Seria
o fim da contagem de copos de água? De acordo com um grupo de mais de 90
pesquisadores, o ser humano não
precisa necessariamente beber oito copos de água (aproximadamente dois
litros) por dia.
Um
grande estudo divulgado recentemente pela revista Science garante que
o consumo diário de líquido é determinado por diversos fatores individuais,
como idade, sexo e condição física, e fatores externos, como umidade relativa
do ar, temperatura e até mesmo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da
região.
A
pesquisa foi realizada com mais de 5.600 pessoas de 23 países, com idades entre
8 dias e 96 anos e com uma média de consumo diário de água de 1 a 6 litros.
Os
participantes receberam 100 ml de "água duplamente marcada", ou seja,
ingeriram água contendo isótopos rastreáveis de hidrogênio e oxigênio. Isótopos
são átomos de um único elemento que têm pesos atômicos ligeiramente diferentes,
tornando-os distinguíveis de outros átomos do mesmo elemento em uma amostra.
"Se
você medir a taxa de eliminação desses isótopos estáveis através da urina ao
longo de uma semana, o isótopo de hidrogênio pode revelar quanta água está
sendo substituída, e a eliminação do isótopo de oxigênio mostra quantas
calorias estão sendo queimadas", explica Dale Schoeller, coautor do
estudo.
NÃO
EXISTE "QUANTIDADE ÚNICA"
Apesar
de a água
ser essencial para a sobrevivência, uma em cada três pessoas em todo o
mundo não tem acesso a água potável.
Depois
de revisar os resultados, os cientistas concluíram que há diversas variáveis
quando o assunto é a ingestão
diária ideal de água.
"O
estudo atual não indica claramente que existe uma única diretriz no que diz
respeito à quantidade de água potável a ser consumida. E a sugestão popular de
que deveríamos beber oito copos de água por dia não está respaldada por provas
objetivas", explicam os pesquisadores.
Eles
compararam fatores ambientais como temperatura, umidade e altitude das cidades
de origem ao volume de água medido, gasto de energia, massa corporal, sexo,
idade e condicionamento físico.
O
volume de rotatividade da água atingiu o pico para homens por volta dos 20
anos, enquanto as mulheres mantiveram um platô dos 20 aos 55 anos de idade. Já
os recém-nascidos apresentaram a maior proporção diária, repondo cerca de 28%
da água corporal todos os dias.
Em
condições exatamente iguais, homens e mulheres diferem em cerca de meio litro
de água. Um atleta de 20 anos do sexo masculino que pesa 70 quilos e mora
próximo ao mar com uma umidade relativa do ar de 50% e temperatura de 10°C, tem
uma rotatividade de cerca de 3,2 litros de água por dia.
Uma
mulher que não seja atleta, com a mesma idade e vivendo nas mesmas condições,
terá um volume de rotatividade de cerca de 2,7 litros por dia.
CONDIÇÃO
FÍSICA E FATORES AMBIENTAIS TAMBÉM CONTAM
Os
níveis de atividade e condicionamento físicos explicaram a maior proporção de
diferenças na rotatividade da água, seguidos por sexo, Índice de
Desenvolvimento Humano e idade.
"É
uma combinação de vários fatores", afirma Schoeller. "Pessoas em
países com IDH baixo têm maior probabilidade de viver em áreas com temperaturas
médias mais altas e de realizar trabalhos braçais, e menos probabilidade de
estar dentro de um edifício climatizado durante o dia. Esses fatores, além de
ser menos provável ter acesso à água potável sempre que precisar, aumentam a
rotatividade de água."
Em
linhas gerais, os pesquisadores concluíram que quanto menor é o Índice de
Desenvolvimento Humano do país de origem, maior é a rotatividade de água no
corpo.
"Determinar
a quantidade de água consumida pelos humanos é cada vez mais importante devido
ao crescimento populacional e às mudanças climáticas", explica Yosuke
Yamada, um dos pesquisadores do estudo. "Como a rotatividade da água está
relacionada a outros indicadores importantes de saúde, como atividade física e
percentual de gordura corporal, ela tem potencial para ser um biomarcador para
a saúde metabólica".
Fonte_Folha
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