Oficializado
por lei neste ano (Lei Federal Nº 15.198/2025), o Novembro Roxo, mês de conscientização
sobre a prematuridade, ganha em 2025 o tema “Garanta aos prematuros começos
saudáveis para futuros brilhantes”, um chamado à sociedade para fortalecer
os cuidados e a rede de apoio aos bebês que chegam ao mundo antes do tempo. No
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes
Figueira (IFF/Fiocruz), unidade de referência nacional em saúde
materno-infantil, o mês é marcado por ações que reafirmam a importância do
cuidado integral, da humanização e do trabalho em equipe.
“Sabemos
que a prematuridade é um dos principais fatores de risco para o óbito neonatal.
Quanto menor o peso e a idade gestacional, maiores são os riscos de sequelas e
óbitos”, explica a gestora da Área de Atenção Clínica ao Recém-Nascido do
IFF/Fiocruz, Suyen Villela. “Além de evitarmos os óbitos, temos que focar na
qualidade de vida, no neurodesenvolvimento”, completa.
A
Unidade Neonatal da instituição é composta por leitos de Terapia Intensiva
(UTI), Cuidado Intermediário Convencional (UCINCo) e Cuidado Intermediário
Canguru (UCINCa), além do Ambulatório de Follow Up e do Laboratório de Função
Pulmonar (este último, um diferencial para o acompanhamento da displasia
pulmonar e outras patologias). Essa estrutura integrada, aliada ao
acompanhamento multidisciplinar, permite o progresso contínuo do cuidado e o
empoderamento das famílias.
“Procuramos manter não só a saúde dos pacientes, como também a do trabalhador. Para o sucesso do cuidado (obter bons resultados), é preciso manter o equilíbrio entre estrutura e processos. Sem o trabalho de equipe, fica muito difícil avançarmos”, destaca Suyen. A neonatologista lembra ainda que o IFF/Fiocruz atua alinhado à Estratégia QualiNEO, voltada à redução da morbimortalidade materna e neonatal, e segue os 20 Passos para o Cuidado Obstétrico e Neonatal, que orientam boas práticas em todo o país.
Humanização
e vínculo: pilares do cuidado neonatal
Na
prática diária, o Instituto adota diversas estratégias para fortalecer o
vínculo entre os bebês prematuros e suas famílias. “Estimulamos a presença da
família na Unidade Neonatal durante as 24 horas, incentivando o toque, o colo e
a participação em cuidados como troca de fraldas, banho e amamentação”, explica
a enfermeira Karla Pontes, também gestora da área de Atenção ao Recém-nascido
do IFF/Fiocruz.
“Estabelecemos
uma comunicação clara entre equipe e família, com o objetivo de reduzir a
ansiedade e aumentar a confiança dos pais no cuidado com o bebê”, ressalta
Karla. “Também realizamos rodas de conversa com a equipe multiprofissional e os
familiares, promovendo uma troca mútua de experiências”.
A UCINCa, onde mãe e bebê permanecem juntos, e o alojamento para nutrizes são exemplos concretos do compromisso da instituição com o modelo de cuidado centrado na família, um diferencial reconhecido nacionalmente.
Pesquisa,
formação e disseminação de boas práticas
Como
órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS) desde 2010, o IFF/Fiocruz atua na
formulação, coordenação e avaliação de políticas e práticas integradas para a
saúde da mulher, da criança e do adolescente. Entre as contribuições ao Sistema
Único de Saúde (SUS), destacam-se o Banco de Leite Humano (BLH), coordenado
pela Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (rBLH-Fiocruz) e promove a
amamentação em todo o país, e o Portal de Boas Práticas, que dissemina
conhecimento baseado em evidências científicas.
“A
Estratégia QualiNEO, desenvolvida em parceria com o MS, formou 300 enfermeiros
especialistas em Enfermagem Neonatal nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, fortalecendo a qualificação do cuidado neonatal em todo o
território brasileiro”, explica Karla Pontes.
Em
2024, uma nova parceria resultou na cooperação entre a Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (EBSERH) e o IFF/Fiocruz estabelecida em 25 hospitais
universitários federais, com foco na implementação dos 20 Passos do Cuidado
Obstétrico e Neonatal com o intuito de reduzir as taxas de mortalidade e
aprimorar a atenção ao recém-nascido e sua família.
Prevenção
e equidade: desafios permanentes
Segundo
Karla Pontes, reduzir a prematuridade também exige atenção aos determinantes
sociais e à ampliação do acesso ao pré-natal. “Devemos visar a prevenção
através da oferta de cuidados pré-natais de qualidade, planejamento familiar,
controle de doenças crônicas, vacinação e apoio social e emocional às
gestantes”, reforça. “Outro ponto importante é o uso de tecnologias como
aplicativos e telemedicina para melhorar o acesso, especialmente entre
populações em situação de vulnerabilidade”, conclui.
Fonte _ FioCruz



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