A
vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano) é uma das ferramentas mais
importantes que temos para prevenir vários tipos de câncer em homens e
mulheres, como os de colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus e orofaringe.
Mesmo assim, muitas mentiras e boatos são espalhados sobre ela.
No
Brasil, a vacina é oferecida gratuitamente em dose única pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) para a faixa etária de 9 a 19 anos. A
estratégia foca em proteger os jovens antes do início da vida sexual, período
de maior vulnerabilidade à infecção, e na idade em que a resposta imunológica à
vacina é mais forte e duradoura.
Além
disso, grupos prioritários com condições específicas de saúde, como pessoas
imunossuprimidas e vítimas de violência sexual, podem receber a vacina até os
45 anos, seguindo um esquema de doses adaptado, conforme as diretrizes do
Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“A
vacina serve para proteger crianças e adolescentes antes de iniciarem a
atividade sexual, já que o HPV é transmitido durante o contato íntimo e pode
causar diversos tipos de câncer”, afirma o pediatra e gestor médico de
Desenvolvimento Clínico do Butantan, Mário Bochembuzio.
Em
2019, 620 mil mulheres e 70 mil homens foram diagnosticados com HPV no mundo,
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2022, mais de 78
mil mulheres foram diagnosticadas com câncer do colo do útero e mais de 40 mil
morreram devido a esta doença na região das Américas, de acordo com a Organização
Panamericana da Saúde (OPAS).
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima, a cada
ano, 17.010 casos e 7.209 óbitos por câncer de colo do útero no Brasil, sendo a
terceira causa de morte por câncer em mulheres no país. Já o câncer de pênis
representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem brasileiros, sendo mais
comum nas regiões Norte e Nordeste, segundo o Ministério da Saúde.
Para
ajudar no combate às notícias falsas e na promoção da imunização precoce, o
médico Mário Bochembuzio responde as 10 principais Fake News sobre a vacina
contra o HPV a seguir.
1.
A vacina incentiva o início da atividade sexual.
FALSO. Não há qualquer estudo que mostre que jovens vacinados começam
a ter relações sexuais mais cedo. Essa suposta correlação não tem
qualquer comprovação científica ou estatística. A vacinação é um ato de cuidado
com a saúde, e evita casos de câncer e outros problemas de saúde muito graves
na juventude ou idade adulta. Como as crianças não têm autonomia para decidir,
é importante que os pais entendam que a vacina é uma ferramenta essencial para
proteger os filhos de doenças debilitantes e que podem levar a amputações e
mortes.
2.
A vacina causa câncer. FALSO. É
exatamente o oposto: a vacina previne o câncer. O HPV pode
causar câncer de colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus e orofaringe. Isso
porque o Papilomavírus Humano é um grupo de ao menos 200 vírus diferentes,
sendo os tipos 16 e 18 os mais agressivos. A vacina funciona de maneira
inteligente e segura: ela é feita com Partículas Semelhantes ao Vírus (VLPs),
que são como "capas" ocas do vírus, sem nenhum material genético
dentro. Essas partículas não podem causar infecção nem câncer, mas ensinam o
sistema imunológico a reconhecer e destruir o vírus verdadeiro caso a pessoa
entre em contato com ele no futuro.
3.
A vacina não é segura para crianças e adolescentes. FALSO. A vacina é muito segura para essa faixa etária.
Além disso, é exatamente nessa idade (entre 9 e 14 anos) que a resposta do
corpo à imunização é melhor. A vacina que está incorporada ao Calendário
Nacional de Vacinação desde 2014 e tem registro na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprova o uso de medicamentos e imunizantes
no Brasil. Em seu documento Janeiro Verde: um alerta sobre a prevenção e a conscientização
sobre o câncer de colo do útero, o órgão regulatório afirma que o
imunizante é fiscalizado pelas vigilâncias sanitárias locais constantemente
para garantir uma vacina segura e eficaz para a população.
4.
A vacina do HPV tem muito alumínio e faz mal
FALSO. A quantidade de alumínio na vacina é muito pequena e sua
composição é validada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Aliás, o alumínio já é usado em muitos imunizantes há décadas como adjuvante – substância adicionada para melhorar a
estabilidade do produto, ou seja, o aspecto da fórmula –, mas em quantidades
tão pequenas que não faz mal à saúde. Doses pequenas de alumínio, mas maiores
do que a utilizada como adjuvante vacinal, são ingeridas cotidianamente em
alimentos e na água sem malefícios à saúde humana.
5.
Vacina em dose única é menos eficaz.
FALSO. Estudos
recentes e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já mostraram
que uma única dose da vacina oferece uma proteção forte e duradoura. Seguindo
essa recomendação, o Ministério da Saúde adotou em 2024 o esquema de
dose única para ampliar a vacinação e proteger um número ainda maior de jovens.
O
Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente a vacina contra o HPV
para meninas e meninos entre 9 e 19 anos, com esquema de dose única. Outros
grupos populacionais também podem se vacinar, como pessoas que vivem com HIV,
transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos
entre 9 e 45 anos; vítimas de abuso sexual entre 15 e 45 anos que não tenham
tomado a vacina; pacientes com papilomatose respiratória recorrente; e usuários
de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) com idade entre 15 e 45 anos.
6.
O HPV só causa câncer em mulheres, então homens não precisam da vacina
FALSO. Homens também são afetados pelo HPV e, por isso, vacinar
os meninos protege a saúde deles e de pessoas com quem eles podem se relacionar
intimamente no futuro. Um estudo de 2023 publicado na
revista The Lancet Global Health mostra que quase um em
cada três homens com mais de 15 anos de idade está infectado com pelo menos um
tipo de papilomavírus humano (HPV) genital e um em cada
cinco está infectado com um ou mais dos tipos de HPV conhecidos como de alto
risco ou oncogênicos. O vírus pode causar câncer de pênis, ânus e garganta,
além de verrugas genitais. Vacinar os meninos protege a saúde deles e de toda a
comunidade.
7.
A vacina causa convulsões, problemas neurológicos ou perda de movimentos
FALSO. Mais de 15 anos de estudos mostraram que não existe
nenhuma ligação entre a vacina do HPV e essas condições. Órgãos
de saúde globais confirmam a segurança da vacina por meio de revisões
sistemáticas feitas pelo Comitê Consultivo Global para Segurança de Vacinas (GACVS,
na sigla em inglês), da OMS, de 2007 a 2015, e depois com atualizações mais
recentes. As conclusões mostraram que as vacina contra HPV são seguras e
eficazes, com riscos extremamente baixos e benefícios claros na prevenção de
câncer. A recomendação global é continuar vacinando as pessoas elegíveis.
8.
A vacina causa infertilidade, esterilidade ou menopausa precoce FALSO. Pelo contrário, a vacina protege a fertilidade, pois
previne o câncer de colo do útero que, sim, pode causar infertilidade – assim como a
própria infecção por HPV, que pode desempenhar um papel significativo na causa
da infertilidade masculina e feminina, segundo um estudo recente publicado
na Revista Europeia de Pesquisa Médica.
9.
A vacina aumenta o risco de coágulo no sangue (trombose) É FALSO. Estudos rigorosos não encontraram nenhum aumento no risco
de trombose (coágulos) em pessoas vacinadas em comparação com as não vacinadas.
Um deles foi publicado na prestigiosa revista da Associação
Médica Americana (JAMA), em 2014. O estudo avaliou os resultados da
aplicação da vacina de HPV em 500 mil mulheres na Dinamarca, mostrando que a
vacina não estava relacionada ao aumento de casos de tromboembolismo venoso
(TEV) ou coágulo sanguíneo.
10.
A vacina causa reação anafilática
É MUITO RARO. Como
qualquer vacina, existe um risco muito pequeno de reação alérgica grave
(anafilaxia), ficando em torno de 0,65 a 1,53 por milhão de
doses aplicada, de acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Por ser
uma possibilidade na aplicação de qualquer vacina, os profissionais de saúde
são treinados para lidar com essa situação rara e tratável.
Fonte _ Butantan
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