascular.

Os resultados apontam para uma relação entre o consumo do abacate e a diminuição dos níveis de LDL, o chamado "colesterol ruim", sobretudo em indivíduos com risco cardiovascular elevado. Há evidências, vindas de outras pesquisas, de que manter o equilíbrio das taxas dessa molécula gordurosa ajuda a resguardar as artérias, diminuindo o risco de males como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

"Nosso estudo utilizou um método conhecido como 'umbrella review', que traz uma análise de diversas revisões sistemáticas", comenta um dos autores do trabalho, Vitor Engrácia Valenti, pesquisador do Centro de Revisões Sistemáticas para Saúde Cardiovascular e Metabólica, na Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Marília.

Segundo Valenti, os estudos avaliados também mostram que, em populações com sobrepeso e diabetes tipo 2, o abacate foi associado à redução da insulina em jejum. "O que sugere benefícios metabólicos adicionais", observa. Embora a revisão indique esse potencial do fruto, o artigo menciona limitações, a exemplo da heterogeneidade dos desfechos e das diferentes metodologias aplicadas nos trabalhos.

Mix cardioprotetor

Mas existem muitos indícios de que os compostos encontrados no fruto apresentam efeitos cardioprotetores. Para começar, ele oferece sais minerais como o potássio e o magnésio, dupla com impacto positivo na regulação da pressão arterial. Também apresenta alto teor de ácidos graxos monoinsaturados, ou seja, de gorduras benéficas, especialmente o ácido oleico, o mesmo tipo que faz a fama do azeite de oliva.

"Vale menção aos polifenóis que têm ação antioxidante e anti-inflamatória", destaca a nutricionista Évelin de Carvalho dos Santos, do Einstein Hospital Israelita. Essa junção de componentes melhora a função endotelial, favorecendo a vasodilatação, num mecanismo que blinda as artérias.

Outro grupo é o dos fitosteróis, substâncias com estrutura semelhante ao do colesterol, que acabam disputando para entrar nas células intestinais. Esse processo interfere com a absorção da molécula gordurosa, diminuindo os níveis do LDL.

A polpa contém ainda as fibras solúveis que se ligam aos ácidos biliares - compostos envolvidos na digestão das gorduras -, arrastando-os pelas fezes. Com essa eliminação, há uma necessidade do organismo de repor os tais ácidos, resultando também na redução das taxas de colesterol da circulação.

Do campo ao prato

Nativo da área que engloba o México e uma parte da América Central, o abacateiro tem nome científico Persea americana. Conta-se que era árvore sagrada e entrava em antigos rituais indígenas.

A espécie pertence à família Lauraceae — a mesma do louro usado para temperar o feijão — e suas folhas também exalam um perfume característico. Existem diferentes variedades, desde os grandes, como o Quintal, que é pescoçudo e pode pesar quase um quilo, até os pequeninos, caso do Hass, conhecido como avocado, que tem casca rugosa e escura, passando pelos médios como o Breda, o Margarida e o Ouro Verde.

Ainda que apresentem diferentes consistências, tamanhos e cores, todos são calóricos, por isso, é importante ir devagar com as porções. Não dá para recomendar uma quantidade, tudo vai depender do perfil, do cotidiano e das atividades de cada pessoa.

"Para incluir no dia a dia, a sugestão é manter o equilíbrio, respeitando as preferências", ensina a nutricionista do Einstein. "Uma opção interessante é amassar o abacate até formar uma pastinha e temperar com sal, pimenta e limão." A preparação fica ótima para incrementar torradas, numa versão conhecida como avocado toast, que faz sucesso mundo afora.

Tem também o guacamole, receita clássica mexicana que leva cebola, tomate, limão, coentro e pimenta. Além de servir como petisco nas tortilhas, pode compor saladas ou acompanhar carnes e pescados.

O fruto aparece ainda em sobremesas, em forma de cremes, sorvetes e até coberturas de tortas. Cabe mencionar a tradicional "vitamina", que é a receita do abacate batido no liquidificador com leite e açúcar, muito apreciada no Brasil. Versátil, o fruto pode marcar presença desde cedo, no café da manhã, até o jantar, fica ao gosto do consumidor.

Fonte _ Terra