A
gonorreia, uma IST (infecção sexualmente transmissível), está se tornando cada
vez mais resistente a antibióticos, alertou a OMS (Organização Mundial da Saúde) na
quarta-feira (19), com base nos dados do Programa Ampliado de Vigilância
Antimicrobiana da Gonorreia (EGASP, na sigla em inglês).
O
relatório, que monitora a disseminação da doença e sua resitência a
medicamentos, mostrou que, entre 2022 e 2024, a resistência à ceftriaxona e à
cefixima —principais antibióticos usados para tratar a IST— aumentou de 0,8%
para 5% e de 1,7% para 11%, respectivamente, com cepas resistentes detectadas
em mais países.
Já a
resistência à azitromicina permaneceu estável em 4%. Camboja e Vietnã
registraram as maiores taxas de resistência.
A
divulgação dos dados coincide com a Semana Mundial de Conscientização sobre a
Resistência Antimicrobiana, um esforço da OMS em conscientizar a respeito de
infecções resistentes a medicamentos.
O
EGASP, lançado pela organização em 2015, coleta dados laboratoriais e clínicos
de países em cinco regiões do mundo para monitorar a resistência medicamentosa
e orientar as diretrizes de tratamento.
Em
2024, o EGASP recebeu dados de 12 países —Brasil, Camboja, Índia, Indonésia,
Malawi, Filipinas, Catar, África do Sul, Suécia, Tailândia, Uganda e Vietnã—,
que reportaram um total de 3.615 casos de gonorreia.
Em
2022, apenas quatro países enviaram informações. De acordo com a organização, o
aumento da participação indica maior comprometimento dos países em acompanhar e
controlar essas infecções.
Mais
da metade dos casos sintomáticos em homens (52%) ocorreram na região denominada
Pacífico Ocidental pela OMS, especialmente nas Filipinas (28%), Vietnã (12%),
Camboja (9%) e Indonésia (3%).
Na
sequência vêm a região Africana, com 28% dos casos; Sudeste Asiático (13%, com
destaque para a Tailândia); Mediterrâneo Oriental (4%, especialmente Catar); e
Américas (2%, com destaque para o Brasil).
A
idade média dos pacientes foi de 27 anos, variando entre 12 e 94 anos. Entre os
infectados, 20% eram homens que fazem sexo com
homens, e 42% relataram múltiplos parceiros sexuais nos últimos 30 dias.
Apesar
dos esforços para o monitoramento, a OMS afirma que o EGASP tem recursos
financeiros insuficientes e relatórios incompletos. Diz, ainda, que faltam
dados sobre mulheres e infecções em locais fora dos órgãos genitais.
Segundo
o relatório, é necessário realizar investimento imediato, especialmente nos
sistemas nacionais de vigilância, para manter e ampliar o monitoramento global
da resistência da gonorreia aos antibióticos, melhorar a capacidade de
diagnóstico e garantir acesso equitativo a novos tratamentos para ISTs.
"Este
esforço global é essencial para rastrear, prevenir e responder à gonorreia
resistente a medicamentos e para proteger a saúde pública em todo o
mundo", disse Tereza Kasaeva, diretora do departamento de HIV,
Tuberculose, Hepatite e ISTs da OMS, em comunicado.
"A
OMS apela a todos os países para que abordem os níveis crescentes de ISTs e
integrem a vigilância da gonorreia nos programas nacionais de combate",
acrescentou.
Fonte _ Folha
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